Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ambivalência emocional

Verbalização dualista
Entre a criação e a morte, o bem e o mal, o bonito e o feio, podemos perceber um espaço e um tempo de vida, que é dado ao movimento cujo sentido, tantas vezes, não entendemos, mas que será o tempo que nos resta de vida desde o primeiro momento, que nos é dado a conhecer a vida.
As palavras que demarcam o espaço nos faz parecer que existe tempo.
A diferença entre o ser animado e inanimado será essa percepção, que se encontra para além de um sentido material, que apresenta um movimento reativo perante as condições ambientais, que o ser humano pode observar, criando, desse modo, a sensação que para além do movimento não existe mais nada.
Só que a nossa capacidade perceptiva é limitada, dado que o ser humano está preparado para perceber alguns movimentos rápidos, que no fundo podem ser aqueles que nos podem conduzir á destruição, abstraindo-se de todos os outros, que são processados de forma mais lenta.
Na guerra, um soldado com sua roupagem semelhante á vegetação e imobilizado, tende a confundir-se, aos olhos dos humanos, com o próprio ambiente, que uma vez em movimento já não consegue produzir o mesmo efeito.
Chamamos a isso camuflagem, que nada mais será que um disfarce aplicado ás condições ambientais, para que objeto e meio ambiente possam ser confundidos, ou seja, percebidos como semelhantes através da simples observação, quando de fato são coisas diferentes.
Não será difícil perceber, que somos levados a julgar o meio envolvente através de um mundo de aparências, em que a sedução, por exemplo, nos leva a julgar coisa diferente, daquilo que de fato será na realidade.
Lidamos com a realidade e o disfarce, em que este também faz parte dessa realidade, em virtude de alguém, ou alguma coisa nos fazer crer que tudo é real, em que o virtual será apenas uma imagem diferenciada de um mesmo objeto exterior.
Somos um movimento infinito no finito, não porque ele exista, mas porque o construímos na nossa mente, como objeto circulante, e circulando em volta de um anel, designado por núcleo, que uma vez corrompido nos deixa soltos, para que possamos ser impulsionados para além da sua órbita, ficando nós como perdidos no espaço.
Alguém nos acolhe nessa viagem ontológica para a qual não estamos preparados numa primeira fase, dizendo-nos como devemos caminhar, balizado entre um espaço de vida e morte.
Somos um ser ôntico, não sabendo estar, aceitamos de bom grado a ajuda que nos querem dispensar nessa caminhada até á morte, em que o aprendizado é induzido, e posteriormente projetado, como algo incorporado, que passou a fazer parte de nós mesmos.
Finito será sempre uma designação verbalizada, porque na realidade a finitude não existe, mas apenas e tão só, a interrupção de um movimento, que será reiniciado mais além, em que o inanimado nos garante a sensação do finito.
O universo como organização energética mantém em atividade todos os elementos químicos e partículas, em que a diversidade dos corpos nos garante a sensação da existência, cuja ausência nos faz crer, que nada mais existe.
Somos limitados quanto ás valências, em que existem parâmetros genéticos / biológicos, que embora semelhantes, não são exatamente iguais para todas as pessoas, que nos condiciona a um movimento organizado segundo uma ordem universal.
Significa, que para além dos nossos sentidos, existe uma diversidade de partículas e ondas eletromagnéticas que não sentimos, ou até podemos sentir, mas ás quais não conseguimos emprestar uma valorização, o que me leva a considerar, que tudo aquilo que está contido em nós não é reconhecido.
O aparelho perceptivo não é sensível á maior parte das ondas eletromagnéticas, e só de uma pequena quantidade damos conta.
De fato, somos uma partícula de um imenso universo, cuja associação a tantas outras nos faz ganhar um corpo, que sente e pensa, o que me leva a considerar que o processo de desenvolvimento do ser humano apresenta uma relação estreita com esse poder de associação, a que não será alheio um outro poder, o de adaptação.
