Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Ano velho. Ano novo.


Ontem, ao vir um filme sobre a vida de Cristo, aprendi mais um pouco sobre relações humanas, que passado dois mil anos está tão atual como nessa época distante, em que o poder político e económico serve-se de todas as artimanhas para levar por diante suas intenções, nem que seja à custa de sacrificar uns quantos.
Para descansar algumas almas irritadas, esclareço que um poder, qualquer que seja, deve existir, pelo que a forma como ele é exercício é que está em causa.
Até hoje, não consegui perceber qual o crime que Cristo cometeu, e lembro-me de outros supostos crimes que ceifaram vidas inocentes do mesmo modo, sem que possa ser compreensível tamanho derrame de sangue.
Tal como os políticos de hoje, os de ontem, e de sempre, claro que existem exceções, são os maiores defensores da Igreja, sem que esta consiga desgrudar-se dos vendilhões do templo, maldando às malvas os ensinamentos de Cristo, que cada vez mais serve de figura decorativa das classes dominantes, e daqueles que um dia aspiram a ter algum poder.
Cristo negou-se a ser contra poder, e esse fenómeno até aos dias de hoje continua a ser mal compreendido, em que as ovelhas estão divididas entre os que o possuem, e os outros, que o pretendem alcançar.
As coisas vão bem no reino dos Céus, enquanto na terra reina a maior confusão doutrinária, em que se venera o Pai, mas muitos poucos cumprem suas leis, em que a perversão cada vez mais se instala entre os homens.
Não sei porque muitos se irritam perante esta evidência , como se evocar o nome de Cristo ou de Deus bastasse para curar todas as feridas, qual medicamento milagroso a que todos os homens têm acesso para curar suas lepras.
Não é preciso ser Cristo, muito menos Deus, como alguns desejam, mas será necessária uma prática de acordo com a teoria, e nesse aspecto deixamos muito a desejar.
Os submissos, Pedro que negou Cristo, e Judas que o entregou, são a prova que a lei de Deus lhes bateu à porta, mas não se deixaram impregnar por ela, em que o poder da auto preservação de suas vidas falaram mais alto.
Ora, o medo da morte, da perda, por vezes das coisas mais insignificantes, do bem estar, prende o homem, tornando-o submisso, delas reclamando sem saber como sair dessa situação, em que a vida e o sentido de sua vida estão quase sempre presas a bens materiais, embora possa falar e crer no divino.
O não desejo de ser assim, empurra o homem para o desejo de ser diferente, mas a realidade nos diz, que o sentimento de posse exacerbado aflora e estraga a festa, em que o arrependimento e a penitencia parecem não ser suficientes para o colocar no caminho de Deus.
A verdade, meus amigos, e que nós temos o péssimo hábito de falar muito daquilo que nos aflige, que temos alguma dificuldade em ter nos corações.
Nada irá mudar no novo ano, e se algo acontecer, será pela transformação interior de cada um.
Um abraço a todos.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Psicanálise, clínica e as faces do desejo



Analizzare – Centro de Estudo e Pesquisa em Psicologia e Psicanálise

Psicanálise, clínica, e as faces do desejo.

   É meu desejo, o desejo que não desejo. É justamente a partir do não desejo, que surge o desejo em psicanálise, dado que toda a organização biológica e psíquica se pauta pelo princípio da satisfação e prazer, em que o desejo do psicanalista se torna irrelevante, face ao desejo do paciente. O desejo sucumbe com a realização, e a análise já não tem razão para existir, quando o analisando encontra o bem estar interior. A negação desaparece, porque vencida a resistência se deixou invadir por um outro desejo, ignorando o não desejo. Falar de desejos conscientes como última etapa de um percurso psíquico, é não enxergar, e tentar ocultar outros desejos que se tornaram inconscientes, que se revelam apenas como sentido.
    Não parece que exista contradição, mas antes, a tentativa de afirmação de desejos conscientes e inconscientes, que coexistem no interior do mesmo sistema psíquico, que não se anulam, nem se contradizem, em que a diferença de potencial entre ambos tende a revelar um em detrimento do outro. Não existe a falta do desejo, mas apenas a sua não realização, tantas vezes por impossibilidade devido à ausência do objeto que permita realizar seu desejo, constituindo-se em obsessão, quando existe o não desejo, que é desejo do sujeito, em não desgrudar-se do objeto, mesmo que esteja morto. O sujeito não possui o desejo de encontrar um elemento substitutivo, permanecendo a energia ligada ao objeto perdido, pelo que o deslocamento da energia fica por fazer, negando por isso outros desejos, que se transformam em não desejos. A aparente falta de desejos que observamos em determinadas pessoas, que podemos perceber cada vez mais na análise, é proveniente de uma uniformização de determinado campo de ação, que para além dele nada pode ser desejado, em virtude do desejo estar circunscrito, lhe negando na formação infantil a experiência de outros desejos.
    O desejo inconsciente é interior, agregado ao próprio corpo, tornando-se em afirmação do Eu, que um desejo consciente, derivado de fora, tenta aniquilar, em que o conflito não se faz esperar, entre desejos e não desejos. Podemos avaliar, embora sem exatidão, se tal desejo pode ser preenchido, daí o vazio, ou se, simplesmente o sujeito através da análise transforma tal desejo, em não desejo, porque de outros desejos é possuído. Parece ser justamente a interposição de outras formas de percepção, quando incorporadas, ou de outras formas de sentir, como terceiro elemento, que pode dissolver o conflito, ou o aliviar, que pode levar a uma distribuição da energia do corpo segundo um novo processo adotado.   Tal processo tende a destruir o quadro ambivalente, em que os aspetos valorativos são conferidos por esse terceiro elemento, então incorporado, em que já não está em causa a ambivalência, afirmação e negação, transformando-se em probabilidades valorativas. Com a incorporação desse terceiro elemento foram desfeitos esses dois polos extremados, cuja valorização perdeu sua intensidade, apresentando agora a distribuição de energia uma outra configuração.
    Estamos a falar de forças interiores, como seja, a da vontade, que se expressa de forma primária por uma necessidade ou desejo, atingindo uma rede complexa evolutiva, cuja tendência será perder de vista o desejo original, de cuja força depende o não desejo, como causa da possível patologia. Significa, que um não desejo, tanto serve à cadeia evolutiva normal de um complexo, como pode provocar algumas alterações, que uma vez sentidas de forma intensa pelo corpo, derivam em agressividade excessiva, violência e destruição dos outros, ou de si mesmo, revelando-se, por isso, patológica.
    O psicanalista procura o terceiro elemento, que possa servir de mediador, e o revela ao sujeito, mas não é garantia, de o transformar em desejo de seu desejo, porque de outros desejos pode ser possuído. Ele saberá melhor que ninguém quais os seus desejos, existindo, porém, algum fator que impede o sujeito em sua realização, devido a uma incapacidade própria de potencializar seus desejos, face à pressão de outros desejos. O desejo de reparação, de reparar alguma coisa, desejos voluptuosos perturbadores, por isso, não permitidos, desejos sexuais com crianças, desejos recalcados por lembranças infantis, desejos sexuais e aversões adormecidas no coração, desejos realizados através dos sonhos, nos dizem da complexidade de desejos e não desejos, que impedem a livre circulação da energia de um corpo, interrompendo seu movimento livre, ou até mesmo o bloqueando.
    A teoria de Freud nasceu da percepção dessa impossibilidade do desejo em realizar-se, cuja resposta é física e química, uma vez o psíquico grudado a desejos julgados pelo sujeito, como impossíveis de serem realizados. A liberdade de movimento de um corpo é colocada em causa, em que o sintoma apresenta a particularidade de isolar, o que não se pretende que afete o todo, sendo esta uma forma de preservação inscrita na própria lei da natureza. Porém, a parte afetada causa algum incomodo, daí o transtorno, em que o corpo encontra-se fragmentado, esperando reparação, que só pode dar-se através da realização de desejos, que uma vez não conseguida, pode realizar-se através da fantasia, e da realização virtual através dos sonhos. Detectar as inibições, e onde estão agregadas, pode ser um caminho, mas ainda insuficiente para libertar o desejo, dado que elas podem estar associadas a outros desejos, que possam ter um grau de valorização superior.
     Não existe dinâmica psíquica perante as necessidades de um corpo, pelo que ela só se faz sentir quando o fator inibição se interpõe entre a vontade de um corpo, e uma vontade exterior a si mesmo, o impedindo de realizar seus desejos. Por isso, não é o interdito que está na base do desejo, dado que este é promovido através da alucinação, que possui uma evolução própria, o que nos é dado a observar é que ele se torna mais intenso, a partir da negação de sua realização. Este será o verdadeiro quebra cabeças, não só de toda a análise, como também da forma de conduzir a formação infantil, tentando encontrar outras maneiras de conduzir todo o processo evolutivo da criança, sem a transformar num não desejo interior.
     Por último, gostaríamos de salientar, que toda a vida psíquica depende da uma relação objetal primária, formando um mundo de emoções, sensações e sentimentos, que uma vez incorporados, se transformam em desejos mais ou menos intensos.
Por outro lado, sabemos bem, que sem essa relação com os objetos exteriores não existiriam formas de vida, pelo que o experimento é condição natural de qualquer ser vivo. Será essa intensidade sentida de forma exagerada no corpo, responsável pela obsessão desejante, cuja energia ligada forma um elo de difícil remoção. Não deseja, nem deixa de desejar quem quer, dado que o desejo incorporado é sentido interiormente, e tende a refletir-se no exterior. Somos a salientar a importância da pulsão de vida relativamente à pulsão de morte, em que esta será o não desejo, que tende a impulsionar o desejo.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Neurobiologia e psicanálise

ALCANCES E LIMITES DA NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS. Lima, Orion Ferreira. Mestre em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UNESP - campus de Marília. 

