Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Inatismo e razão

O inatismo

Pequenos trechos retirados do livro ¨ convite á filosofia ¨, de Marilena Chaui.

Vamos falar do inatismo tomando dois filósofos, como exemplo: o filósofo Grego Platão e o filósofo francês Descartes.

Inatismo platônico

No Mênon, Sócrates dialoga com um jovem escravo analfabeto.
As verdades matemáticas vão surgindo no espírito do escravo á medida que Sócrates vai fazendo perguntas, e raciocinando com ele.
Como isso seria possível, indaga Platão, se o escravo não houvesse nascido com a razão e com o princípio da racionalidade ?
Como dizer que conseguiu demonstrar o teorema por um aprendizado vindo da experiência, se ele jamais ouvira falar de Geometria ?
Fim de citação.

Se existe uma razão inata, o universo em si mesmo é racional, cujo princípio de racionalidade é uma possibilidade, que pode ser potencializada.
Observemos então, que toda a estrutura das diversas funções que é dada á matéria, vem de uma forma genética, e da biologia, como ciência da própria natureza, que constitui o ato criador.
A verdade e a razão são formas existenciais, por isso mesmo inatas e universais, contidas nos corpos, que por eles tendem a ser manifestadas.
Mas esta razão, é derivada da matéria, sendo a existência, que tem condições próprias para existir, mas que não consegue sobreviver por si só, dependendo do meio exterior.
O que vem na sequência desse ato criador, tende a potencializar as características que é conferida á matéria, através de um processo da própria natureza, que apresenta a cada momento suas consequências.
Por isso, existe uma verdade e uma razão que desconhecemos, que nos é dado pela própria natureza, que está organizada segundo uma lei própria, de cujos princípios o ser vivo desconhece, mas que incorporada, o corpo passa a ser o representante ativo dela.
Se consideramos o inato, do mesmo modo devemos considerar o ato involuntário, dele derivado, como pertença de uma função genética e biológica.

Diz – Marilena Chaui:
.
Na República, Platão desenvolve uma teoria que já fora esboçada no Mênon; a teoria da reminiscência. Nascemos com a razão e as idéias verdadeiras, e a Filosofia nada mais faz do que nos relembrar essas idéias.
Conhecer, diz Platão, é recordar a verdade que já existe em nós; é despertar a razão para que ela se exerça por si mesma.
Fim de citação.

A função está organizada numa base celular, que tem um modo próprio de associação das milhares de células constituintes de um corpo, com seus princípios, que apresenta em sequência um determinado desenvolvimento, e como consequência podemos observar um aumento da massa corporal.
O que está na base nuclear da própria célula, é disseminada por todo o corpo, e o ser vivo a ela está sujeito, e se sujeita, como derivado do núcleo.
Desse modo o ser vivo transporta consigo toda a engenharia genética e biológica, sendo ele próprio o produto acabado de um processo que desconhece, mas do qual é possuído, em que o modo de organização posterior não será diferente do anterior.
Esse será o ato involuntário de processos posteriores, segundo uma organização funcional da genética e biologia.
Desse modo não nos custa a entender, que existe um movimento derivado da própria função, que obedecendo aos seus princípios, servirá em posteriores atitudes humanas, em que a associação, como forma de organização, é essencial, e mais primitiva.
Ou seja, o corpo uma vez induzido, tende a induzir um outro, e a deduzir em face de um corpo que lhe é estranho, acerca do qual toma sentido.
Este será o despertar de uma verdade e razão que existe nos corpos.
A reminiscência não é inata, dado que ela é produzida através de uma tomada de sentido posterior ao próprio ato criador.
O que parece não restarem dúvidas, é que sem a relação, novas experiências, o fazer, tende a permanecer um estado estacionário, o que impede a evolução.

Acrescenta Marilena Chaui:

¨ Descartes diz, que as idéias inatas são a assinatura do criador no espírito das criaturas racionais, e a razão é a luz natural inata que nos permite conhecer a verdade.
Visto que as idéias inatas são colocadas em nosso espírito por Deus, serão sempre verdadeiras ¨.

Deste modo, as dúvidas dissipam-se, dado que a própria existência das coisas e do mundo, apresentam uma razão própria para existir, que existem devido a um processo natural que é criador, e o ser vivo sua criação, em que o corpo é a evidência do espírito de todas as coisas.

¨ A tese central dos inatistas é a seguinte: se, desde o nosso nascimento, não possuímos em nosso espírito a razão com seus princípios e leis e algumas idéias verdadeiras das quais todas as outras dependem, nunca teremos como saber se um conhecimento é verdadeiro ou falso, isto é, nunca saberemos se uma idéia corresponde ou não á realidade a que ela se refere. Não teremos um critério seguro para avaliar nossos conhecimentos ¨. Refere a autora do livro.

