Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

terça-feira, 30 de julho de 2013

Consciência e lixo tóxico

Tudo começa com a existência, em que apenas sabemos que existimos, tal como as coisas e o mundo, mesmo que não saibamos porque tal acontece. A partir desse princípio já pronto é verdade, sabe-se lá por quem, ou devido a quê, talvez o sopro divino tenha produzido tal efeito, o fato é que caímos aos trambolhões neste mundo repleto de coisas agradáveis, de muitas incertezas e perigos. A princípio somos todos seres inconscientes, sem noção, e como alguns preferem jogar com as palavras, desprovidos de consciência, embora não saibam exatamente o que ela possa ser, como se produz, ou mesmo se de fato existe. Sempre gostámos de jogar com as palavras, em que se pretende que o romantismo possa quebrar a realidade, talvez para não sofrermos os efeitos dela, que um dia inexoravelmente nos arrasta para a morte, daí nascendo a noção da imortalidade que deve estar ligada à existência de uma consciência, seja terrena ou divina. Marilena Chaui, filósofa, começa por tentar perceber o que possa ser a consciência, indo em busca do que ela não é, e que pelos vistos não possa representar, o que nos vem mostrar que será parte de alguma coisa, ou, quem sabe, de coisa alguma. Observamos a intensidade dos fenômenos físicos e psíquicos, mas apresentamos alguma dificuldade em perceber como, e porque são produzidos, pelo que só tomamos consciência de seus efeitos, dado que isso é dado ao corpo que sente e não pensa. A qualidade que lhe emprestamos através da verbalização tem em conta os efeitos sentidos, geradores de sentimentos, que são subjetivos, dado que o sentir parece depender de outros, que nos fazem de sentir de uma forma, que não de outra. Tentamos reproduzir através das palavras o investimento de energia aplicada às ações, que se traduzem por excessos, para os diferenciar do que julgamos ser a normalidade, sem que possamos de fato medir com exatidão, em que a qualidade de afetar depende muito mais de quem se deixa afetar, do que daquele que tem essa intenção. Quem se deixa afetar recebe o fluxo energético do exterior, os recolhendo em seus corpos como receptores de todo o lixo tóxico, do qual posteriormente pretende livrar-se, embora não saiba como fazê-lo, vive irritado, com manifestações por vezes agressivas, violentas, e até mesmo assassinas. Quem nos garantiu tal sentido de deixar-se afetar ? Julgamos que o ser humano estará por conta do aprendizado e da repressão que ofende a liberdade do corpo, que nos pode fazer passivos, como esponja que tudo possa absorver, que uma vez invadidos, nos deixamos invadir novamente, em que os arrufos da atividade parecem ser mais a resposta à morte, do que propriamente sentir-se ativo para seguir seu próprio caminho, só digno das almas criativas. Talvez o poder da criação exista para que a visibilidade da morte não seja sentida de forma tão intensa. Quem sabe.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Depressão, morte aparente e consciência.

Energia e movimento serve à consciência de um corpo, que deixa de existir assim que a energia deixa de poder movimentar um corpo, embora possa manter alguma energia em suas partículas, o que nos garante uma morte aparente. Partículas dissociadas de um corpo, que por diversos fatores já não conseguem conexão com os elementos que o constituem, mas serão capazes de regressar ao movimento através de outras conexões diferentes, tornando-se numa forma viva diferenciada, nos sugere a existência de uma reorganização. Na depressão damos conta da perda de algum movimento provocado por um bloqueio, sendo provável que as partículas associadas apresentem alguma dificuldade em dissociar-se para fazer ligação a outras, como forma de regressar a um movimento que possa representar para o corpo o bem estar. Por isso, podemos deduzir que o bem e o mal não existe para a organização biológica e psíquica, mas apenas o bem, ou mal estar, satisfação e insatisfação, prazer e desprazer provocado, não devido ás conexões, mas antes à forma de relação que impuseram ao corpo determinado sentido e despertou emoções. A questão da autonomia, ou a sua falta, o afeto e afetação podem conduzir as partículas de um corpo a um bloqueio, devido a uma intensidade energética, em que o problema da frustração não foi capaz de produzir um equilíbrio entre o princípio de satisfação e insatisfação, entre o prazer e o desprazer. Falamos de dualismo, quando na realidade ele só parece existir mediante a inexistência de um terceiro elemento, que seja capaz de produzir um equilíbrio entre dois pontos, pelo que a vida ativa nos leva a considerar a complexidade, a interrelação e subjetividade, num modelo flexível, que possa ser tolerado pelo sistema genético \ biológico e psíquico. Se o corpo não tiver a consciência em Si desse terceiro elemento, terá outra consciência diferente daquele que a possui.