¨observar as emoções e os sentimentos não devem ser vistos como entidades metafísicas ou desencarnadas do corpo, mas requerem um estudo aprofundado dos mecanismos biológicos envolvidos, bem como uma análise séria de sua fenomenologia, vista aqui não como substância imaterial ou etérea, mas como entidades relacionadas ao organismo vivo¨

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Neurobiologia - Lendo António Damásio

António Damásio coloca a questão, se as emoções podem determinar, ou influenciar a tomada de decisões racionais. Na realidade, vamos encontrar aqui, uma das divergências, quanto á forma de tratar o assunto através da filosofia e da psicanálise.
Somos levados a pensar, que perante a ausência de formação da mente um corpo é capaz de estar na vida, e tomar decisões. Assim, o que devemos entender por racional, foi desvirtuado pela filosofia tradicionalista, que fez história e incorporou o pensamento humano durante séculos.
Até há pouco tempo, os pensadores afirmavam que só o homem era racional.
A neurobiologia nos vem dizer, que existe uma evolução do complexo cerebral, em que o antigo e o moderno não se anulam, mas apenas se articulam, coexistem, como continuidade de uma função primária.
Mais, nos vem dizer que existe uma organização própria do cérebro, que apresenta qualidades inatas, ou pré-organizadas, que não carecem, e até mesmo não admitem a intervenção do homem, porque é da própria natureza do corpo, que por sua vez gera movimentos involuntários no corpo, sobre os quais o indivíduo não tem controle algum.
É esta ideia de corpo sem mente, que parece ainda hoje ser mal compreendida, e por isso, recusada, por julgar um ser humano como acéfalo, quando na realidade apenas corresponde a um estado primário de evolução de cada ser humano.
Um cachorro, que a maioria entende que não é racional, possui vida e sabe muito bem mover-se na realidade que lhe é presente. A verdade é que perante a ausência do rácio \ racional, que é capaz de perceber as diferenças entre o mundo interno e externo, nenhum ser vivo conseguiria sobreviver.
Insistir nesse tipo de verbalização perante aqueles que desejam dedicar-se ao estudo e investigação da relação entre humanos, sem primeiro o entendimento do que pode ser considerado racional, diferente do princípio de racionalidade, os encaminha para um beco sem saída, onde só a consciência é admitida, mesmo ignorando se ela existe, ou de que forma a podemos entender.
Desprezar o estudo de princípios básicos da organização dos seres vivos, leva á exclusão de um princípio de continuidade, tentando colocar na cadeia evolutiva, o que ele não permite, resultando em consequências imprevisíveis.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cursos psicanálise Analizzare

Curso de formação em psicanálise clínica
Aula inaugural – 09.DEZ.2012 – 10 horas

Pagamento de inscrição valor 180 Reais – Cheque pré datado para 30 Dezembro. 2012
Cheque com data posterior 190 reais.
Mensalidade 250 Reais a pagar no primeiro seminário de cada mês. (Janeiro).
Reajuste do valor da mensalidade ao fim de cada ano com base na variação nominal do IGP-M
Curso - 24 seminários versando os princípios teóricos de Freud e seu desenvolvimento.
12 seminários versando a transferência.
12 Seminários sobre a problemática da psicopatologia.
Grupo de estudo – Com data a ser designada posteriormente ao seminário, sendo realizado no Sábado, ou Domingo.
Para cada seminário será indicado um filme alusivo ao tema tratado.
A diretoria pretende que o futuro psicanalista, em face da realidade vivida no filme, faça a associação com a matéria desenvolvida em seminário.
Aos inscritos será fornecida a grade do curso.
Se por qualquer motivo não for possível aos interessados estarem presentes na aula inaugural, poderão contatar pelo Cél:
(37) 9108 5951 - João António Fernandes
E-mail – Analizzarediv@yahoo.com.br

domingo, 2 de dezembro de 2012

Realidade e frustração


Suspeito sempre, não da verdade, mas das pessoas e instituições que dizem ser a verdade.
Se os pais e a sociedade não foram capazes de ensinar as criancinhas, nós temos essa pretensão de o fazer, afirmam algumas pessoas e instituições privadas.
Ensinar ao homem a conhecer a si mesmo.
Ensinar ao homem o mundo mental que o rodeia.
Ensinar a compreender e a amar.
Conheça o nosso programa, porque nós temos a resposta para alcançar a felicidade.
Estamos perante a ¨evangelização da educação de massas¨, que é também uma forma ideológica, desta feita educacional, sendo um ideal construído por alguns, como forma de combater outros, tentando subverter o indivíduo e a sociedade através da verbalização, cuja tentativa será tomar o seu lugar.
Porém, todos esbarram com uma impossibilidade, que apresenta poucas condições de serem ultrapassadas, que consiste no simples fato de a maioria das pessoas não aceitar serem reeducadas, apesar de concordarem com as palavras bonitas que todos os dias podemos enxergar em alguns meios da comunicação audiovisual.
Muito embora possa reconhecer o esforço dessas pessoas e instituições para criar um clima de paz e amor entre os homens, elas apenas engrossam as fileiras de um exército, que tenta combater o outro, criando desse modo uma clivagem, cada vez mais profunda entre duas tendências, que só pode resultar em guerra.
A suposta verdade de uns terá que enfrentar a suposta verdade de outros.
E aqui, damos conta de uma realidade, desta feita relacional, que ignora a verdade dos homens, geradora de conflitos e guerras, que todos eles, de forma inconsciente, ajudaram a criar.
Se procura a felicidade, nós temos a resposta, afirmam eles.
Por este andar, um dia podemos ver nos supermercados pacotinhos de felicidade á venda.
Os negativistas, por outro lado, nos dizem que felicidade não existe, mas apenas momentos de felicidade, o que não deixa de ser verdadeiro, sendo logo aproveitado por todos aqueles em que o sacrifício, a dor e o sofrimento é que pode levar à felicidade.
Ou seja, primeiro devemos ser reprimidos, levar pancada para ascender ao reino da bondade, e, por conseguinte, ter acesso à felicidade.
No fundo, parece que todos nós sabemos o que é a felicidade, ou se o quisermos, momentos de felicidade, mas existem grandes divergências relativamente a como ela se obtém, ou se na realidade é coisa da própria natureza de um ser vivo, feito humano, ser feliz.
Não creio que um ser vivo seja infeliz apenas porque nasceu, porque vendo a luz será um alívio relativamente ao mundo das trevas onde estava metido.
As crianças são prova disso, independente de sua condição social
Por outro lado, se só a verdade te salvará, sendo essa luz que contraria a obscuridade, o mundo das trevas, como ficar um ser vivo recolhido num túnel sem saída, limitado, restringido, formatado, e alguém falar em felicidade, ou em momentos felizes ?
Mas é perante a observação dessa realidade, que podemos dar conta da capacidade de um sistema biológico e psíquico em adaptar-se, como forma de sobreviver a situações adversas, que tantas vezes atenta contra a própria liberdade de um ser vivo.
O sistema biológico e psíquico perante a repressão, e até mesmo os maus tratos, tende a provocar uma alteração, versus conversão, alterando também seu sentido original, em que a felicidade já não é procurada fora de portas, mas sim dentro dessa vitrine onde está aprisionado.
Daí, que pretenda todos os outros á sua semelhança, por não reconhecer as diferenças, em que a uniformidade se bate diariamente contra a diversidade.   


