Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Do que é um corpo capaz ?

Nietzsche no vem dizer, que a atividade de forças de uma ordem não é espiritual, mas aceita, que possa eventualmente tratar-se do corpo em todo o desenvolvimento espiritual. O espírito, que determina a força e a atividade de um corpo, nos coloca perante um campo de forças derivadas de uma força bruta da própria natureza animal, e de uma outra proveniente de um espírito adquirido por transmissão de conhecimentos através de gerações anteriores, que cada um tenta aplicar a seu modo. A própria existência humana parece condicionada a um espírito, que uma vez não o possuindo, posiciona o ser humano na primitividade, em que a sua relação com o mundo e os objetos servem apenas os seus interesses de satisfação e preservação. Dirão alguns, que o espírito dará substância á própria existência. Direi apenas, que o espírito será aquilo que permanece para além da própria existência de um ser humano, e que é devido a ele, e a partir dele, que toda a evolução das relações humanas será possível. Ou seja, das relações humanas o que tende a emergir será um espírito, um sentido, em que a transmissão e o aprendizado, tenta fazer da criança ignorante um ser espiritual. Assim, nos é dado a perceber duas forças distintas: A da própria natureza de um corpo. A do espírito, que tende a incorporá-lo como registro psíquico. Contudo, parece existir um procedimento humano, e cada um parece ter o seu, que tende a provocar uma clivagem entre desejos e não desejos, em que a verbalização do conteúdo espiritual, não consegue por vezes, ser correspondido nos atos praticados, emergindo o lado animalesco do ser humano. Podemos falar de espírito, de um ser espiritual, mas não adianta, quando a espiritualidade não é capaz de se impor no plano prático, ou seja, nas relações humanas. Lá diz o ditado popular, que de boas intenções o inferno está cheio. Poucas dúvidas parecem existir quanto a essa forma de estar na vida, em que alguns dão pelo o nome de hipocrisia,quando a meu ver, apenas se trata de uma incapacidade adquirida, por impossibilidade, em estar na vida de outra forma. Do que é capaz um corpo ? Tanto um corpo é capaz de obedecer a uma ordem genética / biológica, com suas necessidades prioritárias, como de obedecer a uma ordem ideativa,ou espiritual.
A questão que podemos colocar de seguida é como essas idéias ganham o poder de força, e não se restringem a serem apenas idéias. Uma idéia sobre qualquer coisa,será apenas,e tão só,uma idéia. Porque ela é valorizada,tende a ganhar força,e mediante que forças ganha sua própria força, é que merece ser analisado. Spinoza diz, que falamos de consciência e do espírito, que tagarelamos de tudo isso,mas não sabemos do que um corpo é capaz,e somos ignorantes em relação ás forças que o habitam, e do que elas possam preparar. A ignorância não provém do espírito, dado que ele é um sentido emergente de enunciados derivados de idéias, que se constituírem em lei psíquica, e que por isso foi adotado. Nem sequer a ignorância é proveniente do deve e haver, dado,que todos sabemos bem, por exemplo, que não devemos matar, e que por isso será punido, e muitos o fazem. Daí, que Spinoza coloque em causa a consciência e o espírito como fatores, que possam fazer frente as essas forças do corpo, que parecem estar ocultas do saber humano. Podemos inferir, que será o não saber em relação à genética e biologia, que nos empurra para um saber intelectual acerca de outras matérias, cuja finalidade será encontrar elementos, que possam servir de argumentação. Construiu-se a idéia que a verbalização e punição, são capazes de superar todos os vícios e práticas, empregando palavras mágicas, que redunda sempre na negação, e na verbalização exaltada de um espírito divino. Se a imaginação e a prática são capazes de conduzir o ser humano á teoria, esta só apresenta condições de levar o indivíduo á prática, quando admitida.
A imaginação e a prática são provenientes de um desejo, a teoria dos outros, tantas vezes funciona para o indivíduo como o não desejado, ou até mesmo como um desejo, que não consegue por si mesmo realizar. Trata-se de uma impossibilidade, de uma negação, de uma incapacidade própria em contrariar as forças emergentes de um corpo. É disso que Spinoza e Nietzsche nos falam:. Dessa impotência humana em lidar com a dor e sofrimento, julgando-se brilhante e onipotente, que teima em enxergar nas trevas a luz da sua própria existência.
Será perante a ignorância, que o ser humano se encontra com a realidade ?

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