O sublinhado por mim, que algumas idéias verdadeiras das quais outras dependem, não parece que seja aceitável, dado que o recém nascido não tem idéia nenhuma acerca das coisas, e o do mundo que o rodeia, simplesmente o seu movimento está coordenado com os princípios de uma lei genética e biológica, o que é bem diferente.
Será então, a coordenação de um movimento interno de um corpo, segundo suas próprias leis, que perante um movimento exterior de outros corpos, os tende a adaptar á sua própria função, e não o contrário.
Este é o princípio de realidade de que Freud fala, em que as idéias surgem dessa relação.
O que parece existir em qualquer ser vivo é uma forma, que lhe é conferida pela genética e biologia, que o capacita para a vida, como algo inato, que produz atos involuntários, que o ser humano não conhece, e a ciência atual tenta desvendar.
Desse modo, sou a deduzir que existe de fato uma razão que é meramente existencial, que não mental, que podemos observar nas atitudes humanas exteriorizadas.
O indivíduo sofre os efeitos de um impacto ambiental e familiar, de onde surgem idéias, que são adquiridas e circunstanciais, que em certos casos podem promover a inversão de uma forma de sentir interior, percebendo-se desse modo a ruptura com a própria natureza das coisas, e do mundo.
Essa será a tentativa de subversão, ou conversão a uma forma artificial, e nunca, como referem alguns autores e filósofos, uma forma de evolução, dado que não existe a possibilidade de adaptação a algo estranho á própria organização das forças do universo, que se fazem representar no corpo de qualquer ser vivo.
É a partir da relação entre corpos, e de suas forças, que podemos falar em mente.

sábado, 25 de junho de 2011

Abuso sexual infantil

coisasdamente: Abuso sexual infantil: "Entrevista: Tilman H. Fürniss, especialista em tratamento de casos de abuso sexual infantil 18 de maio de 2011 Por Admin UDF 1 Comentário ..."

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Liberdade e poder de escolha II

Esta questão, agora levantada, da liberdade e poder de escolha, prende-se com uma outra, a força de vontade, que a maioria pensa estar ao alcance das pessoas a decisão, quando na realidade tantas vezes tal não acontece.
A força de vontade em decidir, a coragem necessária para o fazer, a indecisão, o isolamento, a fuga, e a paralisia, assim como a amnésia, parecem ser fruto de uma outra força de vontade qualquer, algures localizada em terreno desconhecido, que o ser humano não controla, nem sabe que existe, mas que tende a exercer o seu poder.
Atos involuntários de um corpo que sente, que comete o pecado capital da traição para com o corpo que pensa, ou pelo menos julga pensar, mas que por pensar, não parece que seja uma condição suficiente, pelo menos em muitas ocasiões, para levar por diante a produção do seu próprio pensamento.
Freud nos apresenta a teoria em psicanálise como o produto de uma relação de forças, em que a força de vontade de um corpo que sente, tenta vingar perante uma força exterior que o tende a afetar, devido a uma pressão excessiva exercida, que condiciona a liberdade do próprio corpo, em que o poder de escolha não existe.
Ou, se o quisermos, a escolha primária será apenas uma, a libertação de algo que oprime, que condiciona o movimento, e amarra o ser vivo a uma determinada condição, sentindo-se prisioneiro, aprisionado em sua própria casa, à sua interioridade, que não pode ser exteriorizada.
A teoria do recalque e do recalcado foi forjada tendo em conta tais pressupostos, em que as forças, interiores e exteriores, manejam e tentam controlar os movimentos de dentro para fora, e vice versa, num bailado de relações, de interações, e de intromissões, que tentam colocar em causa o equilíbrio estável de um corpo, cuja finalidade será a obtenção de uma outra postura, diferente da primária.
Porém, estamos a falar de forças, como se o corpo fosse apenas físico, massa muscular treinada para exercer uma determinada força, como tentativa de superar uma diversidade de obstáculos, que eventualmente, possam ser presentes ao ser humano.
Para além dos problemas ocasionais, damos conta de uma relação interpessoal, que se faz representar por uma intencionalidade, em que existe uma vontade de uma força derivada de um desejo voluntário, e tantas vezes uma vontade proveniente de um sentido derivado do instinto, que o indivíduo não consegue definir, nem sabe que existe, mas que apenas sente.
A resultante dessa relação e interação de forças, nos garante a realidade do sujeito, o seu caráter, como fator de adaptação ao meio para que possa sobreviver, e garantir o princípio da satisfação, eu diria, de alguma satisfação, para que possa atingir a sua finalidade prioritária, a continuidade da vida.
A mentira produzida como resultante de uma ato de libertação é, a meu ver, a maior prova do atrás descrito, em que a pressão exercida através de um ato punitivo, afasta do sujeito a realidade dos fatos observados, por impossibilidade de ser reproduzida.
Quem vai reproduzir um fato da mesma forma que antes fora produzido na realidade, quando o cutelo se posiciona sobre suas cabeças ?
A maioria não é Cristo, e por isso, foge da cruz.
Uma criança açoitada por partir um objeto em casa, sabendo que vai ser punida se o fizer de novo em relação a outros objetos, como vai reagir ?
Sem dúvida, somos um produto reativo a forças exteriores que nos impedem o movimento e nos punem perante a realidade vivida, que o adulto não deseja observar, nem de sentir, que por isso, tenta impor aos outros.
A mentira é de fato um ato de libertação perante a adversidade de uma eventual punição.
E você, mãe e pai, que diz e deseja que seu filho diga a verdade, que não será mais, que a reprodução da realidade dos acontecimentos, através de uma atitude punitiva, seja verbal ou física, vai obter o contrário do desejado.
A razão existencial tende a superar a razão intelectual, quando o ser vivo é colocado perante a dor e o sofrimento, em que a escolha parece clara, mentir para não sentir na carne os efeitos da punição.
Afirmamos tratar-se da emoção que supera a razão, e tende ocultar os fatos, quando na realidade o que podemos perceber, é que somos colocados perante a presença de uma razão existencial, que a maioria pretende ignorar.
Existem razões que a própria razão desconhece, diz o filósofo, pelo que razão alguma pode reconhecer uma outra qualquer, a não ser a si mesma.
Spinoza afirma, que tagarelamos acerca da vontade do corpo, mas ignoramos quanta força ele possui, e do que ele é capaz.
A filosofia psicanalítica da mente, estuda e investiga essas forças, a forma como estão organizadas, como interagem, e qual a força emergente, que tende a evidenciar-se perante a complexidade de uma forma energética, derivada de um meio físico e químico.
Alguns afirmam tratar-se de uma sopa de onde tende a emergir um sabor, uma síntese, como resultante de uma diversidade de ingredientes.
De aparentemente corajoso, virou covarde, quando se trata de arcar com a responsabilidade de seus atos, por isso foge, e tenta esconder-se dos olhares indiscretos da justiça.
O assassino, como produto dessa sopa, que á partida é indiferente á dor e ao sofrimento, tenta ocultar seu ato para fugir á punição.
Aqui percebemos o desprezo pela dor e sofrimento do outro, de seu semelhante, que não indiferente á sua própria dor e sofrimento.
O outro, apenas funciona como alimento de sua voracidade.
Que escolha pode ter uma filha severamente reprimida, sujeita até mesmo a atos violentos, e violações, na altura de escolher um companheiro ?
Qualquer um lhe parece servir para voltar às costas á prisão.
O que de bom podemos esperar de seguida ?
Será sempre melhor do que o sentido anteriormente.
Depois !. Bem, depois se verá.

