Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Conceito filosófico de indiferença

Pirro de Élida( 365 - 270 a.C.) foi fundador da escola cética, ele distingue o que é o bem por natureza e o que é o bem pelas convenções humanas. A negação da própria natureza do homem e das coisas, como proibição mental para observar os fenômenos naturais, em essência, traduz-se por uma tentativa de indiferença face à realidade das forças constituintes do universo. Sendo assim, todos os conceitos ficam dependentes de convenções sociais, e chamaremos de princípios ao que emana de uma ordem universal, que apresenta um sentido e rege a relação entre todas as coisas, às quais o homem não consegue fugir. A sociedade pode ser indiferente às leis da própria natureza, mas em determinado momento a realidade universal faz cair por terra, todos, ou alguns de seus conceitos artificiais, derivando daí a frustração. Se considerarmos que só a verdade salvará, ignorar as forças da natureza será navegar na ilusão, que mais tarde ou mais cedo será destruída, sendo esta a realidade do ser humano, que se vê a braços em tantos momentos com a sua própria destruição. Navegar com a ideia da imortalidade não será navegar na ilusão ? Não será ela a responsável pelo despertar das forças narcisistas destrutivas poderosas ? A visibilidade da morte experimentada por um sentir debilitado entranhado no corpo nos parece transmitir a noção de nossa fragilidade, que escapando dela nos faz mais mansos e compreensivos, parece dar-nos a verdadeira dimensão da via terrena. Adquirimos a mansidão, entendido como tranquilidade, a partir de uma impossibilidade que nos faz sentir impotentes, e de vez nos entregamos à vida, até que a morte nos separe. O que parece ficar por esclarecer será essa necessidade do ser humano sentir-se potente, porque impotente o fizeram, surgindo o desejo de o demonstrar nos braços de uma mulher, ou numa forma estética, que tantas vezes, só o dinheiro pode comprar. Ser indiferente seria sentir sua impotência, e disso ter tomado sentido, em querer salvar o mundo, que não tem salvação, porque ele próprio tem suas leis e organização própria, que o ser humano não possui capacidade alguma para transformar. Talvez seja um saber limitado, muito embora real de suas capacidades, que levaria o ser humano a não criar ilusões, e julgar-se ele próprio dono da verdade, e de uma vontade interior de dominação, tentando ser Deus, quando simplesmente é humano. Se algo de útil existe no ser indiferente é que ele não cria grupos de oposição, que, quer queiramos ou não, atenta contra a própria liberdade do indivíduo e a preservação da espécie.

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