Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

sábado, 21 de janeiro de 2012

Narcisismo – Uma força da natureza.

O narcisismo, enquanto força não pode ser considerada benéfica ou maléfica, dado que apenas determina um sentido, que tem a ver com a posse, e obviamente com uma atitude expansionista, dada a necessidade de preservação, e ao mesmo tempo de satisfação, que em princípio só tem lugar a partir de uma relação com os objetos exteriores. Assim, essa força narcisista estará presente em toda a dimensão humana, o que faz com que ela não seja o motivo real da existência de uma patologia, muito embora seja o veículo de formas, que a ela possa conduzir o ser humano. Tentar encontrar o limite dessa força, quando sabemos, que em muitos casos não possui qualquer limite, em que o indivíduo é capaz das maiores atrocidades, sem perceber a existência de outras forças que a possam inibir, parece-me pura ficção. A dependência de seu limite não se encontra com essa força narcisista, porque ela não a possui de fato, mas em algo que lhe é exterior, e a possa inibir de algum modo. Partiu-se de um princípio, que a repressão, e agressão resolveria essa tendência, como se castrar os instintos fosse suficiente, o que em certos casos, aparentemente parece resultar, mas em tantos outros resulta em conseqüências bem piores, que tende a desvirtuar o que é dado à espécie animal. Tentamos hoje perceber o que está por detrás destas forças, porque já não podemos calar por mais tempo a realidade de uma sociedade cada vez mais violenta, quando tudo indicava, que a castração dos instintos seria suficiente para fazer de um ser humano, um homem social. Decididamente não é por aí o caminho, as evidencias falam por si, existe na realidade a necessidade de encontrar outro caminho, que possa levar à humanização e socialização do homem. Mas voltando á questão dos limites, consistindo numa uniformidade e objetividade difícil de conseguir, direi, que é relativamente fácil para a organização do psiquismo decidir em face de algo com que o indivíduo se confronta, sem questões laterais que a impeçam. Aqui, a luta se desenvolve no campo restrito de dois corpos que se pretendem afirmar. Não podemos ficar indignados, porque essa é a tendência da força narcisista, que tenta a satisfação de preservação, mediante qualquer preço, como nos tempos primitivos, em que a adoração pelo poder está plenamente justificada. A essa luta Freud designou de ambivalência emocional. A decisão que possa resultar daí, entre duas considerações / convicções, do Eu e do Tu, estará sempre sujeita a uma pressão de uma sobre a outra. Entendidas as coisas deste modo, não nos podemos livrar da repressão, e muito menos podemos encontrar uma forma diferenciada da organização da mente, que se propõe a trabalhar de forma linear. Tal forma linear, não devemos ficar surpresos, que é a forma mais arcaica, primária, de atuação de um ser vivo, que não consegue ser eliminada ao longo de sua existência, em que a questão de seus limites processa-se através da incorporação de outros fatores, que visam inibir tais impulsos. Podemos admitir como válido, que pressionar uma força, não leva á sua eliminação. É de salientar o fato, de que nos estados neuróticos, psicóticos, ou considerados de perfeita normalidade psíquica, a força narcisista está presente, pelo que ela não é, nem pode vir a ser, a responsável seja do que for, porque ela é, pura e simplesmente a força vital da vida. Pura energia.

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