Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento
Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou.
O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana.
http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7
segunda-feira, 12 de março de 2012
A dor e sofrimento nas histéricas
•Incorporação do demónio
A dor será a provocação do corpo em si mesmo de um determinado estado de alteração, mais ou menos insuportável, o impulsionando a resolver um conflito que está a sentir.
A dor cria uma sensação estranha de instabilidade a princípio, e aqui podemos suspeitar da relação corpo / psíquico, como sinalizador de um estado alterado, ou em vias de alteração, que posteriormente se cristaliza numa dor mais intensa, que pode aumentar, ou não, o sofrimento.
O sofrimento, em alguns casos, parece ser aliviado por deslocamento do investimento de energia para a própria dor, que é motivo de apreensão, relegando para segundo plano o papel que possa desempenhar o conflito psíquico.
Podemos suspeitar, que o corpo suporta melhor a dor, que o sofrimento psíquico, derivado de conflitos, julgados pelo indivíduo como insolúveis, em que a transferência para o somático obsta á clivagem / fragmentação de todo um processo evolutivo.
Se assim não fora, toda a evolução estaria comprometida.
Nos é dado a saber a transferência para um apêndice corpóreo, de algo, ou alguma coisa, que não teria condições de habitar a mente do ser humano, considerado como processo ativo, em que a passividade / impossibilidade encontra-se agora circunscrita a determinada região do corpo.
Eu sou a possibilidade gerada por minhas impossibilidades.
A projeção excessiva das histéricas parece ser a resposta, do mesmo modo exagerada, a uma repressão do mesmo teor, cujos desejos ficaram represados, e não parecem ter qualquer condição de serem projetados.
Se tivermos em conta, que a projeção de energias, e não importa de que forma elas se projetam no exterior, parece ser fundamental para o equilíbrio das forças interiores, admitimos, que será apenas uma resposta do corpo a um represamento de uma energia produzida em excesso.
Aqui, damos conta, do fenômeno do arco reflexo, ação / reação, como processo primário, que não exige a existência do sujeito que pensa, caracterizando a autonomia do próprio corpo em relação à mente.
Procurar, de forma inconsciente, ou consciente, a descarga de energia, apenas parece atuar ao nível da relação de forças interiores, não atingindo o núcleo da neurose, que por via disso, tende a manter-se intacto.
A dor nas histéricas parece derivar de um processo inflamatório de alguma parte do corpo, que tende a afetar o todo, deixando revelar uma relação estreita entre o somático e o psíquico, em que nos coloca de alerta, quanto á possibilidade da existência de uma intensidade energética exagerada, devido a uma resistência sempre presente, em menor ou maior grau, impossibilitando a dissolvência do conflito psíquico.
Assim, consideremos, que tal fenômeno sintomatológico, embora não possa ser observado da mesma forma em outras pessoas, eles não deixam de existir, embora com outros contornos e em menor grau, que nos passam despercebidos.
Demónio, aqui, será uma forma simbólica de algo, ou alguma coisa, que habita a pessoa, e a faz sofrer intensamente, que deseja, por isso, extirpar, em que o problema maior reside na ignorância daquilo que a faz sofrer.
Julgo, que a partir destas considerações, temos material suficiente para analisar a problemática da dor e sofrimento, ou pelo menos compreender parte dela, levando em conta tudo que possa estar associado a tal fenômeno físico e químico, muito embora esteja consciente, que a tarefa é complexa, e suscita muitas dúvidas.
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