Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A busca pela felicidade


A busca pela felicidade, versus desprazer de estar na vida, provoca a demanda pela psicanálise, não porque ela seja a felicidade, bem pelo contrário, em determinados momentos pode provocar ainda mais desprazer.
Aqueles que não a toleram, o desprazer será o seu prazer.
Alguns autores afirmam que o prazer apresenta algo mágico, o que eu duvido, dado que os sofredores é que relatam toda a magia relativamente às coisas que circundam sua existência, em que as fantasias e figuras fantasmagóricas lhes conferem uma superioridade, julgando estar no reino dos Céus.
Eles conseguem enxergar o que outros não conseguem ver, e isso lhes dá um poder ilusório, aumentando seus índices de prazer.
Podemos perceber nessa fórmula fenomenológica um sintoma de negação do desprazer, mediante a construção de imagens e idealismo que aviltam o prazer.
Desse modo nos encontramos sujeitos a forças interiores que oscilam entre o prazer e desprazer, que não podem ser mensuráveis, mas cujos excessos determinam no corpo um sentido de prazer e desprazer.
Assim, o conceito de prazer pode ser entendido como um estado de não excitação, em que tudo que está para além dele corresponde a exageros, que apresentam alguma dificuldade em serem compensados pelo biológico e psicológico.
Nos é dado a observar isso no transtorno bipolar, formando um ciclo de exageros, em que o dispêndio de energia é enorme relativamente a um estado referido como normalidade, em que a problemática da excitação desmedida provoca de seguida a diminuição de fatores estimulantes, o que faz cair o sujeito por algum tempo na esfera da não excitação, eu diria mais, da inanição.
Ou seja, não parece que existam fatores estimulantes suficientes que possam suportar o sujeito durante muito tempo na euforia, entrando num quadro depressivo devido à carência de estimulantes.
Parece existir uma ordem psicológica que corrompe uma ordem estabelecida no corpo, biológica, que o próprio sujeito não consegue entender, que a meu ver deve ser percebida
na constituição de desejos, na repressão ou sua liberação sem restrições, e mediante o estudo e investigação das forças que operam na interioridade de cada ser humano.
Entendidas assim as coisas, podemos perceber que o princípio do prazer, que tanto aflige os moralistas afinal preserva um equilíbrio emocional, e que os desmandos provêm de uma inadequada relação formativa, que impõe mais prazer para dissolver o desprazer sentido no corpo.
Significa, que a teoria do desprazer, do sofrimento e da dor, parece funcionar exatamente ao contrário, do que muitos nos querem fazer crer.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sexualidade e energia libidinal

O simples fato de não reconhecermos a energia da libido, como resultante de um poder de criação, energia sexual, inibe o sujeito, fabricando um incomodo, que não o deixa enxergar a alma criadora, do mundo e das coisas, supondo que deve estar colocado mais além, ou oculto, não consegue por si mesmo detonar a realidade do universo, em que a existência das espécies depende desse fator relacional entre corpos, através do exercício da sexualidade. Não tem como negar que Deus nos deu esse poder da procriação, em que só nos resta adaptar à relação entre humanos.
Assim, podemos ser levados a admitir, que o exercício da sexualidade depende do modo como o indivíduo é levado a relacionar-se com os outros.
Essa é a lei da própria natureza, com sua finalidade última, que nos custa admitir que assim seja, ou possa ser, procurando no além uma resposta através da recusa dos fenômenos da própria natureza, constituindo-se em uma nova psicologia, desta feita artificial.
Tais teóricos começam logo por negar a própria natureza, ou seja, a realidade, dado que nada mais pode ser observado para além dela.
Se existe uma causa que impulsiona o corpo, ela provém da energia sexual, coisa dada ao corpo, e somente a ele, atingindo seu auge na relação intima com os outros, independente do sexo, em que a direção hetero ou homo é conferida por identificação.
Tal diferenciação deve-se a fatores psicológicos mediante a relação com os formadores, que em muitos casos desviam o indivíduo da procriação, fazendo deles improdutivos, devendo ser estudado, a meu ver, em separado.
Curiosamente a bissexualidade não impede a fecundação e procriação.
Tenho afirmado que o órgão sexual é apenas isso, algo biológico, que expele líquidos, resultando em algum prazer mediante a descarga.
A irritação, vulgo excitação, que podemos observar num bebê de meses do sexo masculino, mediante a ereção do pénis, deve ter uma explicação biológica, que não psicológica.
Ademais, nos é dado a perceber, que uma criança até aos sete anos, não possui qualquer ideia acerca das relações sexuais entre os adultos, o que vem confirmar, que sem ideia não devemos falar em psicológico.
A criança entende manifestações de carinho, afeto, sem associação alguma ao emprego da sexualidade, o que nos coloca perante a auto satisfação, auto erotismo, sem conexão relativamente ao ato sexual.
Como diria Saramago, nascemos inocentes, mas não morremos inocentes.
Se assim é, podemos aceitar, que qualquer transformação do corpo, ou sentidos, possa alterar essa associação corporal e orgânica, incidindo sobre mecanismos estabelecidos orgânicos, necessitados de descarga, como forma de aliviar o desprazer sentido.
Temos então, um órgão genital desempenhando a sua tarefa biológica, que ao mesmo tempo proporciona ao indivíduo imenso prazer, porque se assim não fosse, não saberia o corpo como dar continuidade à preservação da espécie, se outro gozo mais intenso existisse.
Mas outra realidade podemos observar nos indivíduos com algum tipo de transtorno psíquico, em que apresentam uma forma particular de usar seus órgãos genitais no exercício de sua sexualidade, pelo que, devemos considerar o atrás descrito, em que a síntese de uma complexidade psicológica determinada pelas relações na formação, tendem a despontar no exercício da sexualidade.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Violência e violação sexual