domingo, 19 de junho de 2011

A verdade com objeto do sujeito

Psicoanalizare: A verdade com objeto do sujeito: "• Objeto da filosofia psicanalítica da mente Se a filosofia tem por missão encontrar a verdade, uma vez encontrada, constitui-se como real..."

A verdade com objeto do sujeito

• Objeto da filosofia psicanalítica da mente

Se a filosofia tem por missão encontrar a verdade, uma vez encontrada, constitui-se como realidade do sujeito, seu objeto, e deixa de ser objeto da filosofia.
Me é dado a conhecer, através da clínica, que uma vez encontrada uma suposta verdade, e uma vez admitida, porque compreendida, a complexidade psíquica, que estaria a provocar um transtorno psíquico, tende a dissolver-se.
Significa, que o não compreendido, através da intromissão de uma suposta verdade, passou a ser compreendido.
Somos levados a considerar, que tudo aquilo que é objeto do sujeito, será a sua realidade, sendo uma verdade individual, por isso, subjetiva para tantos outros, que se torna em objetivo do sujeito, em virtude de ser seu objeto.
Percebemos desse modo, a verdade de uma frustração, da tristeza, e da ansiedade, que não mais será, que a sua própria realidade de um estado físico e mental, que devido a um elemento de interseção, uma suposta verdade admitida, teve a particularidade de resolver um conflito psíquico.
Se existe uma razão ela será existencial, correspondendo á real existência das coisas observadas , ou sentidas, independente de suas qualidades, que ao mesmo tempo será a sustentação de uma lógica, como encadeamento de um processo mental.
Não raras vezes constato a afirmação filosófica, que a verdade não existe em absoluto, sendo, por isso, subjetiva, e aquilo a que o ser humano pode almejar será a uma concepção aproximada do que será a verdade.
Desse modo, nos faz saber, que a verdade não existe em termos absolutos, que ela é, ou está em lugar incerto, que não pode ser alcançada.
Tal afirmação nos vem dizer da necessidade da filosofia como disciplina de um suposto saber, que de fato parece não apresentar condição alguma de chegar á verdade, entendida como referência absoluta, pelo que ser filósofo é sentir-se ignorante.
Assim, um suposto saber não pode originar uma razão objetiva, a não ser meramente no plano individual, de um ser racional em si mesmo, que possui o princípio da racionalidade.
Mais, a razão subjetiva, segundo Marilena Chaui, pág. 61 – Convite à filosofia - é uma capacidade intelectual e moral dos seres humanos, que ultrapassa o plano do racional, e se posiciona na capacidade humana de racionalização.
Nos vem dizer, por isso, que o objeto racional, indivíduo / sujeito, apresenta como objetivo a racionalização do conhecimento adquirido, entendido como mera interpretação, que provém da livre associação das imagens e idéias adquiridas posteriormente, com as anteriores, e entre elas.
O argumento nasce dessa necessidade de sustentar tal associação de idéias e imagens, por entender o indivíduo / sujeito que essa será a verdade, ou seja, a sua verdade, que será ao mesmo tempo a sua realidade interior.
Se assim entendermos, a razão daí resultante será também ela subjetiva, como derivada de uma visão intelectual, individual, que depende do modo como o indivíduo /sujeito promove a associação de imagens e idéias.
Na realidade é, a partir da ignorância, que nasce o filósofo e a filosofia, por uma necessidade individual de entender, e perceber o mundo e as coisas.
O sujeito parte de um saber, ou de um suposto saber, na procura de mais saber, em que parece existir uma insatisfação interior, que desperta o corpo provocando o desejo, e o impulsiona ao movimento exterior na tentativa de mais saber.
O questionamento parte de uma verdade frustrada.
Enquanto existir uma verdade, ou uma suposta verdade psicanalítica, em que o sujeito entende, que será nesse lugar, servindo-se dele, que pode chegar á sua verdade,
sujeita-se à análise, mas assim que a encontra, ou julga ter encontrado, a abandona.
Em outros casos, o abandono deve-se ao entendimento de não ser naquele lugar, que poderá chegar á verdade, cujas razões serão da mais diversa ordem.
Em resumo, a psicanálise, e o ato analítico só tem seu lugar, quando existe uma forma, que não se percebe lógica no processamento mental, que Freud refere como não compreendido, que tenta contrariar, ou distorcer, um sentido derivado de uma certa organização mental.
Lembremo-nos que a constituição da organização mental e seus registros psíquicos, são processados durante o período da infância até á puberdade.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Liberdade e poder de escolha