sábado, 1 de dezembro de 2012

Frieza na psicopatia


Perante a observação de um sintoma de frieza, ou indiferença, nos vemos incapazes de definir sua origem, dado contrariar o descrito por neurocientistas, (António Damásio) que nos fazem saber que só existe vida psíquica a partir de um certo quantum de energia. Devo acrescentar que as leis da física e química que se faz sentir num corpo, até ao momento, não conduzem a conclusões diferentes. Se a neurociência nos faz saber, que tais pessoas não possuem registros emocionais em determinadas áreas do cérebro, ou apenas possuem registros mínimos, em relação a outras pessoas consideradas normais, devemos levar em conta que se trata de um processo secundário, que devido à sua complexidade relacional inicial alterou profundamente o primárioOu talvez, e isso merece um estudo aprofundado, foi criado pelo próprio corpo um mecanização resultante de uma relação inicial, que pode coexistir em paralelo com todas as outras tendências.Não consigo observar em bebés uma frieza à partida, todos eles respondem aos estímulos de proteção e cuidado, pelo que devemos excluir a hipótese genética, dado que ela não se revela nessa altura, mas sim muito mais tarde.Quando catalogamos, classificamos a esquizofrenia, ou a psicopatia, por exemplo, como doenças derivadas da genética, impõe à partida o finito do estudo e investigação, o que nos leva, quer queiramos ou não, a uma repressão mental de todos aqueles que duvidam dessa hipótese.Quando assim acontece estamos perante a crença de uns, porque nada podem provar, e a dúvida de outros, que tentam estudar e investigar para que um dia possa ser provado, se genético ou relacional.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A busca pela felicidade


A busca pela felicidade, versus desprazer de estar na vida, provoca a demanda pela psicanálise, não porque ela seja a felicidade, bem pelo contrário, em determinados momentos pode provocar ainda mais desprazer.
Aqueles que não a toleram, o desprazer será o seu prazer.
Alguns autores afirmam que o prazer apresenta algo mágico, o que eu duvido, dado que os sofredores é que relatam toda a magia relativamente às coisas que circundam sua existência, em que as fantasias e figuras fantasmagóricas lhes conferem uma superioridade, julgando estar no reino dos Céus.
Eles conseguem enxergar o que outros não conseguem ver, e isso lhes dá um poder ilusório, aumentando seus índices de prazer.
Podemos perceber nessa fórmula fenomenológica um sintoma de negação do desprazer, mediante a construção de imagens e idealismo que aviltam o prazer.
Desse modo nos encontramos sujeitos a forças interiores que oscilam entre o prazer e desprazer, que não podem ser mensuráveis, mas cujos excessos determinam no corpo um sentido de prazer e desprazer.
Assim, o conceito de prazer pode ser entendido como um estado de não excitação, em que tudo que está para além dele corresponde a exageros, que apresentam alguma dificuldade em serem compensados pelo biológico e psicológico.
Nos é dado a observar isso no transtorno bipolar, formando um ciclo de exageros, em que o dispêndio de energia é enorme relativamente a um estado referido como normalidade, em que a problemática da excitação desmedida provoca de seguida a diminuição de fatores estimulantes, o que faz cair o sujeito por algum tempo na esfera da não excitação, eu diria mais, da inanição.
Ou seja, não parece que existam fatores estimulantes suficientes que possam suportar o sujeito durante muito tempo na euforia, entrando num quadro depressivo devido à carência de estimulantes.
Parece existir uma ordem psicológica que corrompe uma ordem estabelecida no corpo, biológica, que o próprio sujeito não consegue entender, que a meu ver deve ser percebida
na constituição de desejos, na repressão ou sua liberação sem restrições, e mediante o estudo e investigação das forças que operam na interioridade de cada ser humano.
Entendidas assim as coisas, podemos perceber que o princípio do prazer, que tanto aflige os moralistas afinal preserva um equilíbrio emocional, e que os desmandos provêm de uma inadequada relação formativa, que impõe mais prazer para dissolver o desprazer sentido no corpo.
Significa, que a teoria do desprazer, do sofrimento e da dor, parece funcionar exatamente ao contrário, do que muitos nos querem fazer crer.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sexualidade e energia libidinal

O simples fato de não reconhecermos a energia da libido, como resultante de um poder de criação, energia sexual, inibe o sujeito, fabricando um incomodo, que não o deixa enxergar a alma criadora, do mundo e das coisas, supondo que deve estar colocado mais além, ou oculto, não consegue por si mesmo detonar a realidade do universo, em que a existência das espécies depende desse fator relacional entre corpos, através do exercício da sexualidade. Não tem como negar que Deus nos deu esse poder da procriação, em que só nos resta adaptar à relação entre humanos.
Assim, podemos ser levados a admitir, que o exercício da sexualidade depende do modo como o indivíduo é levado a relacionar-se com os outros.
Essa é a lei da própria natureza, com sua finalidade última, que nos custa admitir que assim seja, ou possa ser, procurando no além uma resposta através da recusa dos fenômenos da própria natureza, constituindo-se em uma nova psicologia, desta feita artificial.
Tais teóricos começam logo por negar a própria natureza, ou seja, a realidade, dado que nada mais pode ser observado para além dela.
Se existe uma causa que impulsiona o corpo, ela provém da energia sexual, coisa dada ao corpo, e somente a ele, atingindo seu auge na relação intima com os outros, independente do sexo, em que a direção hetero ou homo é conferida por identificação.
Tal diferenciação deve-se a fatores psicológicos mediante a relação com os formadores, que em muitos casos desviam o indivíduo da procriação, fazendo deles improdutivos, devendo ser estudado, a meu ver, em separado.
Curiosamente a bissexualidade não impede a fecundação e procriação.
Tenho afirmado que o órgão sexual é apenas isso, algo biológico, que expele líquidos, resultando em algum prazer mediante a descarga.
A irritação, vulgo excitação, que podemos observar num bebê de meses do sexo masculino, mediante a ereção do pénis, deve ter uma explicação biológica, que não psicológica.
Ademais, nos é dado a perceber, que uma criança até aos sete anos, não possui qualquer ideia acerca das relações sexuais entre os adultos, o que vem confirmar, que sem ideia não devemos falar em psicológico.
A criança entende manifestações de carinho, afeto, sem associação alguma ao emprego da sexualidade, o que nos coloca perante a auto satisfação, auto erotismo, sem conexão relativamente ao ato sexual.
Como diria Saramago, nascemos inocentes, mas não morremos inocentes.
Se assim é, podemos aceitar, que qualquer transformação do corpo, ou sentidos, possa alterar essa associação corporal e orgânica, incidindo sobre mecanismos estabelecidos orgânicos, necessitados de descarga, como forma de aliviar o desprazer sentido.
Temos então, um órgão genital desempenhando a sua tarefa biológica, que ao mesmo tempo proporciona ao indivíduo imenso prazer, porque se assim não fosse, não saberia o corpo como dar continuidade à preservação da espécie, se outro gozo mais intenso existisse.
Mas outra realidade podemos observar nos indivíduos com algum tipo de transtorno psíquico, em que apresentam uma forma particular de usar seus órgãos genitais no exercício de sua sexualidade, pelo que, devemos considerar o atrás descrito, em que a síntese de uma complexidade psicológica determinada pelas relações na formação, tendem a despontar no exercício da sexualidade.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Violência e violação sexual

Evento gratuito

Venha ao cinema com a Analizzare - Exibição do filme, análise e discussão
Coordenador - Joao António Fernandes
Faça sua inscrição - Vagas limitadas
Quinta às 10:00 em Analizzare - R.Bahia 798 - ap. 201

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Princípio do prazer


Princípio da homeostase
·         ( Biologia e fisiologia)

