Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Borderline

Permitam-me falar um pouco do corpo, não só Border, mas em geral, dado que os princípios são os mesmos, embora o caminho a partir daí seja trilhado de diferentes maneiras. A exigência dos pais castradores, idealistas, que pretendem afirmar-se perante a criança, a qual não tem escapatória provoca a exaltação de suas forças, vulgo instintos, daí a hipersensibilidade. No entanto a liberação total provoca, mais ou menos, os mesmos efeitos. O corpo sente e reage, e o princípio de racionalidade fica prejudicado, porquanto a resposta procede de um sistema nervoso alterado, pelo que somos levados a pensar que existe a separação do corpo e da mente, em que o Border funciona em primeiro lugar com o corpo. Significa, que estará fixado nesse primeiro estágio de seu desenvolvimento em criança, que se revela apenas como reação a uma ação exterior. Porém, toda essa formação infantil foi incorporada no corpo, funcionando como lei, pelo que, mesmo sem uma realidade adversa, o Border é levado a um mundo interior de tristeza, angústia, cujas reações apresentam a finalidade de expulsar algo estranho, que o afeta, mas que de fato se vê impotente. A meu ver, para além da medicação, a análise é fundamental. A energia quando projetada, seja qual for a direção, implica uma descarga no sistema biológico afetado por ela, que não no sistema psíquico. Porque afirmo isso ? Se o sistema nervoso periférico serve à distribuição de energia, uma vez suas vias congestionadas por determinada quantidade de energia produzida pelo corpo, este tende a forçar a sua liberação, como forma de aliviar a tensão interior. Não importa para o sistema nervoso como pode, ou o vai fazer, apenas exige que deve ser feito, sob pena de entrar em colapso, emergindo daí uma ruptura. Aqui podemos perceber a frase tantas vezes ouvida – Agir sem pensar -. De fato este processo encontra-se separado de outro mais elevado, o princípio de racionalidade. Ora é perante o colapso e a consequente ruptura, que o Border tenta cortar-se, por entender que a culpa é sua, ou acabar com a sua vida, dado que não provém dela nenhum prazer. Assim, a vida tenta acabar com a própria vida, por impossibilidade de viver.

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