Evento gratuito

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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Princípio do prazer


Princípio da homeostase
·         ( Biologia e fisiologia)

Considero que tudo tem um princípio a partir do qual pode existir uma evolução, ou se o quisermos, uma transformação, carecendo para tal de uma adaptação do corpo mediante uma reorganização daquilo que antes estaria organizado segundo determinada ordem.
Se os corpos à partida estão organizados de acordo com princípios biológicos e fisiológicos, as transformações que ocorrerem devem ser da ordem quantitativa, o que nos coloca perante o estudo e investigação de forças interiores e exteriores.
Ou seja, de acordo com os elementos constituintes de um corpo, e dos existentes no universo, não nos é permitido perceber qualquer alteração qualitativa, mas sim quantitativa, dado que todos os elementos interiores e exteriores disponíveis são semelhantes.
A alteração qualitativa será apenas uma sensação de bem estar sentida no corpo, não inibidora dos movimentos, cuja inibição pode ser transformada em dor e sofrimento, cujas manifestações do corpo indiciam que algo não estará bem adaptado ás suas necessidades.
Como dá para perceber, aqui é o corpo que sente e se manifesta, provocando o mal estar, ou  a satisfação e algum prazer.
Considero que o estudo e investigação deste princípio, tendo em conta as diversas alterações produzidas é fundamental para entender como as forças físicas podem atuar ao nível psíquico, e como a dinâmica de conteúdos mentais, com suas inibições, proibições, e traumas podem levar a consequências orgânicas e fisiológicas.
Assim, ainda hoje, andamos às voltas com o prazer e desprazer, observando cenas de violência que não entendemos, que causam dor ao outro, mas que nos custa aceitar que possa existir algum prazer nisso, por parte de quem as pratica.
Se nos queremos dedicar à terapia, não nos deve interessar muito a classificação, mas antes como as forças em presença estão organizadas, cuja finalidade será perceber o que despertou algumas forças, que não outras, que originaram esse comportamento.
Será no trabalhar desses fatores, que despertaram algumas forças, as potencializaram, que podemos alcançar o sucesso terapêutico, em que o indivíduo é chamado a reorganizá-las segundo uma nova perspectiva.
Aos poucos a neurociência vem colocando em evidência, que mesmo nos casos de psicopatia, existe um princípio biológico e fisiológico, que potencializados conduzem à patologia, pelo que a existência de genes, por si só, não são motivo suficiente para conduzir o ser humano ao patológico.
Ao falar de potencialização, somos levados para o estudo e investigação de forças, o que significa que estamos posicionados no mundo da energia, na relação entre corpos que a podem potencializar, conferindo-lhes um certo grau de valorização da força, relativamente a outras.
A tendência à adaptação é forçada por uma outra tendência, o princípio da constância, como forma do corpo manter, preservar, sua funcionalidade, que está organizada segundo uma ordem biológica e fisiológica.
A disfunção, a doença, será, pois, uma incapacidade do corpo em reorganizar-se segundo seu próprio modo de organização, evidenciando através de suas manifestações toda a sua insatisfação.
   

sábado, 3 de novembro de 2012

Adaptação, recusa e desejos

O homem longe do olhar da sociedade, é um ser humano a viver sozinho, que proporciona a si mesmo um estilo de vida único, que não se compadece com modelos importados, nem se importa com julgamentos, em que encontrou no meio um modo de viver feliz.
Desse modo, protege-se dos olhares indiscretos e julgadores, retirando a ameaça de uma guerra constante contra o seu Eu, que por via disso o impede de viver, recriando o seu parque infantil com acessos restritos.
A sociedade que o fabricou lhe conferiu a autonomia, quando permitida, pela que sua tendência é afastar-se de seu convívio, criando um mundo em proveito próprio, muito embora incorporado por suas referências, em que a neurose não apela ao objeto, e a psicose espreita, ansiosa por fazer sua aparição.
Embalado pela ambivalência formativa, de seguida desfeita, dado que a autonomia assim o exige, depara-se com o novo que é preciso organizar, a que não pode faltar o afeto tão necessário para a vida, debate-se com a organização daquilo que ainda não existe, e apresenta alguma dificuldade em encontrar.
É um vir a ser, que não sabe se encontra além, o que parece faltar, aqui e agora, criador de alguma insegurança, que pode provocar ansiedade, atitudes incompreendidas, cuja finalidade será a tentativa de arranjar a cama para se deitar.
É esse vir a ser, criador de uma sensação de instabilidade, prenúncio de algo que está por vir, mas que teima em não se revelar, que nos é dado a observar em muitos seres humanos da atualidade, que nos coloca perante o caos, apenas por não saber organizar, e organizar-se, de acordo com seus próprios desejos.
O vir a ser será muito mais que um ser que não se completa, algo incompreendido, alheio à própria função, que um ser se obriga a procurar para que ela não se perca, encontrando nos exageros a própria disfunção.
A crise de adaptação, a recusa e o desejo parecem constituir uma complexidade, que demora seu tempo a arranjar cama.