Considero que tudo tem um princípio a partir do qual pode existir uma evolução, ou se o quisermos, uma transformação, carecendo para tal de uma adaptação do corpo mediante uma reorganização daquilo que antes estaria organizado segundo determinada ordem.
Se os corpos à partida estão organizados de acordo com princípios biológicos e fisiológicos, as transformações que ocorrerem devem ser da ordem quantitativa, o que nos coloca perante o estudo e investigação de forças interiores e exteriores.
Ou seja, de acordo com os elementos constituintes de um corpo, e dos existentes no universo, não nos é permitido perceber qualquer alteração qualitativa, mas sim quantitativa, dado que todos os elementos interiores e exteriores disponíveis são semelhantes.
A alteração qualitativa será apenas uma sensação de bem estar sentida no corpo, não inibidora dos movimentos, cuja inibição pode ser transformada em dor e sofrimento, cujas manifestações do corpo indiciam que algo não estará bem adaptado ás suas necessidades.
Como dá para perceber, aqui é o corpo que sente e se manifesta, provocando o mal estar, ou  a satisfação e algum prazer.
Considero que o estudo e investigação deste princípio, tendo em conta as diversas alterações produzidas é fundamental para entender como as forças físicas podem atuar ao nível psíquico, e como a dinâmica de conteúdos mentais, com suas inibições, proibições, e traumas podem levar a consequências orgânicas e fisiológicas.
Assim, ainda hoje, andamos às voltas com o prazer e desprazer, observando cenas de violência que não entendemos, que causam dor ao outro, mas que nos custa aceitar que possa existir algum prazer nisso, por parte de quem as pratica.
Se nos queremos dedicar à terapia, não nos deve interessar muito a classificação, mas antes como as forças em presença estão organizadas, cuja finalidade será perceber o que despertou algumas forças, que não outras, que originaram esse comportamento.
Será no trabalhar desses fatores, que despertaram algumas forças, as potencializaram, que podemos alcançar o sucesso terapêutico, em que o indivíduo é chamado a reorganizá-las segundo uma nova perspectiva.
Aos poucos a neurociência vem colocando em evidência, que mesmo nos casos de psicopatia, existe um princípio biológico e fisiológico, que potencializados conduzem à patologia, pelo que a existência de genes, por si só, não são motivo suficiente para conduzir o ser humano ao patológico.
Ao falar de potencialização, somos levados para o estudo e investigação de forças, o que significa que estamos posicionados no mundo da energia, na relação entre corpos que a podem potencializar, conferindo-lhes um certo grau de valorização da força, relativamente a outras.
A tendência à adaptação é forçada por uma outra tendência, o princípio da constância, como forma do corpo manter, preservar, sua funcionalidade, que está organizada segundo uma ordem biológica e fisiológica.
A disfunção, a doença, será, pois, uma incapacidade do corpo em reorganizar-se segundo seu próprio modo de organização, evidenciando através de suas manifestações toda a sua insatisfação.
   

sábado, 3 de novembro de 2012

Adaptação, recusa e desejos

O homem longe do olhar da sociedade, é um ser humano a viver sozinho, que proporciona a si mesmo um estilo de vida único, que não se compadece com modelos importados, nem se importa com julgamentos, em que encontrou no meio um modo de viver feliz.
Desse modo, protege-se dos olhares indiscretos e julgadores, retirando a ameaça de uma guerra constante contra o seu Eu, que por via disso o impede de viver, recriando o seu parque infantil com acessos restritos.
A sociedade que o fabricou lhe conferiu a autonomia, quando permitida, pela que sua tendência é afastar-se de seu convívio, criando um mundo em proveito próprio, muito embora incorporado por suas referências, em que a neurose não apela ao objeto, e a psicose espreita, ansiosa por fazer sua aparição.
Embalado pela ambivalência formativa, de seguida desfeita, dado que a autonomia assim o exige, depara-se com o novo que é preciso organizar, a que não pode faltar o afeto tão necessário para a vida, debate-se com a organização daquilo que ainda não existe, e apresenta alguma dificuldade em encontrar.
É um vir a ser, que não sabe se encontra além, o que parece faltar, aqui e agora, criador de alguma insegurança, que pode provocar ansiedade, atitudes incompreendidas, cuja finalidade será a tentativa de arranjar a cama para se deitar.
É esse vir a ser, criador de uma sensação de instabilidade, prenúncio de algo que está por vir, mas que teima em não se revelar, que nos é dado a observar em muitos seres humanos da atualidade, que nos coloca perante o caos, apenas por não saber organizar, e organizar-se, de acordo com seus próprios desejos.
O vir a ser será muito mais que um ser que não se completa, algo incompreendido, alheio à própria função, que um ser se obriga a procurar para que ela não se perca, encontrando nos exageros a própria disfunção.
A crise de adaptação, a recusa e o desejo parecem constituir uma complexidade, que demora seu tempo a arranjar cama.



segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Problemática do inconsciente

Num primeiro tempo a impressão que fica num corpo, dará como projeção um sentido dirigido às coisas e objetos, porque de outra forma não faria sentido. Aqui, nos é dado a perceber o arco reflexo derivado do meio formativo e ambiental. Esta será a expressão de um corpo, que podemos observar através de seus movimentos, que sem palavras fabrica uma atividade motora dirigida, em que o inconsciente não pode ser traduzido, mas apenas sentido, devolvendo ao meio um estímulo transformado por um sentir interior, que é subjetivo. Pela primeira vez damos conta do princípio de satisfação e prazer, quando se trata de atitudes condizentes com a nossa sustentabilidade e preservação da vida, que requer a procura exterior por objetos que consigam a realização dessas necessidades. Por outro lado, somos levados a considerar que tudo que possa afetar tal princípio, requer uma adaptação do corpo às novas condições, ou uma luta interna contra a invasão de algo estranho, pelo menos assim pode ser considerado pelo o indivíduo, notando-se assim uma insatisfação, que pode ir até à raiva, ou destruição do invasor. Tudo isto pode suceder numa fase primária da existência de um ser humano, em que a imaturidade de um corpo que pensa, não está pronto para dissolver esse conflito produzido pela afetação de um corpo que sente, em que a verbalização de uns, não consegue ser compreendida por outros. A tendência é que esse sentido proveniente do inconsciente projetado no exterior não tenha voz, em que o sujeito apenas sente e não consegue verbalizar, dado que deriva de cenas infantis, que por vezes são lembradas em sonho, mas não conseguem ser associadas aos sentidos projetados. Numa forma primária, parece existir uma dissociação entre a memória e os sentidos, o que nos leva a acreditar em funções separadas no cérebro, que a mente humana apresenta alguma dificuldade em estabelecer uma conexão entre elas, em que o sentido não consegue ser decifrado pelo indivíduo. Podemos perceber sua conexão a partir de uma cena semelhante que possa produzir os mesmos efeitos, mas não saberemos qual a cena original que produziu tal sentido, em que o medo, por exemplo, pode ter efeitos semelhantes ao extraído da cena original. Aqui, nos apraz registrar, que tratando-se de uma outra cena, não teria ela os mesmos efeitos, mas o psíquico não sabe distinguir, e lhe garante o mesmo sentido, o que nos leva a considerar uma simples reação do corpo, alheia ao próprio pensamento. Podemos extrair daqui a idéia, que a mente funciona com tudo aquilo que está associado entre si, e não consegue funcionar com aquilo que está dissociado, pelo que as respostas são diferenciadas, e o lugar que ocupam na função também será diferente. Por conseguinte, algo deve ser incluído para que tenha lugar uma reorganização mental. Só perante a visibilidade da cena primária por parte do indivíduo, e das consequências que as mesmas tiveram em seu interior, associando a cena aos sentidos, pode perceber de onde lhe vem tal sentido projetado no exterior. É aqui, que entra a verbalização, primeiro como identificador de um fenómeno físico e químico, e a filosofia, entendida como poder intelectual de o interpretar, em que o oculto, não mais o será, mostrando-se á realidade, ou seja, à luz do dia, designado por consciente. Será, pois, essa dissociação entre o oculto e a realidade observada, que apresentam diferenciais de potência exagerados, que geram os conflitos psíquicos, em que só a verdade te salvará. O oculto funciona como um compartimento separado, que embora tenha uma porta, o ser humano percebe-se incapaz de a abrir, por desconhecer o que se encontra ali, por medo, ou devido à sua incapacidade de o incluir na cadeia do pensamento lógico. Essa aflição, o conflito psíquico, passa a moderado, quando o indivíduo obtém a explicação de que o oculto é o campo de atuação do divino, ou do demoníaco, que nele habitam, que para ele passa a ser intocável. No fundo, parece tratar-se de argumentos para tapar um buraco aberto, o do oculto, que de outro modo não teria condição alguma de ser explicado, passando o virtual a ser realidade. Temos fortes indícios para assim pensar, dado que as proibições, e todo o gênero de atitudes que afetam o corpo, não compreendidas, por norma, levam a pessoa a traçar esse caminho. A lógica se mistura com a crença, sendo esta a primeira que se desenvolve no ser humano, cujo desenvolvimento obedece a uma lógica, e consequências, também elas consideradas lógicas, em que o indivíduo parece ter alguma dificuldade em saber o que é real e virtual. A realidade terrena mistura-se com o virtual do além, passando ambos a constar de sua realidade interior, passando o ser humano a fazer parte de dois mundos diferentes. Em alguns transtornos psíquicos podemos observar isso.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Frase da semana

