Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Transformação, ruptura e adaptação

O processo de transformação é inerente à condição humana, no entanto existe uma outra força que se opõe, dependendo das circunstâncias, como tentativa do ser humano não sair do lugar ocupado, e que sente pertencer-lhe. Por isso, a vida pode ser comparada a um elástico, que mantém sua elasticidade partindo de um princípio, ponto de inércia, que pode estender-se até determinado ponto, a partir do qual será promovida a fragmentação. Podemos considerar a existência de uma violação de uma determinada base nuclear que rompeu com uma ordem existente, que pode ser ou não de seguida, restabelecida uma nova ordem, contudo tendo em conta algo de uma estrutura anterior. Porém, podemos considerar que devido à interseção de determinado elemento deu-se uma clivagem tão profunda, que alguns elementos do núcleo original o abandonaram, formando um outro em separado, apresentado-se como referência principal, grau valorativo. Será esse elemento de interseção que levou a formar um outro grupo, (Teoria dos grupos). Pelo exposto, podemos considerar a partir de agora duas estruturas em atividade, e não uma, pelo que ambas, quando solicitadas tendem a apresentar determinada resposta. Talvez possamos perceber tal fenômeno na esquizofrenia em seus movimentos de descontinuidade, mas que ambos parecem pertencer ao mundo dos instintos, em que a afirmação do sujeito apresenta uma grau de valorização exagerado. Tal como na química, a valência e a compatibilidade parece determinar a existência de núcleos diferenciados, referindo que a valência é estudada em psicanálise como economia, e a compatibilidade como dinâmica psíquica e respectiva associação. Não sei se poderemos estar de acordo, que para manter-se o núcleo original, deve, o elemento a incorporar, apresentar uma compatibilidade associativa, e um grau de valorização que se submeta ao representado pelo núcleo, ou seja semelhante, o que estará de acordo com o referido por mim anteriormente que a formação do indivíduo deve fazer-se através de pormenores.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Discurso perverso

Quando o discurso do psicanalista é pautado pela ideologia, estamos perante uma ideia social e política, que se encontra aquém e além dos princípios teóricos em psicanálise, sendo uma nova forma de exercer um poder como substituto de outro existente. Cada vez mais é notada a ausência da dissociação entre ciência e política, em que ao saber o sujeito exige um poder, que na realidade não deveria estar vinculado, dado que o mais saber deveria pautar-se pelo reconhecimento de sua própria ignorância. Num mundo globalizado, em que as novas tecnologias permitem a viagem e a comunicação em tempo real com os demais, sendo acessível ao mais comum dos mortais, a verbalização tende a perder algum de seu sentido, pelo que a sedução deve imperar para conduzir o sujeito naquilo que a outros interessa. Tenta-se combater o poder com outro poder, numa substituição infinita de objetos, que julgamos de outra dimensão, quando bem vistas as coisas, pouco vem acrescentar à problemática da humanização e socialização, de que seus autores tanto falam. Falar de poder e o desejar sem dar a ideia de o querer, nada melhor que combater o poder instituído, como forma de se instalar na cadeira do poder, dado que este não deve esvaziar-se de sentido, sendo a bússola que orienta qualquer ser vivo. Incorremos por vezes na prática de responsabilizar os mercados consumistas, ditos regimes capitalistas, pelo alastrar das crises psíquicas, do mesmo modo que o neurótico tenta responsabilizar sempre o outro pelos seus desaires, não percebendo o autor deste texto qual seja a diferença de ambos os comportamentos. Continuamos a fugir à responsabilidade de encontrar um caminho alternativo, que não passa pelo outro, mas por descobrir o seu próprio caminho, como forma autônoma de se apresentar perante a vida e os obstáculos que exigem superação. Falamos do gozo que nos oferece a liberdade de gozar em tudo que possa representar o estético, o atraente, tentando dizer que o sujeito do gozo que goza, só o pode fazer porque o poder capitalista assim o incentiva, transformando em coitados, aqueles a quem devia ser mostrada a força de sua energia dispersada no seu próprio gozo, transmitindo-lhes que podem, e devem tomar as rédeas de seu poder interior. Este tomar as rédeas de seu próprio poder interior é o fim último a que se propõe a psicanálise, a que só deve ser exigida uma coisa simples, embora pareça a alguns ser difícil cumprir, o respeito e consideração pelos demais. Fazer a apologia da destruição de um sistema, neste caso capitalista, consumista, logo nos assalta a ideia da substituição por outro mais tenebroso, dizem outros, por afetar a liberdade do sujeito, como seja o comunismo, ou o socialismo, pelo que nos enredamos em formas ideológicas, que pertencem ao mundo do coletivo, da sociedade, que não da individualidade. Devo afirmar que a análise é um processo individual, embora transportando consigo o histórico do sujeito adquirido ao longo de sua existência, não terá condições de sucesso se continuar a valorizar e a cultivar sentimentos de vergonha, constrangimento e de culpa, perante uma formação repressiva familiar e da própria sociedade. Valorizar um regime, seja qual for, é não se valorizar a si mesmo, em que o poder encontra-se no outro, e com o outro, tornando-se submisso e neurótico, sujeitando-se desta feita ás drogas autorizadas e à verbalização sedutora, será tratar o sintoma, que não a própria neurose. A psicanálise finda a sua missão quando, mediante a análise o sujeito recupera o gozo pela vida, em que o vício da vida tende a superar a morte, não cabendo ao psicanalista tentar seduzir, ou conduzir a vida do sujeito posteriormente, por intermédio de seu suposto saber.