Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento
Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou.
O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana.
http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7
sábado, 28 de abril de 2012
O ser psicanalítico
O homem, como ser dotado de inteligência e razão, livre arbítrio e paixão que a vontade pode controlar, cada vez mais pertence ao mundo do irreal, das sensações corpóreas, que não á realidade.
De acordo com tal concepção, nada mais nos resta, que aceitar, que o homem domina sua vontade, a manipula a seu belo prazer, a dirigindo para o bem, e para o mal, sendo um homem de virtudes e defeitos.
Daí emerge o livre arbítrio, porque se existe uma vontade própria será forçoso existir a livre escolha, ignorando, que em muitas ocasiões ela de fato não existe, devido á repressão a que o indivíduo está sujeito.
Um homem aprisionado a suas idéias não tem escolha, como também não a terá, quando sujeito a uma pressão, e a um poder exagerado de domínio, que o impeça de ser livre.
Não sei onde enquadrar a razão, e muito menos a inteligência, que é incapaz de distinguir o bem do mal, as virtudes dos defeitos, a prisão da liberdade.
Qual a razão que assiste a tudo isto ?
A menos que a razão esteja na dominação, que só pode servir-se da intervenção, como meio de pressão e repressão, na tentativa de subjugar o homem a uma vontade alheia, esmagando a sua própria vontade.
E aí devemos perguntar de que vontade estamos a falar ?
Da vontade do sujeito, ou de uma outra que desconhecemos, que nos é alheia ?
Ao considerar a pressão, e a repressão exercida sobre um outro ser humano, seremos forçados a admitir a existência de uma vontade de poder, de dominação, que em último instância recorre à intervenção, como forma de impor sua vontade.
Por esse processo, foram derrubadas todas as qualidades que dizem o homem possuir, em que não prevejo, que outras qualidades possam existir para além delas, restando os defeitos, como poder reativo contra as agressões de que é vítima.
Levados os homens para o campo da transgressão, a alguns sobra-lhes a razão para continuarem a exercer a repressão, porque entendida como defeito, desta feita não existem dúvidas.
Impunes ficam sempre aqueles que prevaricam pela primeira vez, conduzindo o rebanho pela porta pequena da uniformização, que de livre arbítrio não resta nada, ignorando a subjetividade e a vontade interior de cada homem, castrando seus desejos, o colocando na horda animal.
O absurdo está perante nós, que ao tentar a humanização do homem, aqueles que julgam servir à formação e educação, mediante meios inadequados, fabricam seres humanos com mais defeitos, que os próprios animais selvagens.
Se por um lado, deixar os instintos á solta pode ter conseqüências sociais dolorosas, por outro, em virtude de uma formação e educação inadequadas colhemos frutos semelhantes.
A repetição verbalizada dos atributos referidos, e das práticas repressivas, que levam à tentativa de domínio e intervenção, não nos deixam perceber a existência de outras formas de conduzir o processo de formação e educação.
Só a transmissão da palavra inserida numa outra forma de percepção pode, um dia, dar seus frutos.
Desse mar de sensações, que por via da verbalização insistente, e de suas práticas, se tornou em convicção, constituindo-se em verdade para o sujeito, quando sua realidade interior é bem outra, tornou inviável, que o ser psicanalítico, por ser o sujeito do inconsciente, não possa ser dotado desses atributos.
Puro engano, quando somos levados a considerar que o inconsciente é o comandante da vida.
Falamos da vontade, de uma vontade, que não sabemos, nem conseguimos determinar de onde é proveniente, e como surge, como se o sujeito carregado de vontade, a perdesse por alguns momentos, quando nega a vontade do outro.
Trata-se a vontade como se fosse coisa, que pode ser colocada a um canto, quando nos apetece, ou não precisamos dela, que por isso não a desejamos utilizar, ignorando os impulsos derivados de uma força instintiva sempre latente, que a todo o momento pretende mostrar-se.
As cambalhotas que possamos dar não serão suficientes para apagar a realidade.
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