Quando as pessoas nada dizem, depois de se compromissarem, algo nos querem dizer. Joao António Fernandes - Psicanalista Freudiano

sábado, 13 de outubro de 2012

Frase da semana

Tantas vezes estamos contra a própria natureza das coisas, julgando ser Deus, queremos organizar o mundo segundo nossa perspetiva, chamando a isso ciência, quando na realidade se trata apenas de um movimento de transgressão a uma ordem universal estabelecida. Quando isso acontece, a meu ver, não podemos falar de psicanálise

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Analizzare e AT de Ronaldo Machado Mattar, em reunião ontem, acertaram uma parceria, tendo em vista a dependência química, seu enfrentamento e formas de levar à prática uma terapia e análise, que seja capaz de devolver ao paciente e suas famílias a alegria de viver sem aditivos

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Filosofia psicanalítica da mente

Se a filosofia. como disciplina, possuir o desejo de alguma coisa aprender com a psicanálise, não será da conta daquele que se dedica ao estudo e investigação em psicanálise, mesmo reconhecendo que a psicanálise bebeu muito de seu conhecimento, assim como de outras àreas do saber, a filosofia psicanalítica da mente, possui uma forma de filosofar muito própria. Ela se constituiu a partir de uma manta de retalhos fabricada com restos de outras disciplinas, num complexo movimento associativo, em que já não se reconhece, ou temos alguma dificuldade em reconhecer, o padrão que lhe deu origem, resultando num modelo próprio.

domingo, 23 de setembro de 2012

Nietzsche e a ambivalência

A humanidade ainda não conseguiu ultrapassar a fase ambivalente em suas vidas, correspondente ao primeiro patamar evolutivo da existência de um ser vivo, em que se não é preto decerto será branco, e o considerado positivo tem uma correspondência com o sentido de vida, e o negativo com o sentido de morte. Aqui, a neutralidade, o ponto zero da inércia é ignorado, entendido como estado de repouso, que garante o bem estar, tanto físico como emocional, sem que possamos perceber oscilações de humor, em que o positivo e negativo parecem não ter lugar, dada a existência de um bem estar, e de alguma satisfação. Seria admitir que um corpo em estado de repouso estaria instável, o que não corresponde á realidade. O positivo e o negativo seria um movimento que faria afastar do indivíduo essa sensação de bem estar, de tranquilidade, e o levaria a um estado de excitação, em que sentiria um prazer ou desprazer mais ou menos intenso. Formados, e entretidos com esta bipolaridade, em que uma vontade da força ativa é entendida como positiva, e o ser frouxo corresponde ao negativo, nos encontramos perante o dilema epistemológico daquilo que pode ser considerado ativo e passivo, positivo e negativo, que julgo mal explicado e entendido. A realidade é que o negativo parece não existir perante o universo, dado que seria o contrário de uma força, a sua negação, que uma vez anulada pura e simplesmente deixaria de existir, que por isso, em momento algum se faria sentir. A ambivalência não encerra em si o positivo e negativo, mas antes aquilo que julgamos ser, e o que não é, ou não desejamos que seja, pelo que aquilo que é verbalizado não consegue ser levada à prática, em virtude do que consideramos positivo e negativo se revelar a cada momento, mesmo contra nossa vontade. O que parece sobressair dessa dualidade será a discriminação entre o que deve ser, e o que julgamos não ser, vinculando ao psíquico o que está bem, e o que não deve ser observado, em que uma coisa será aceite e a outra proibida, mas que na realidade correspondem aos dois lados da mesma moeda. Existe uma dificuldade verbal para explicar os fenómenos mentais, sendo mais fácil empregar frases curtas, como positivo \ negativo, ativo e passivo, por exemplo, de cada vez que somos chamados á conversa, dado que ela se tornaria enfadonha, demasiadamente lenta, e seus efeitos se afastaria da ação, perdendo a sua eficácia. Nietzsche afirma em ¨Vontade de Potência¨ o seguinte: - Vede que surge a contradição entre o mundo que veneramos e o mundo que vivemos, que somos. Resta-nos: ou suprimirmos nossa veneração ou suprimirmo-nos. O segundo caso é o niilismo. Nietzsche levantou o véu da noiva, mas manteve-se no mesmo lugar, na ambivalência.

domingo, 16 de setembro de 2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Analizzare - Seminário

LOCAL: UNIPAC - BOM DESPACHO DIA: 15 DE SETEMBRO HORÁRIO: 08:00 ÀS 11:30 HORAS

O TEMA CENTRAL SERÁ: "Como a psicanálise pulsa na contemporaneidade?"

08:00 HORAS *1 - APRESENTAÇÃO: “Filosofia psicanálitica da mente” Joao António Fernandes ( 35 minutos + 15 de interação)
BREVE 'COFFEE BREAK' de 10 minutos

09:00 - *2 - APRESENTAÇÃO: “Psicanálise e demanda social” Eduardo Lucas Andrade; (30 minutos + 10 minutos interação.
09:40 - CONVIDADO ESPECIAL: Anderson Matos, Psicólogo clínico e consultor em clínica e Políticas Públicas para álcool e drogas · com o tema; "A regulação social do gozo e o toxicômano como sujeito que não quer saber")
(30 minutos + 20 de interação)
10:30 *3 - APRESENTAÇÃO: “Relações objetais na contemporaneidade” Maria José Fernandes  ( 35 minutos + 15 de interação)
ATÉ ÀS 11:30 HORAS - ENTREGA DE CERTIFICADOS E UM BREVE 'COFFEE BREAK'

VALORES COM CERTIFICADO:
PROFISSIONAIS E DEMAIS : 30 REAIS
ALUNOS : 25 REAIS
ALUNOS UNIPAC : 20 REAIS

* As inscrições deverão ser realizadas com antecedência e o seu pagamento no ato da sua realização. Por motivos de organização, confecção dos certificados e pelas vagas serem limitadas. Desde já agradecemos.
Inscrições e certificados por E-mail – Analizzarediv@yahoo.com.br ou diretamente nas instalações na escola Analizzare – Formação em psicanálise – R. Baia 798\201 centro – Divinópolis – Terças e quartas a partir das 18 horas – Telef. (37) 3215 7128.
Conta Santander 01082879-7 Agência 3490 (Maria José Fernandes)


 Apoios:  Eliane Pimenta coordenadora do curso de psicologia da UNIPAC – Bom Despacho.
 Aos amigos que possibilitaram esta realização: Ana Maria, Bárbara Araújo, Hélio Ferreira, Saulo Mazagão, Simone Mazagão e Felipe Tameirão. Fénix Turismo.


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Freud está de volta

Neurocientistas descobrem que descrições biológicas do cérebro funcionam melhor se combinadas às teorias delineadas pelo pensador austríaco há um século. por Mark Solms Na primeira metade do século 20, as idéias de Sigmund Freud dominaram as explicações sobre o funcionamento da mente. Seu pressuposto básico era que nossas motivações permanecem em sua maior parte no inconsciente. Mais que isso, são mantidas longe da consciência por uma força repressora. O aparato executivo da mente (o ego) rejeita iniciativas do inconsciente (o id) que estimulam comportamentos incompatíveis com nossa concepção civilizada de nós mesmos. A repressão é necessária porque esses impulsos se manifestam na forma de paixões incontroláveis, fantasias infantis e compulsões sexuais e agressivas. Quando a repressão não funciona, dizia Freud até sua morte, em 1939, surgem as doenças mentais: fobias, ataques de pânico e obsessões. O objetivo da psicoterapia, portanto, era rastrear os sintomas neuróticos até suas raízes inconscientes e aniquilar seu poder através de sua confrontação com a análise madura e racional. Conforme as pesquisas sobre a mente e o cérebro se sofisticaram, a partir da década de 1950, os especialistas se deram conta de que as evidências fornecidas por Freud eram bem tênues. Seu principal método de investigação não era a experimentação controlada, mas a simples observação de pacientes no cenário clínico, combinada a inferências teóricas. Os tratamentos com remédios ganharam força, e a abordagem biológica das doenças mentais deixou a psicanálise nas sombras. Se Freud estivesse vivo, é possível que até saudasse essa reviravolta. Neurocientista muito respeitado até hoje, ele freqüentemente fazia comentários como "as deficiências de nossa descrição provavelmente desapareceriam se já pudéssemos substituir os termos psicológicos por termos fisiológicos e químicos". Na década de 1980, os conceitos de ego e id eram considerados antiquados, mesmo em certos círculos psicanalíticos. Freud era passado. Na nova psicologia, o motivo de as pessoas deprimidas se sentirem mal não é a destruição das primeiras ligações sentimentais da infância - há um desequilíbrio nas substâncias químicas de seu cérebro. A psicofarmacologia, no entanto, não oferece uma grande teoria sobre a personalidade, as emoções e as motivações - uma nova concepção do que realmente governa o que sentimos e o que fazemos. Sem esse modelo, os neurocientistas concentraram seu trabalho em pontos específicos e deixaram de lado o quadro geral. Esse quadro está voltando, e a surpresa é: não é muito diferente do que o delineado por Freud há um século. Ainda estamos longe de um consenso, mas um número cada vez maior de neurocientistas está chegando à mesma conclusão de Eric R. Kandel, da Universidade Columbia, o Prêmio Nobel de 2000 em fisiologia ou medicina: a psicanálise "ainda é a visão da mente mais intelectualmente satisfatória; Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/freud_esta_de_volta.html