Somos o infinito no finito, de onde provém a verbalização dualista, fruto de uma ambivalência emocional, em que no mesmo corpo sentimos a vida, e nos é dado a conhecer a morte, como limites da nossa própria existência.
Morte e vida, bem e mal, bonito e feio, características extremadas inerentes a um mesmo corpo, sem que por vezes, nos seja dado a conhecer o que existe de agradável e belo, entre esses dois extremos.
Negação e sofrimento, privação e dor, e não desejos, constitui a teoria do caos psicológico, devido á não observância de uma ordem segundo o princípio de satisfação, e de realidade, assim como estabilidade e caos de emprego geral, nos faz crer na existência da ordem e da desordem, quando de fato tudo isso parece ser pertença de um mesmo fenômeno de uma grandeza universal.
Nada parece estar fora de ordem, ou se o quisermos, em desordem, em virtude das coisas estarem organizadas segundo uma determinada ordem, muito embora possamos ter alguma dificuldade em a compreender.
Embutida na mente essa ambivalência, esta tende a afetar o ser humano, sem que possamos fazer qualquer tipo de distinção entre os homens, sejam eles analfabetos, intelectuais, ou cientistas.
O nosso cérebro está preparado para a valorização, o que impede tantas vezes de perceber o outro lado da história, menos valorizada, como fazendo parte da mesma história.
A negação é a outra parte da história, que o ser humano tende a excluir, que no fundo será a outra verdade, que não pretende enxergar, por julgar ser mentirosa, ou não verdadeira, que por isso não deseja perceber.
O princípio de racionalidade assente nesse pressuposto, em que afirmação / negação, negativo / positivo, será proveniente de uma forma ambivalente formativa, em que é incorporada na criança, o bem e o mal, o prestável e o imprestável, o útil e inútil, como formas idealizadas, idealista de enxergar as coisa e o mundo, simbolizadas pelo o sentido de vida e morte, ou seja, da possibilidade e impossibilidade.
Por isso, sou a considerar que o caos não existe, será pura invenção humana,
A desordem que não conseguimos enxergar, ela mesmo obedece a uma determinada ordem, que apresentamos alguma dificuldade em compreender, em que a ordem permanece nas coisas e no universo, para além do próprio pensamento humano.
Do dualismo para o tridimensional, não será apenas necessário um salto qualitativamente, nem sequer parece ter sua origem na quantidade de energia investida, a que alguns designam por perseverança, dando lugar por vezes á prepotência e intolerância, como fator obsessivo, mas antes será preciso a fragmentação dessas idéias que se tornaram absolutas, garantindo a flexibilidade psíquica.
Temos a noção, que a pressão a que um corpo está sujeito provoca a diferenciação entre afeto e afetação, com suas diferentes intensidades, devido ás resistências oferecidas, em que a única qualidade admitida pelo o corpo é a do afeto, correspondente ao princípio de satisfação, em que a afetação é simplesmente um derivado, que não uma qualidade inerente ao próprio corpo.
Se é que existe a qualidade de afetar será sempre proveniente de um outro corpo, que tende a afetar um outro, que pertence a uma ordem reativa, em virtude de ter sido afetado por outro corpo qualquer, permitindo desse modo uma cadeia reativa.
Do afeto e afetação nos falta entender a indiferença, como se tratasse de dois satélites separados, com vida própria, com seu núcleo, mostrando a sua autonomia em relação aos demais, eqüidistante de outras potencias energéticas, possuindo uma energia própria, que lhe foi conferida pelo o universo.
O ser indiferente, ou sentir-se como tal, afasta a idéia no ser humano de sentir-se como o centro do mundo, permitindo ser invadido, ou seja, incorporada por uma outra idéia, a de que será apenas uma partícula, que dele foi originado por fragmentação, e que por isso, tem a sua quota de importância, que é relativa.
Será a relatividade que nos envolve, e não a objetividade nesse movimento infinito, que julgamos ser finito, porque deixamos um dia de possuir movimento, e nos transformamos em matéria, que pensamos ser inerte.

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