Algumas frases construídas por pensadores populares dão que pensar em que podemos perceber a sabedoria através da simples observação do cotidiano.
- A juventude não escolhe a liberdade, mas sim coisas.
A discussão da escolha entre marcas de computadores, da preferência de tecnologia estrangeira em relação à nacional, e até mesmo do refrigerante, traduz-se na liberdade de escolha da juventude, apenas, porque à partida a sua liberdade individual parece estar preenchida.
Significa, que um ser humano só é livre para escolher, quando não luta pela liberdade, dado que, quando esta é colocada em causa, não existe a escolha, mas apenas a determinação em libertar-se das amarras.
Diferentemente da escolha, a liberdade é imperativo de um corpo que sente.
Perceba-se a repressão, tantas vezes disfarçada por um poder econômico e político, que tudo tenta controlar, desde as cadeias de supermercados aos órgãos de informação, cuja finalidade é assegurar-se da sua supremacia social, econômica e política em relação aos restantes elementos da sociedade.
A luta pela liberdade de expressão, que no tempo da ditadura só por meios revolucionários, ou servindo-se de artimanhas era possível, dada a repressão intensa a que as pessoas estavam sujeitas, pagando por vezes com a sua própria vida, em democracia é mais light, em que a sedução, como tentativa de manipular as pessoas mantém-se no horizonte psíquico de uma classe dominante.
A escolha é um ato posterior ao próprio ato determinado por uma vontade interior, que é desejo, que não necessidade,em sentir-se livre, em que esta pertence á função do próprio corpo, e aquela a um desejo de posse, que apresenta a particularidade de apenas poder ser realizado através de uma relação exterior.
A liberdade é impulso do corpo, a escolha é opção entre a diversidade, que deixa de existir quando são garantidas duas condições a saber:
- Quando não existe o diverso, mas apenas um objeto.
- Ou, quando a liberdade em movimentar-se e de expressão são colocadas em causa.
Como podemos perceber, nenhuma destas condições se coloca á juventude de hoje, pelo menos á grande maioria, em que os pais facilitam a vida aos seus meninos, compram tudo, e eles só tem mesmo é que escolher.
Os radicais se apresentam para a discussão, cujos argumentos apontam no sentido de defenderem a sua própria forma de estar na vida, questionando em jeito de afirmação, que aquilo que dizemos indicia uma proibição.
Nada dito lhes foi dito, porque não facilitar não é proibir, dado que, devido a algumas circunstâncias não lhes é concedida a realização de seu desejo, em que deve existir um equilíbrio entre o desejado e a posse, porque nem tudo podemos possuir embora possamos desejar.
O problema posiciona-se na fragilidade formativa, que se dá mal com a adversidade, em que os pais apresentam alguma dificuldade em lidar com as reclamações dos filhos, assim como a mãe, tantas vezes, entra em transe perante o choro de sua criança.
E como o conhecimento passa de pais para filhos, se os pais são frágeis, a tendência será apresentar os seus rebentos frágeis.
Estamos perante a lei da natureza humana, que no fundo é semelhante ao que se passa na biologia, em que os rebentos fracos, apresentam uma tendência para sucumbir, devido á impossibilidade de vingar por falta de vitalidade.
A lógica nos manda avisar, que a vitalidade é conseguida através de um processo interativo, em que o ser vivo tenta adaptar-se ao meio, o que implica ultrapassar algumas dificuldades interiores, sentidas como adversidades, que uma vez sobrevivendo, o ser vivo é forçado a tomar sentido das mesmas, as tendo posteriormente em atenção.
Não facilitar, não implica uma punição verbal ou física, mas apenas a privação de algo desejado que não pode ser concedido.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Filosofia psicanalítica da mente