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A problemática da verbalização

Quando a verbalização reproduz a ambivalência ela é clara e precisa, em que a afirmação \ negação, que indicia uma indiferença em relação a tudo o resto que possa encontrar-se aquém, ou além delas, tende a rejeitar a diversidade, pautando-se pela tendência à uniformidade. Contudo, apesar de percebermos nelas duas tendências derivam de um mesmo princípio de afirmação do indivíduo, pelo que podemos perceber a existência de um princípio geral de afirmação, que possui uma relação intima com a matéria, cuja incorporação de idéias, ou ideais, seguem o mesmo princípio do corpo. Podemos perceber aqui, a relação intima entre o somático e o psíquico. A fragmentação verbal é garantida através da afetação do corpo, que apresenta como princípio básico a sua auto satisfação, não importando para ele, como possa obter, a que Freud chama de princípio do prazer. Esta será a clivagem entre um mundo feito matéria, que apresenta sua função própria, e o mundo das relações exteriores, que o possam afetar, ganhando daí um sentido. Fundamental esta fragmentação, que induz o corpo a preparar-se para os possíveis ataques exteriores de que possa ser vítima, incorporando um sentido, que o torna capaz de defender-se, atacar, ou simplesmente fugir dos perigos, que possa colocar em causa a sua própria vida, pelo que serve à preservação da vida, que não propriamente das idéias, ou ideais. Se, como dissemos anteriormente, a tendência das idéias e ideais, uma vez incorporadas, é seguir o mesmo princípio da matéria, feito corpo, devem existir formas, ou fatores, que uma vez associados aprendam a trilhar um caminho diferenciado do primitivo, que não se encontra na verbalização, ou no próprio processo primário, que deu lugar à fragmentação \ ambivalência. Porém, este processo é posterior, que deve ser encontrado no decorrer da formação infantil, na relação da criança com a mãe e o pai.

sábado, 4 de agosto de 2012

Século XXI A queda dos mitos

A queda dos mitos é a provocação do futuro e dos próprios valores da sociedade, que já não apresentam condições de manter a estrutura anterior então criada. È uma necessidade, que é processada de forma inconsciente e involuntária por atitudes divergentes dos corpos quando sujeitos a um campo de interação e subjetividade, também designado por campo de percepção. Damos conta de surgir novas formas de relações, que se alteram mesmo contra nossa vontade, em que somos levados a constatar fatos novos, diferenciados dos anteriores, e até mesmo opostos, que nos garante a sensação, de que algo está para além de nós, que não conseguimos, ou temos alguma dificuldade em dominar. A necessidade de controle pode ser entendida como tendência natural, cujo fim é a preservação do indivíduo, em que o sentir a segurança faz despertar o sentimento de posse, por medo de perder, como garantia da sua própria satisfação e sobrevivência. Porém, percebemos ser apenas um desejo interior, revelado em nós e por nós, como algo posterior aos próprios acontecimentos, em que o objeto especular e de alucinação, como princípio de satisfação assim determina. È a partir do princípio de alucinação que podemos explicar alguns fenómenos psíquicos, que perante um acontecimento real é transformado em registro psíquico, que posteriormente não carece de uma forma real, para se mostrar de novo para o indivíduo. O mesmo que desejamos, foi desejado, por algo resultante de um acontecimento anterior, que evidenciou possuir condições em satisfazer o indivíduo que se tornou em sentido do próprio corpo. A chamada mesmice é proveniente de um sentido emergente de uma relação, que produziu condições satisfatórias para o indivíduo. A pág. 255, do seu livro ¨ Convite à filosofia ¨, Marilena Chaui, refere o seguinte : - O rito como rememoração perene do que aconteceu uma primeira vez e que volta a acontecer, graças ao ritual que abole a distância entre o passado e o presente. Parece então, que o ritual está presente em diversas atividades humanas, como um exercício, que leva o corpo à rememoração, através de uma repetição de atos, que evocam uma ideia, que o ser humano deseja conservar. Podemos entender o ritual como um treino, para que os movimentos não se percam, não sejam esquecidos, por entender, que a ideia a ele subjacente é importante e referência para o indivíduo. A alucinação dos objetos apresenta um sentido, promover a satisfação do sujeito. È o campo das experiências que determina os fenómenos que promovem tais condições, e mantém uma relação basicamente fisiológica, periférica e sensitiva.

Mente e corpo

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Fenómenos quânticos

Nós somos um derivado de uma evolução quântica Somos ao mesmo tempo um fenómeno quântico, e um derivado quântico, que se estabeleceu como unidade / corpo. Somos causa e efeito. Somos aqueles que um dia alguém, e alguma coisa nos fez corpo, e que detém a capacidade de produzir coisa semelhante. Somos á semelhança, e por semelhança, somos levados a produzir o semelhante. Existe um ciclo de vida, que apresenta um sentido, representada pelo o indivíduo, que dele não toma sentido posteriormente, em virtude de ser o próprio sentido que o traz vivo. É a energia da vida, de um ser com vida, que pode tomar vários rumos, como um barco a navegar com destino marcado, ou á deriva, que o timoneiro ao leme se deixa embalar pelas ondas do mar revolto, ou tranquilo; contemplando a beleza do universo, sem medo do que possa acontecer, tornando-se agitado e intranquilo, quando tomado pelo o medo da sua sorte. Somos um ser vivo que se apresenta, que enquanto corpo / forma, existe, que representa, faz-se representar, que sobe ao palco da vida assim que escorrega do canal uterino, e é colocado neste mundo Eis o ator da representação cénica da vida. Autor - João António Fernandes

terça-feira, 24 de julho de 2012

coisasdamente: Auto erotismo

coisasdamente: Auto erotismo: Sentir no corpo uma sensação de satisfação e prazer através das mucosas e zonas erógenas, em psicanálise é considerado auto erotismo. Signif...

domingo, 22 de julho de 2012

Conversão e sistema nervoso

Perante uma excitação provocada pela relação do sujeito e os objetos exteriores, o sistema nervoso recebe estímulos carecendo posteriormente de descarga, como forma de aliviar a tensão, então acumulada. Devemos ter em atenção, que todo o sistema biológico apresenta seu princípio de funcionalidade a partir de uma pressão, cujo alivio é designado por descompressão, como sendo a libertação de energias, que pode dar-se de diversas formas. A lógica nos faz saber, que pode existir uma retenção temporária de energia no corpo, mas nunca a tempo inteiro, existindo um período de tempo tolerado, a que se segue um outro de pouca tolerância, terminando no insuportável. Será na ordem do insuportável, que a meu ver, podemos entender o processo de conversão, como incorporação de um conflito psíquico / mental, cujo grau de valorização exageradamente intenso impossibilitou a descarga de energia através das vias normais, que devido a vergonha, constrangimento, ou culpa assumida, não pode ser verbalizado, muito menos observado. Seguindo o raciocínio não será difícil perceber a existência de parâmetros biológicos, em que os conflitos psíquicos / mentais, criadores de rupturas, provocam uma fragmentação de uma ordem anterior, que ao não serem dissolvidos passam a afetar o corpo. Contraturas, amnésias, paralisias, dores musculares, artrites, prisão de ventre, diarréias, dores de cabeça, e outras manifestações do corpo podem ser devidas a esse processo de conversão, como incorporação de sintomas ( sentidos representados no corpo) derivados de conflitos psíquico / mentais. A não dissolvência dos conflitos tende a provocar uma tensão contínua, dada a idéia obsessiva, que passa a representações emitindo impulsos, em que a imagem que deu origem ao conflito permanece oculta, amnésia. Assim, sem a imagem presente do acontecimento, origem do conflito, ela não será lembrada, o que faz que o sistema psíquico / mental seja aliviado, porém, a energia ligada ao acontecido tende a permanecer, em virtude de não ter sido projetada, ( movimento no sentido exógeno), interrompendo o percurso normal da funcionalidade de todo o sistema biológico / psíquico. Desse modo, damos conta de uma fragmentação da funcionalidade, em que é amputado um processo em relação a um outro, ( separação) por não existirem condições de seguir o rumo da normalidade funcional. Por outro lado, esses impulsos elétricos, que deveriam completar um ciclo, por impossibilidade passam a parciais, cuja viagem tende a terminar nas extremidades nervosas e musculares. No mundo da fisioterapia já é reconhecida a dor com sua origem em conflitos psíquicos / mentais, diferente daquela, que possa ser originada por rupturas mediante o esforço, ou da imobilidade prolongada. O conhecimento desta realidade serve ao fisioterapeuta para o encaminhamento das pessoas que sofrem de dores emocionais, sob pena, de sua competência ser colocada em causa, dada a persistência da mesma, a que de fato sua especialidade é alheia.

