Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

domingo, 2 de dezembro de 2012

Realidade e frustração


Suspeito sempre, não da verdade, mas das pessoas e instituições que dizem ser a verdade.
Se os pais e a sociedade não foram capazes de ensinar as criancinhas, nós temos essa pretensão de o fazer, afirmam algumas pessoas e instituições privadas.
Ensinar ao homem a conhecer a si mesmo.
Ensinar ao homem o mundo mental que o rodeia.
Ensinar a compreender e a amar.
Conheça o nosso programa, porque nós temos a resposta para alcançar a felicidade.
Estamos perante a ¨evangelização da educação de massas¨, que é também uma forma ideológica, desta feita educacional, sendo um ideal construído por alguns, como forma de combater outros, tentando subverter o indivíduo e a sociedade através da verbalização, cuja tentativa será tomar o seu lugar.
Porém, todos esbarram com uma impossibilidade, que apresenta poucas condições de serem ultrapassadas, que consiste no simples fato de a maioria das pessoas não aceitar serem reeducadas, apesar de concordarem com as palavras bonitas que todos os dias podemos enxergar em alguns meios da comunicação audiovisual.
Muito embora possa reconhecer o esforço dessas pessoas e instituições para criar um clima de paz e amor entre os homens, elas apenas engrossam as fileiras de um exército, que tenta combater o outro, criando desse modo uma clivagem, cada vez mais profunda entre duas tendências, que só pode resultar em guerra.
A suposta verdade de uns terá que enfrentar a suposta verdade de outros.
E aqui, damos conta de uma realidade, desta feita relacional, que ignora a verdade dos homens, geradora de conflitos e guerras, que todos eles, de forma inconsciente, ajudaram a criar.
Se procura a felicidade, nós temos a resposta, afirmam eles.
Por este andar, um dia podemos ver nos supermercados pacotinhos de felicidade á venda.
Os negativistas, por outro lado, nos dizem que felicidade não existe, mas apenas momentos de felicidade, o que não deixa de ser verdadeiro, sendo logo aproveitado por todos aqueles em que o sacrifício, a dor e o sofrimento é que pode levar à felicidade.
Ou seja, primeiro devemos ser reprimidos, levar pancada para ascender ao reino da bondade, e, por conseguinte, ter acesso à felicidade.
No fundo, parece que todos nós sabemos o que é a felicidade, ou se o quisermos, momentos de felicidade, mas existem grandes divergências relativamente a como ela se obtém, ou se na realidade é coisa da própria natureza de um ser vivo, feito humano, ser feliz.
Não creio que um ser vivo seja infeliz apenas porque nasceu, porque vendo a luz será um alívio relativamente ao mundo das trevas onde estava metido.
As crianças são prova disso, independente de sua condição social
Por outro lado, se só a verdade te salvará, sendo essa luz que contraria a obscuridade, o mundo das trevas, como ficar um ser vivo recolhido num túnel sem saída, limitado, restringido, formatado, e alguém falar em felicidade, ou em momentos felizes ?
Mas é perante a observação dessa realidade, que podemos dar conta da capacidade de um sistema biológico e psíquico em adaptar-se, como forma de sobreviver a situações adversas, que tantas vezes atenta contra a própria liberdade de um ser vivo.
O sistema biológico e psíquico perante a repressão, e até mesmo os maus tratos, tende a provocar uma alteração, versus conversão, alterando também seu sentido original, em que a felicidade já não é procurada fora de portas, mas sim dentro dessa vitrine onde está aprisionado.
Daí, que pretenda todos os outros á sua semelhança, por não reconhecer as diferenças, em que a uniformidade se bate diariamente contra a diversidade.   


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