A procura da verdade
Ao longo da existência humana assistimos a pensamentos diferenciados, que a meu ver, são a procura de uma verdade que nos parece escapar, mas que perseguimos insistentemente, que não se contradizem, sendo apêndices de algo fundamental e inatingível.
Se a Filosofia é a procura da verdade, ela não está visível para o ser humano.
E se assim entendermos, mesmo que a encontremos somos levados a duvidar dela, dado que é algo de difícil acesso.
Mas onde se encontrará a verdade ?
Qual é a sua morada ?
Sejamos mais profundos.
Ela se encontra na própria existência das coisas, como algo concreto e palpável, ou o abstrato também contém a verdade ?
E que verdade será essa, que tanto se apresenta, e pode ser observada, como ser oculta e invisível ?
Se assim podemos considerar, ela se encontra para além da própria existência das coisas, como resultante de processos anteriores, que já não coisas, mas pura energia.
As coisas passam a ser um produto de uma verdade anterior, que se estabeleceu a partir de uma relação e associação de formas energéticas, resultando em massa corporal, de cuja evolução fala Darwin, por exemplo.
Os processos físicos e químicos são anteriores á própria existência das coisas.
Ou serão as mesmas coisas, que não podem ser observadas pelo o ser humano, porque infinitamente pequenas não percebemos a sua presença ?
Quando procuramos, somos levados por indícios, como restos que permanecem na mente humana, que nos possa conduzir ao lugar onde supostamente julgamos encontrar a verdade.
Podemos questionar, que restos serão esses ?
Contudo existe uma condição essencial para a procura da verdade, que tem a ver com a aceitação de que a existência da diversidade contraria o princípio da constância, e da uniformidade, ou seja, de um referência absoluta.
O que nos leva a perceber, que ela está em todas as coisas, que servem a uma complexidade como realização de uma verdade superior, á qual ainda não temos acesso.
Desse modo, a verdade individual faz parte de um todo, mostrando ser uma infinita parte de uma verdade universal de que pouco sabemos, que só nos é revelada através da relação e associação de formas, ou seja, de outras verdades, que não devemos julgar.
A questão da intolerância, de o sujeito bater-se de forma prepotente pela sua suposta verdade, não se encontra na verdade como algo abstrato ainda desconhecido, mas em cada corpo, que se manifesta, sem saber o que é verdade, ou sequer se ela existe.
Para se ser intolerante, o indivíduo tem de possuir força interior para sustentar a sua verdade a ponto de confrontar-se com todos os outros que tendem a opor-se, em que o confronto de verdades se traduz, não raras vezes, em violência gratuita, levando até à morte.
Todos sabemos, que um corpo para existir tem de possuir energia, de onde resulta alguma potência, mas ela por si só não explica a super produção de energia, que faz do homem uma máquina repressiva, e intolerante.
A energia potencializada num corpo, não nos conduz à verdade, dado que ela faz parte de um processo, como resultante da relação e associação de outros corpos, mas antes a uma realidade, que tanto pode ser observada como sentida.
Podemos saber do que trata a realidade, mas chegar á verdade ainda parece ser uma miragem.
Assim, se o sujeito julga possuir a verdade, ela torna-se em objeto de seu fazer e dizer, em que a idéia passa a fazer parte da existência do ser humano, da sua interioridade, que pode ser diferente de alguns outros, por isso subjetiva.
O que se torna em objetivo para cada um será objeto do seu fazer e dizer, como algo
fundamental para a sua própria existência.

Continua na próxima postagem.

sábado, 11 de junho de 2011

Filosofia psicanalítica da ment

Hoje apeteceu-me filosofar, não á moda dos filósofos, mas do psicanalista, por isso designo – filosofia psicanalítica da mente- que tenta compreender, não a natureza do homem, mas antes as manifestações derivadas dela, em que os efeitos possuem suas causas, que não se encontram na própria natureza do universo, entendido como meio físico e químico, pura energia, mas na relação das coisas que a habitam.
Quando falamos da genética e biologia, não estamos a falar da natureza do universo, mas sim dos efeitos que esse meio natural produziu, pelo que cabe também ao estudo da psicanálise, tentar entender como essas manifestações se garantem no estar num determinado ambiente, e na relação com todos os outros seres vivos.

Os filósofos partem de um princípio idealista da sabedoria, do ser sábio, da plenitude de uma consciência humana, de que mais nada precisa para viver, do que os ingredientes da verdade e da sabedoria, em que ser sábio é não ter esperança, não esperar nada, e fazer por si mesmo, num movimento de doidos, em que o descanso, será mesmo para descansar, que não para sonhar, porque pura ilusão, em que a realidade será de tal maneira realista, que afronta a capacidade da mente, e coloca em causa toda a organização física e psíquica dos seres vivos.
Ser sábio está ao alcance de muito poucos, então que o sejam.
Mas desejar que todos os outros o sejam de igual modo, não é querer, dado que nenhum pode mandar na vontade dos outros,e no seu desenvolvimento intelectual, é construir uma ilusão, e uma esperança, que eles próprios condenam.