domingo, 21 de julho de 2013

terça-feira, 9 de julho de 2013

Estímulos e processo neural

Se entendermos por qualidades sensoriais a captação de estímulos exteriores através dos cinco sentidos, podemos perceber que esses órgãos se encontram na periferia do corpo, cujos estímulos serão descodificados no cérebro, favorecendo a identificação ao meio ambiente como forma de o corpo a ele se adaptar e mover-se. Os sentidos funcionam como sensores do meio ambiente, tentando, em essência, a auto preservação da vida de um ser vivo. Podemos perceber nos sentidos uma porta de livre acesso aos estímulos exteriores, a que o cérebro e sua estrutura neural tenta decodificar e dar uma resposta, visando a preservação da própria vida de um ser vivo, pelo que devemos considerar que os estímulos são tratados interiormente. Se existir algum erro de cálculo será devido a uma decodificação neural, talvez por falta de mais informação derivada de outros estímulos associados que não foram captados pelos sentidos, o que nos garante um conhecimento limitado da coisa observada. Somos a considerar que a diversidade perceptiva pode garantir uma ideia mais aproximada da coisa real, e que a uniformidade tende a restringir o ângulo através da qual a possamos observar e perceber, e que o processo de auto afirmação é resultante da interiorização dessas duas formas de percepção, que entre si podem apresentar variáveis e variações. Se o cérebro, e sua região neural deverá ter em atenção os estímulos derivados do exterior, o primeiro passo será o respeito e consideração por tais estímulos, que deve incluir a coisa, ou pessoa que os emite, como forma de a ter em atenção. Podemos designar a captação de estímulos exteriores de consciência, mas ela não parece garantir a forma interior de tais estímulos serem organizados tal como nos são presentes, ficando sujeitos a uma ordem interna pré-estabelecida neural, que julgo processar-se através de um grau valorativo tendo em vista a preservação da vida, levando em conta a associação de estímulos. A preservação da vida e sua continuidade implica o sentido de sua própria satisfação em que o corpo tenta munir-se de tudo quanto a possa favorecer, em que a estabilidade é garantida por um bem estar, designado por agradável, e a instabilidade por um mal estar, que por isso mesmo será sentido como desagradável. Assim, o sentir será medido pelo mais ou menos agradável ou desagradável, o mesmo será afirmar, mais ou menos bem estar, ou mal estar, em determinados momentos da vida. O patológico parece depender de momentos prolongados de mal estar do corpo, e que os momentos de algum instabilidade, que têm de existir, ao serem superados faz regressar o corpo à satisfação, e por conseguinte, ao bem estar interior. A imagem e o som permitem ao cérebro interpretar uma relação a determinada distância que tenta decifrar mediante condições sugeridas de alguma agressividade ou passividade, em que os gestos e o som podem indiciar tais propósitos, mediante parâmetros estabelecidos na própria organização cerebral. O tato, o paladar e o cheiro desempenham um papel sensitivo mais intimo, em que o corpo tende a relacionar-se com outro corpo dentro de um raio de ação muito mais próximo, pelo que devem ser considerados como elementos primários fundamentais no aprendizado e no desenvolvimento da formação da criança. A fala que sucede ao som só mais tarde será associada ao gesto, à relação, como afirmação da prática gestual. O aparelho de percepção é constituído por esses órgãos dos sentidos, que leva o ser vivo a conhecer o que o rodeia, em que o conhecido apresenta diversos graus de valorização, e até mesmo se revela através da indiferença relativamente a alguns estímulos exteriores. Devemos perguntar quem, ou, o que garante determinado grau de valorização nessa fase primária da existência de um ser vivo, como no bebê, por exemplo ? Decerto não será o sujeito, que ainda está sujeito a um processo formativo, que tende a processar-se ao longo de muitos anos, como fazendo parte de um aprendizado, que de associação em associação tende a consolidar-se, pelo que devemos considerar o papel que desempenha o corpo, o cérebro e zonas neurais, como receptor, organizador de estímulos exteriores, aos quais tende a dar uma resposta tendo em vista a preservação da vida.