sábado, 14 de julho de 2012

Fantasia e lógica

Fantasia e lógica

Fantasia e lógica

Fantasia e lógica

Fantasia e lógica

Fantasia e lógica

sábado, 9 de junho de 2012

Educação e psicanálise

Freud – Vol, XIII – Totem e Tabu (H) O interesse educacional da psicanálise O interesse dominante que tem a psicanálise para a teoria da educação baseia-se num ato que se tornou evidente. Somente alguém que possa sondar as mentes das crianças será capaz de educá-las e nós, pessoas adultas, não podemos entender as crianças porque não mais entendemos a nossa própria infância. Nossa amnésia infantil prova que nos tornamos estranhos à nossa infância. A psicanálise trouxe à luz os desejos, as estruturas de pensamento e os processos de desenvolvimento da infância. Todos os esforços anteriores nesse sentido foram, no mais alto grau, incompletos e enganadores por menosprezarem inteiramente o fator inestimavelmente importante da sexualidade em suas manifestações físicas e mentais. O espanto incrédulo com que se defrontam as descobertas estabelecidas com maior grau de certeza pela psicanálise sobre o tema da infância — o complexo de Édipo, o amor a si próprio (ou ‘narcisismo’), a disposição para as perversões, o erotismo anal, a curiosidade sexual — é uma medida do abismo que separa nossa vida mental, nossos juízos de valor e, na verdade, nossos processos de pensamento daqueles encontrados mesmo em crianças normais. Quando os educadores se familiarizarem com as descobertas da psicanálise, será mais fácil se reconciliarem com certas fases do desenvolvimento infantil e, entre outras coisas, não correrão o risco de superestimar a importância dos impulsos instintivos socialmente imprestáveis ou perversos que surgem nas crianças. Pelo contrário, vão se abster de qualquer tentativa de suprimir esses impulsos pela força, quando aprenderem que esforços desse tipo com freqüência produzem resultados não menos indesejáveis que a alternativa, tão temida pelos educadores, de dar livre trânsito às travessuras das crianças. A supressão forçada de fortes instintos por meios externos nunca produz, numa criança, o efeito de esses instintos se extinguirem ou ficarem sob controle; conduz à repressão, que cria uma predisposição a doenças nervosas no futuro. A psicanálise tem freqüentes oportunidades de observar o papel desempenhado pela severidade inoportuna e sem discernimento da educação na produção de neuroses, ou o preço, em perda de eficiência e capacidade de prazer, que tem de ser pago pela normalidade na qual o educador insiste. E a psicanálise pode também demonstrar que preciosas contribuições para a formação do caráter são realizadas por esses instintos associais e perversos na criança, se não forem submetidos à repressão, e sim desviados de seus objetivos originais para outros mais valiosos, através do processo conhecido como ‘sublimação’. Nossas mais elevadas virtudes desenvolveram-se, como formações reativas e sublimações, de nossas piores disposições. A educação deve escrupulosamente abster-se de soterrar essas preciosas fontes de ação e restringir-se a incentivar os processos pelos quais essas energias são conduzidas ao longo de trilhas seguras. Tudo o que podemos esperar a título de profilaxia das neuroses no indivíduo se encontra nas mãos de uma educação psicanaliticamente esclarecida. Não foi meu objetivo neste artigo colocar ante um público cientificamente orientado uma descrição do alcance e do conteúdo da psicanálise ou de suas hipóteses, problemas e descobertas. Meu objetivo terá sido atingido se eu tiver deixado claras as muitas esferas de conhecimento em que a psicanálise é de interesse e os numerosos vínculos que começou a forjar entre elas.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Freud e a filosofia

Freud • Col. XIII – Totem e Tabu • O interesse filosófico da psicanálise A filosofia, até onde se apóia na psicologia, não poderá deixar de levar integralmente em conta as contribuições psicanalíticas à psicologia e de reagir a esse novo enriquecimento de nossos conhecimentos, tal como o fez em relação a todo progresso digno de consideração nas ciências especializadas. Em particular, o estabelecimento da hipótese de atividades mentais inconscientes deve compelir a filosofia a decidir por um lado ou outro e, se aceitar a idéia, modificar suas próprias opiniões sobre a relação da mente com o corpo, de maneira a se poderem conformar ao novo conhecimento. É verdade que a filosofia repetidamente tratou do problema do inconsciente, mas, com poucas exceções, os filósofos assumiram uma ou outra das duas posições seguintes: ou o seu inconsciente foi algo de místico, intangível e indemonstrável, cuja relação com a mente permaneceu obscura, ou identificaram o mental com o consciente e passaram a deduzir dessa definição que aquilo que é inconsciente não pode ser mental nem assunto da psicologia. Essas opiniões devem ser atribuídas ao fato de os filósofos terem formado seu julgamento sobre o inconsciente sem estarem familiarizados com os fenômenos da atividade mental inconsciente e, assim, sem qualquer suspeita de até onde esses fenômenos se assemelham aos conscientes ou em que aspectos deles diferem. Se alguém, tendo esse conhecimento, não obstante se aferrar à convicção que iguala o consciente ao psíquico e, conseqüentemente, nega ao inconsciente o atributo de ser psíquico, nenhuma objeção, naturalmente, pode ser feita, a exceção de que essa distinção resulta ser altamente impraticável, pois é fácil descrever o inconsciente e acompanhar seus desenvolvimentos, se o abordarmos pelo lado de sua relação com o consciente, com o qual tem tanto em comum. Por outro lado, parece não haver ainda possibilidade de abordá-lo pelo lado dos acontecimentos ou fatos físicos, de maneira que se acha destinado a continuar sendo assunto de estudo psicológico. Existe ainda outra maneira pela qual a filosofia pode estimular-se na psicanálise, e essa é tornando-se ela própria tema da pesquisa psicanalítica. As teorias e sistemas filosóficos foram obra de um pequeno número de homens de notável individualidade. Em nenhuma outra ciência a personalidade de cientista desempenha um papel tão grande quanto na filosofia. E hoje, pela primeira vez, a psicanálise nos permite elaborar uma psicografia de uma personalidade. (Ver adiante a seção sociológica, ver em [1].) Ela nos ensina a identificar as unidades afetivas — os complexos dependentes de instintos — cuja presença é presumida em cada indivíduo e possibilita o estudo das transformações e produtos finais que surgem dessas forças instintivas. Revela as relações da disposição constitucional de uma pessoa e dos acontecimentos de sua vida com as realizações abertas a ela, em virtude de seus dons peculiares. Pode fazer conjeturas, com mais ou menos certeza, através da obra de um artista, sobre a personalidade íntima que reside por trás dela. Da mesma maneira, a psicanálise pode indicar os motivos subjetivos e individuais existentes por trás das teorias filosóficas que surgiram aparentemente de um trabalho lógico imparcial e chamar a atenção do crítico para os pontos fracos do sistema. Não é atribuição da psicanálise, entretanto, empreender tal crítica ela mesma, porque, como se pode imaginar, o fato de uma teoria ser psicologicamente determinada não invalida em nada sua verdade científica.