No livro da espiritualidade indiana – Mahabharata afirma o seguinte:
- Só é feliz quem perdeu toda esperança; porque a esperança é a maior tortura que há, e o desespero, a maior felicidade.

Não discuto a sabedoria, nem a espiritualidade de quem profere tais palavras, se de mestre se trata, que o seja na sua plenitude, mas deveria entender que a teoria dos exemplos tem um passado, construído passo a passo na companhia de seus antecessores, cujo espírito pode transportar, que de outros espíritos a maioria será possuída, cuja escala do saber tem muitos degraus.
Se o mestre fala para ignorantes, e o incentiva a ser tal qual ele é, será apenas um desejo, e como desejo pode ser esperança, espera o mestre que todos os outros se igualem, e o alcancem no saber, que não será mais que pura ilusão, para quem diz que não a possui.
Se a felicidade emerge através de um outro, devemos chamar a esse ato, dependência.
Se a felicidade é alcançada quando não se deseja ser feliz, e se o desejo é a essência da vida, e neste particular penso estarmos todos de acordo, como resolver o conflito ?
Alguns filósofos tem essa particularidade de evidenciar o ser e não ser, em que existe um desejo de ser, que não pode ser, nem acontecer, e o que não é, deve tornar-se no próprio ser, mesmo que contrarie as leis da própria natureza.
Nietzsche foi o filósofo que melhor descreveu essa prepotência humana, de tornar as coisas
naquilo que elas não são.
Mas o sujeito prepotente e radical apresenta uma particularidade interessante, chama de radical, quando não louco, a todos aqueles que não pensam como ele.
Quando um radical se expressa, não espera atingir o meio termo, por não ser de sua natureza, em que o altruísmo parece não ter expressão, mesmo dizendo amar todas as coisas.
E se assim não pode ser, não o será de fato, tornando-se elas naquilo que não são, por impossibilidade de ser de outro modo.
E andamos nós envoltos neste emaranhado de palavras, de frases bem construídas, com seu ar de romantismo, ou de um realismo arrepiante, que para uns representa o desamparo, para outros a felicidade, que nos dá bem a idéia da divisão do mundo, entre pobres de espírito e iluminados.
Ora digam lá, se não estamos a falar de Teologia, dizendo tratar-se de filosofia.
Ou será, que se trata da mesma coisa ?

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Amor maníaco depressivo

A quebra do encantamento provoca o desencanto, o que leva o indivíduo a perceber no outro uma falta de amor, quando no fundo trata-se de um estado que está pasmado, que sacudido pelo o desencanto, abalou as estruturas de um amor sentido de uma forma determinada, que só diz respeito á pessoa que o sente, o deseja, e não o deseja perder.
No maníaco depressivo a forma em expressar-se leva sempre o cunho do exagero.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Abandono da análise terapeutica em crianças III

Num documento a que tive acesso da Universidade Católica de Rio Grande do Sul, escrito por Marina Bento Gastaud – Abandono de tratamento na psicoterapia psicanaltica de crianças, são referidas altas taxas de abandono por parte de crianças, em que na pesquisa de 2.106 prontuários , 200 tiveram alta, e 793 abandonaram o tratamento.
Trata-se de um estudo documental, retrospectivo, com o prontuário de duas instituições de atendimento psicológico a crianças em Porto Alegre.
Nesse documento são referidos alguns motivos prováveis, que pode conduzir a criança ao abandono da psicoterapia psicanalítica, mas nenhum deles, de fato, parece ser conclusivo, determinante.
A meu ver, damos conta de uma resistência em submeter-se ao tratamento psicanalítico, cujos motivos podem ser de diversa ordem, em que tantas vezes um sentido proveniente do inconsciente se sobrepõe á própria consciência da necessidade terapêutica.
Por outro lado, parece existir um fator determinante, que é garantido através da transferência entre pais e filhos, que possui uma dinâmica psíquica própria familiar, onde, por exemplo, não é raro assistir à chantagem emocional entre seus membros, em que a manipulação determina o que deve ser feito, ou não.
Podemos perceber nas primeiras reuniões de avaliação, que anteriormente existiram casos de desistência da terapia em psicanálise, alegando os mais diversos motivos, cujos argumentos servem a resistência, e nos dá a sensação da existência de um poder narcisista exagerado, que tende a sobrepor-se ao saber psicanalítico.
Os poucos estudos nessa área são inconclusivos, e não podemos, nem devemos, de modo algum, apontar uma determinante como responsável pelo o abandono da criança á terapia, o que nos garante a subjetividade, que está mais de acordo com a diversidade dos transtornos psíquicos, do que propriamente devido à existência de causas objetivas exteriores.
O processo de renúncia deve ser entendido como fuga, determinado por um medo inconsciente, que nos é dado a observar em pacientes de um poder narcisista exacerbado, cujos motivos não podem ser encontrados na entrevista de avaliação, porque ocultos.
Por outro lado, a vinda á análise exige disciplina, processo repetitivo, que de forma inconsciente é percebida como atitude desafiadora, que em muitos casos tende a despertar a rebeldia, e a transgressão.
Em resumo, o que desejo afirmar, para além da reflexão acerca de assunto tão intrigante, por parte do analista, as causas do abandono á terapia são devidos, de um modo geral, à forma de estar na vida dos pais, que não das crianças, ou adolescentes.
A prova evidencia-se através da mesma taxa de desistência em relação aos adultos.
Nesse documento aponta-se para a necessidade da criação de técnicas de intervenção precoce com os pais dessas crianças.
Mas a questão, a meu ver, deve ser percebida segundo uma outra perspectiva, uma vez ser aceite a obrigação por parte do Estado de zelar pela saúde pública, também deve ser exigido ás pessoas que se submetam ás suas próprias exigências, as responsabilizando pela parte que lhe cabe nesse processo.
Neste particular, os estabelecimentos de ensino, podem e devem, assumir um papel determinante.

