A busca pela felicidade, versus desprazer de estar na vida, provoca a demanda pela psicanálise, não porque ela seja a felicidade, bem pelo contrário, em determinados momentos pode provocar ainda mais desprazer.
Aqueles que não a toleram, o desprazer será o seu prazer.
Alguns autores afirmam que o prazer apresenta algo mágico, o que eu duvido, dado que os sofredores é que relatam toda a magia relativamente às coisas que circundam sua existência, em que as fantasias e figuras fantasmagóricas lhes conferem uma superioridade, julgando estar no reino dos Céus.
Eles conseguem enxergar o que outros não conseguem ver, e isso lhes dá um poder ilusório, aumentando seus índices de prazer.
Podemos perceber nessa fórmula fenomenológica um sintoma de negação do desprazer, mediante a construção de imagens e idealismo que aviltam o prazer.
Desse modo nos encontramos sujeitos a forças interiores que oscilam entre o prazer e desprazer, que não podem ser mensuráveis, mas cujos excessos determinam no corpo um sentido de prazer e desprazer.
Assim, o conceito de prazer pode ser entendido como um estado de não excitação, em que tudo que está para além dele corresponde a exageros, que apresentam alguma dificuldade em serem compensados pelo biológico e psicológico.
Nos é dado a observar isso no transtorno bipolar, formando um ciclo de exageros, em que o dispêndio de energia é enorme relativamente a um estado referido como normalidade, em que a problemática da excitação desmedida provoca de seguida a diminuição de fatores estimulantes, o que faz cair o sujeito por algum tempo na esfera da não excitação, eu diria mais, da inanição.
Ou seja, não parece que existam fatores estimulantes suficientes que possam suportar o sujeito durante muito tempo na euforia, entrando num quadro depressivo devido à carência de estimulantes.
Parece existir uma ordem psicológica que corrompe uma ordem estabelecida no corpo, biológica, que o próprio sujeito não consegue entender, que a meu ver deve ser percebida
na constituição de desejos, na repressão ou sua liberação sem restrições, e mediante o estudo e investigação das forças que operam na interioridade de cada ser humano.
Entendidas assim as coisas, podemos perceber que o princípio do prazer, que tanto aflige os moralistas afinal preserva um equilíbrio emocional, e que os desmandos provêm de uma inadequada relação formativa, que impõe mais prazer para dissolver o desprazer sentido no corpo.
Significa, que a teoria do desprazer, do sofrimento e da dor, parece funcionar exatamente ao contrário, do que muitos nos querem fazer crer.