sábado, 2 de junho de 2012

Megalomania - Freud

Vol. XVI – Conferências III – Teoria da libido e narcisismo Já em 1908, Karl Abraham, após um intercâmbio de idéias comigo, declarou que a principal característica da demência precoce ( que se contava entre as psicoses ) era que nela a catexia libidinal de objetos estava ausente. No entanto, aí surgiu a questão que consistia em saber o que acontecia à libido nos pacientes com demência precoce, retirada dos objetos. Abraham não hesitou em dar a resposta: ela se volta novamente para o ego e esse retorno reflexivo é a fonte da megalomania na demência precoce. A megalomania é, em todos os aspectos, comparável à conhecida supervaloriação sexual do objeto na vida erótica ( normal ). Desse modo, pela primeira vez chegamos a compreender um traço de uma doença psicótica relacionando-a com a vida erótica normal. Façamos a pergunta : - Como no estudo e investigação de uma teoria, que se apóia numa dinâmica psíquica complexa, em investimento de energia, e seus deslocamentos, gerando forças interiores num corpo, de onde derivam impulsos, podem ser ignoradas suas forças, como se produzem, e devido a que fatores tudo isso se torna possível ? Se um corpo só apresenta movimento a partir de uma fonte energética, existindo uma distribuição de energia, o que a provoca ? Freud fala no investimento de energia, em seus deslocamentos, na retirada de energia do objeto, e na ausência de energia dirigida a objetos, como características de um corpo. Como na literatura psicanalítica passa despercebido tal tema, ou é tratado ao de leve, que a meu ver, é de suma importância, para tentar entender a evolução das forças, e suas conseqüências, na formação do ser humano ?

sábado, 26 de maio de 2012

Paixão - Inácio de Loyola

Inácio de Loyola, em ¨ Exercícios Espirituais ¨, o grande fundador dos Jesuítas, tem como lugar prioritário em seu discurso o controle das paixões. As paixões tendem a ser ¨ desordenadas ¨, precisando, portanto, de uma ¨ ordenação ¨. - Vencer a si mesmo, é saber que a sensualidade obedece à razão, e todas as partes inferiores estão sujeitas às superiores. ( Loyola, 1986, p. 95 ). - Em ¨ Ordenação dos afetos ¨ (Paixão), tenta desviar-se do caminho ascético, para dispor as paixões ao serviço de Deus. A questão continua a ser pertinente, porquanto parece só existir dois caminhos; a entrega à paixão dos homens por outros homens, ou a substituição do outro pela figura de Deus, em que a paixão apenas muda de lugar, e os pressupostos que conduzem o sujeito à paixão, mantêm-se virgens, intocáveis. O que parece estar em causa para Loyola, e para a maioria dos crentes em Deus, não é a paixão em si mesmo, como causadora de excessos, de frustrações e desavenças, que podem conduzir o homem até atos de violência e criminosos, mas que ela seja desviada do reino dos homens, fazendo sentir-se na figura de Deus. Só assim, podemos entender as atrocidades cometidas pelos homens da Igreja na Idade média, em que podemos perceber o deslocamento da energia, sem, no entanto, dissolver o conflito interno que invade o sujeito, e continua atuante. Será, que sem essa paixão não pode existir a crença em Deus ? Como afirmam alguns autores, a paixão é devida a uma falta de racionalidade, e se ela tende a permanecer, seja em que circunstância for, não deixa de ser irracional por isso, o que convenhamos, que aquilo que parece pender a seu favor, bem vistas as coisas, será uma lança apontada para si mesmo. A questão parece ficar resolvida a partir do que para uns lhes parece ser o bem, que por si mesmo possui uma razão, mesmo não compreendida que seja, desta feita tão irracional como a própria paixão, o que nos coloca no campo do julgamento, que apresenta suas razões terrenas, que não divinas. Perante este cenário, do aceite por uns e não compreendido por outros, só mesmo a confrontação será possível, num cenário próprio de prepotentes e intolerantes, que podem conduzir o homem pelo mesmo caminho da destruição e barbárie. O que parecia controlado, afinal não estava, apenas estaria adormecido. Nada mais poderia ser pedido ao conhecimento da época, e de outras épocas, mas a realidade, é que uma vez implantada essa ordenação das paixões entre os homens de então, nos dias de hoje ainda custa admitir a existência de outras formas, que possam conduzir o ser humano à dissolvência de suas paixões, porque delas precisam outros homens, como forma de os tentar conduzir em rebanho, por determinado caminho. Como a paixão tolda a capacidade racional do indivíduo, e disso não duvidamos, estamos todos de acordo, também, na maioria dos casos, a lei do pai não será compreendida, pelo que suas atitudes e ações mancham suas mãos de sangue, porque de paixão são nutridos. A busca de um meio termo ideal, sugerida como equilíbrio, como refere Inácio de Loyola, será o desfazer da paixão, que uma vez conseguida não pode ser colocada ao serviço de Deus, porque de fato já não existe mais. O que na realidade desejava Inácio de Loyola, com seu discurso ? Em última instância deparemo-nos com algo que é repudiado o tempo todo por homens de ¨ índole moral elevada ¨, que ao introduzirem o romantismo, o belo, o fantasioso, imaginário e o irreal, como fatores artificiais, nada mais fazem que ressuscitar o hedonismo, embora através de caminhos desviantes, como seja, colocar a paixão ao serviço de Deus. Tenho dúvidas, que essa prestação de serviços possa servir a quem não cumpre as leis de Deus, e simplesmente tem por ele paixão, adoração, ignorando as regras a cumprir na relação com outros homens. A realidade nos mostra essa diferença, entre a paixão por Cristo, por Deus, ou Nossa Senhora, e o cumprimento das regras que os homens devem observar na relação com os demais seres humanos. Desse modo, tal paixão está envenenada, adorando o pai, e fazendo as maiores atrocidades na sua ausência, como menino perverso, que apenas teme a punição, mas não deixa de transgredir. Apenas pretende sua proteção, ignorando as leis que deve observar. Nenhum de nós pode ter dúvidas quanto à paixão à divindade, nem tenho qualquer dúvida do amor entre pais e filhos, mas a realidade nos faz saber, que o objetivo principal, a relação saudável, que uma vez degradada fere de morte o ser humano, não emerge do amor, nem da paixão, mas da falta de observação de regras, como as inscritas nos dez mandamentos. Estas pertencem a um patamar diferente da evolução humana, que nada tem a ver com o amor, ou paixão, mas com uma postura desviante, que provém da formação dos próprios pais, transmitida a seus filhos. È precisamente devido a essa formação familiar, que o amor se torna em ódio, de onde emergem sentimentos hostis e violentos, que coloca em causa o processo de humanização, e a própria socialização. È por ela, que as paixões se afirmam, como exigências extremas derivadas de exigências primárias exageradas e irritantes, que só podem ter uma saída, porque o que se pretende uniforme, não consegue gerir a diversidade. Significa, que uma impossibilidade gera uma possibilidade, seja qual for, como forma de preservação da vida e sua continuidade, em que podemos falar de uma amputação à sua própria natureza, criando mecanismos artificiais de estar perante a vida. Não existe o desejo de reconsiderar os processos de formação da criança, mas apenas, e tão só, o desejo de conversão, de repressão e tentativa de controle daquilo que lhes parece inaceitável, que pelos vistos, e a realidade está aí para enxergarmos, não teve o sucesso desejado, em que as atrocidades se sucedem, gerando um clima de terror e insegurança. Não creio que só desse modo a palavra do Senhor possa ser ouvida. E se porventura a palavra de Deus não se faça ouvir, talvez nem exista essa necessidade, porque implantada no terreno, não precisa da constante presença do Pai, e de seus profetas para que possa ser cumprida. Curiosamente, é nos países que mais evocam a figura de Deus, não importa qual a religião, que podemos constatar as maiores desgraças humanas, o que serve de prova ao mencionado atrás. Difícil separar as ordenações emanadas dos conventos, dos conceitos filosóficos e da própria psicologia, porquanto, em traços gerais regem-se pelos meus princípios básicos – Desejo de conversão – repressão – tentativa de controle. Aquilo que é não pode ser, e o desejado por outros não pode acontecer, porque desejos diferentes tornam-se inconciliáveis, em que só a repressão pode dar lugar á conversão, que se traduz na sensação de existência de controle, que de fato não existe. Este tem sido o drama ao longo de nossa história. O absurdo provém de uma formação infantil, que por incapacidade própria, e também devido a uma incapacidade das estruturas que tratam da sanidade mental, não conseguem encontrar uma formação adequada, recorrendo sempre aos mesmos processos repressivos, intolerantes e controladores, que posteriormente, devido ao fracasso dessa política, requer o mesmo tipo de tratamento punitivo. Andamos em circulo sem conseguir encontrar uma saída, em virtude dos princípios determinarem os meios para atingir uma finalidade, que uma vez não plenamente conseguida, repete-se o círculo de novo, e do mesmo modo.