domingo, 5 de junho de 2011

Abandono da análise terapeutica em crianças II

Motivos do abandono da análise

O primeiro motivo de abandono da análise por parte das crianças são os próprios pais, que se arrogam no direito de questionar o trabalho do analista, por um lado, e deixam-se levar pela resistência oferecida pelas crianças, e adolescentes, à vinda semanal à terapia.
Quanto à primeira questão, nos é dado a observar o seguinte:
- Na entrevista preliminar, ouvidas que foram todas as questões relacionadas com o transtorno psíquico, e os considerandos do analista em relação ao caso, as dúvidas não são colocadas, existindo da parte dos pais o compromisso de levar a criança, ou adolescente, à analise todas as semanas, no dia e hora, que fora marcada, e acordada previamente.
- Em alguns casos, apesar de terem firmado um compromisso, não mais aparecem, nem sequer telefonam para tentar esclarecer seja o que for, ou, apenas para dar uma satisfação do seu abandono.
Façamos então a pergunta: - Como exigir a uma criança, ou, adolescente, que tenha uma postura íntegra, quando os pais dão o primeiro exemplo de falta de respeito e consideração para com o outro, analista, faltando ao compromisso assumido ?
Perante a recusa de sua parte, e tendo a noção que romperam um compromisso, em que a transgressão a uma regra essencial da formação humana foi cometida, o respeito e consideração que todos os outros nos devem merecer, a mente é forçada a arranjar argumentos, que possa aliviar a sua responsabilidade colocando a culpa no outro.
Assumir seus medos, e dificuldades de toda a ordem, seria deixar revelar suas próprias limitações, e segundo eles, a sua fraqueza social, perante uma sociedade exigente, crítica e julgadora, que os pode perceber inferiores.
Não entendem, que o analista tem por missão compreender os outros, tantos pais, como filhos, e que em conjunto, pode ser encontrada uma solução para que a terapia possa evoluir de forma favorável, e a contento de todos.
Podemos evocar o constrangimento e a vergonha de alguns pais perante assuntos, que consideram melindrosos, mas também deveriam perceber, que estão perante o analista, que deve ser o guardião de seus segredos, que não devem ser revelados publicamente.
Pelo exposto, nos é dado a perceber as dificuldades dos pais nas suas relações, não só no seio da família, mas com todos os outros, pelo que devemos considerar que existe uma transferência dessa forma de pensar e agir para os filhos, que lhes provoca o transtorno.
Por outro lado, como a criança, ou o adolescente pode entender essa relação – pais / analista, em que ela, como parte interessada do compromisso assumido, também foi levada à transgressão da própria palavra dada ?
A criança só por si não pode ser transgressora, até porque não tem força bastante para isso. Ela aprende a transgredir imitando a postura transgressora dos pais, em que impera a falta de respeito e consideração pelo semelhante.
Não adianta continuar a esconder o gato, quando ele tem o rabo de fora, que logo será descoberto, tentando retirar qualquer responsabilidade dos pais na formação de seus filhos, porque isso, só tem contribuído para o agravamento dos transtornos mentais, e dos conflitos sociais, de que a criança e o adolescente, ao mesmo tempo é vítima, e protagonista.
Defender uma família podre nas suas relações será alimentar os transtornos psíquicos, que tendem a projetar-se nas gerações futuras.
Por muito que nos possa ofender, não se trata de psicologia humana alguma, quando nos revelamos autênticos animais, e muito piores que eles, quando corremos atrás de desejos impossíveis, ou pouco prováveis de serem realizados por nós mesmos, que de tudo somos capazes, mesmo que para isso possa provocar a dor e o sofrimento no outro, ou até mesmo a sua própria destruição.
Não nos deixemos ferir pelo o amor próprio, porque a relação é coisa distinta do amor, que cada um possa ter pelo o outro, que de tão bem querer, por vezes tanto mal provoca.

sábado, 4 de junho de 2011

Abandono da análise terapeutica em crianças

Em relação ás crianças são os pais que decidem abandonar a análise, da mesma forma que decidiram levar a criança ao analista.
Normalmente os pais são forçados a isso, através da instituição escolar, ou indicado por um médico, e são raros os casos, que procuram o analista por sua própria iniciativa.
Daqui depreendemos, que não existe uma cultura por parte dos pais acerca da necessidade da análise, o que parece ser revelador de uma mentalidade adquirida ao longo dos anos, em que não importa o que aconteça durante a formação infantil, porque a ciência medicamentosa está aí para curar os pacientes, e os videntes parecem ser o último recurso, como portadores de espíritos, que podem curar o mau olhado.
Com o medicamento, ao não existir uma evolução favorável, só pode ser mesmo obra do diabo, ou de Deus, que rogou a praga á criança, a olhando como aleijadinho, ou portadora de uma deficiência genética, porque não desejam largar mão da sua verdade, convictos do bem que estão a dar aos filhos.
Por outro lado, se intrometem problemas económicos, como se a análise fosse entendida, na maioria dos casos, como um custo adicional, que pode muito bem ser dispensado.
A própria patologia dos pais, prepotência e intolerância, que não falta de conhecimento, os levam a afastarem-se da análise.
Desse modo, a questão que se coloca de seguida é, se na realidade valerá a pena iniciar uma análise com as crianças, e adolescentes, e quais as suas implicações, sem que os pais se submetam a sessões de análise também, embora com a intenção prioritária de encontrar uma plataforma prática entre todos os elementos da família, para que possam as relações entre eles ser mais harmoniosa.
Este ponto parece ser fundamental para o êxito da terapia.
O outro ponto relevante, encontra-se na associação de idéias de uma criança, e as divergências associativas que os pais tendem a fazer, não só no que se refere à criança, como também em relação ao analista.
Sabemos das altas taxas de abandono de pacientes em análise, pelo que julgo ser relevante a análise deste fenômeno, em virtude do agravamento das patologias, e do seu impacto no meio social.
Primeiro ponto de análise – Todo aquele que iniciou a análise, e a abandonou, por norma, mais á frente vai colher os frutos amargos dessa decisão, em que o transtorno psíquico evolui, tantas vezes, para patologias graves, caindo em desgraça em relação à sociedade que pune a droga, a violência, a violação e o roubo.
Continua na próxima postagem.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sentido de morte - Eros e Tânatos

A impossibilidade da vida gera um sentido de morte.
Foi isso que Freud nos quis dizer com a sua afirmação – Que a pulsão de morte se coloca ao serviço de Eros.
Ao sentir uma necessidade, o próprio corpo tende a manifestar-se no sentido de obter algo, que o possa satisfazer, mesmo que para isso tenha de destruir alguma coisa.
É essa força bruta instintiva, que se coloca a favor da vida, que tenta opor-se á própria morte do corpo, que pode provocar algum mal ao outro, ou até mesmo o destruir.
Existe um conflito por resolver, que se traduz por uma necessidade sentida pelo o ser vivo, que deve ser satisfeita de algum modo, que uma vez aumentando o grau de insatisfação pode originar a destruição do outro, ou de si mesmo.
A questão da conciliação entre essas duas tendências, da vida e da morte é colocada por Freud, como sendo a forma equilibrada de obter certa satisfação, em que pode existir uma incompletude, mas nunca uma ausência, escassez ou excesso.
Desse modo nos é dado a perceber, que a possibilidade de continuação da vida se posiciona entre a própria existência do ser vivo e aquilo que o pode conduzir á morte.
Assim, a razão existencial é imperativo, e a possibilidade da continuidade da vida, depende de um equilíbrio de uma relação entre o corpo que possui vida, dos objetos, e do mundo que o rodeia.
O esforço no sentido da morte, o podemos entender como a tentativa de superação, e até mesmo de destruição dos obstáculos, que contrariam o sentido da vida.
Tal esforço é colocado ao serviço de Eros, entendido como mera possibilidade de regresso ao princípio de satisfação anterior.
Podemos verbalizar que se trata de um esforço de negação, mas o que na prática podemos verificar é a constante afirmação do sentido da vida, proveniente dos instintos, como força única, que não reconhece outros valores, sem serem os derivados da genética, e da biologia.
Ao expressar, que a própria vida seria um conflito e uma conciliação entre essas duas tendências, nos quis dizer que elas apresentam um diferencial de potência, de onde surge a energia necessária para a continuação da vida, daí o permanente conflito.
Podemos inferir, que ao não existir um conflito a vida é colocada em causa ?
A conciliação, entendida como a possibilidade de um equilíbrio de forças, não se apresenta como a negação da vida ou da morte, mas antes a procura de uma forma harmoniosa, consensual, que possa ser estabelecida entre esses dois sentidos, garantindo a vida.
Continuamos sem perceber muito bem, como isso pode ser conseguido, existindo a necessidade de procurar na diversidade de elementos que possam ser associados, e na funcionalidade do próprio metabolismo, como um todo, a origem do pensamento de Freud.