Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento
Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou.
O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana.
http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7
sábado, 31 de dezembro de 2011
Chega de guerra
As guerras que observamos por esse mundo fora são resultantes das pequenas guerras forjadas a partir do berço
Bom ano 2012
Prezado Dr. Van Eeden,
Aventuro-me, sob o impacto da guerra, a lembrar-lhe duas teses formuladas pela psicanálise e que, sem dúvida, contribuíram para sua impopularidade.
A psicanálise inferiu dos sonhos e das parapraxias das pessoas saudáveis, bem como dos sintomas dos neuróticos, que os impulsos primitivos, selvagens e maus da humanidade não desapareceram em qualquer de seus membros individuais, mas persistem, embora num estado reprimido, no inconsciente (para empregar nossos termos técnicos) e aguardam as oportunidades para se tornarem ativos mais uma vez. Ela nos ensinou, ainda, que nosso intelecto é algo débil e dependente, um joguete e um instrumento de nossos instintos e afetos, e que todos nós somos compelidos a nos comportar inteligente ou estupidamente, de acordo com as ordens de nossas atitudes [emocionais] e resistências internas.
Se, agora, o senhor observar o que está acontecendo na presente guerra — as crueldades e as injustiças pelas quais as nações mais civilizadas são responsáveis, a maneira distinta pela qual julgam suas próprias mentiras e maldades e as de seus inimigos, e a falta geral de compreensão interna (insight) que predomina —, terá de admitir que a psicanálise tem estado certa em ambas as suas teses.
Talvez ela não tenha sido inteiramente original nisso; não poucos pensadores e estudiosos da humanidade fizeram afirmações semelhantes. Nossa ciência, porém, as elaborou detalhadamente e as empregou a fim de lançar luz sobre muitos enigmas psicológicos.
Espero que venhamos a nos encontrar em tempos mais felizes.
Seu, sinceramente,
Sigm. Freud
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domingo, 25 de dezembro de 2011
Jovens desamparados
Por um lado a família tenta impor suas regras, por outro uma escola que tem suas próprias leis, deixa o jovem a falar consigo mesmo, ou com os da sua idade, sem um interlocutor que o possa escutar, entender seus problemas, e dialogar com ele.
É isto que observo nos jovens em idade escolar que vêm até mim.
Esta tendência, coloca os pais contra a escola, e esta defende-se, afirmando que a formação, quanto a princípios morais é coisa que pertence à família.
Aqui, a questão de quem tem razão é secundária, quando o objetivo maior não é conseguido, a inserção social do aluno.
No meio desta discussão encontra-se a criança / adolescente, em que, nem uns, nem outros, parecem corresponder aos seus desejos.
Em muitos casos, tais instituições não falam a linguagem dos jovens.
O jovem sente que está perante um problema de autoridade / repressão, cujo efeito imediato será a negação e a recusa em aceitar a educação, sendo muito mais uma forma de defesa, do que a intenção de machucar os outros.
A formação não é uma questão de tempo, mas de postura, em que a linguagem, tantas vezes, apenas serve de argumento de justificação.
Todos aqueles que se têm submetido à análise semanal registraram melhorias consideráveis na sua postura relacional, e no aproveitamento escolar.
A fala do psicanalista é diferenciada.
Fala sem paixão.
Enxerga as coisas segundo uma outra perspectiva.
Não dá conselhos, mas levanta pistas.
Fala a linguagem própria dos jovens, mas exige o respeito e consideração pelos os demais.
As coisas não acontecem por acaso.
A linguagem profética e autoritária dos adultos torna os jovens mais frágeis.
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sábado, 24 de dezembro de 2011
Natal sempre
sábado, 17 de dezembro de 2011
Aparições ( III )
Seria absurdo considerar, que um ser vivo, que encontra na genética e biologia a razão de sua própria existência, em última análise os seus atos não possam ser explicados através delas, como princípio geral da organização dos seres vivos.
Contrariar a própria natureza das coisas, não as desejando enxergar, cujos motivos não importam para esta análise, será devido a um desejo incorporado, cujo objetivo será a transformação da realidade fenomenológica universal.
Que bicho mordeu ao ser humano para considerar que detêm o poder suficiente para transformar o mundo, e as coisas ?
A idéia produzida por um desejo, seja qual for, será pura ilusão quando não detêm o poder de transformar a realidade, em que apenas pode produzir sensações, que não consegue realizar em ato.
Podemos procurar nos derivados a explicação para os fenómenos, porém, em última análise eles são originários de uma forma genética / biológica, que apresenta como fundamento primário o princípio de satisfação de um corpo, que apenas sente, e não pensa.
A problemática da identificação e do investimento de energia são derivações desse princípio fundamental para a existência de qualquer ser vivo, que se apresenta em sua existência como um diamante carecido de ser lapidado, sob pena de perecer perante as contrariedades.
Existe uma questão cultural, e ao mesmo tempo formativa e educacional, que recusa tal princípio como a essência da própria existência de um ser vivo, nos remetendo para o sacrifício, dor e sofrimento, como forma de alcançar a satisfação plena.
Quanto de ilusão existe nesse conceito, que nos leva a acreditar no artificial de uma formação teológica e filosófica, que se coloca frontalmente contra a própria natureza das coisas, e das forças que regem o universo, esperando com isso transformar o homem num ser generoso e afável.
Considero um fracasso essa tentativa, basta enxergar o mundo, mas essa forma de entender a formação e educação, tende a permanecer, dada a impossibilidade de reconhecer em outras formas, não só por falta de conhecimento, mas sobretudo devido a experiências sentidas na carne e na alma, uma outra maneira de formar e educar os vindouros.
O medo da mudança será o entrave para colocar em prática outros conhecimentos, que por medo o ser humano não muda de lugar, porque as coisas podem ficar piores do que já estão, o que convenhamos não deixa de ser uma acomodação ao já existente, mesmo que não desejado.
O ser humano sujeita-se a manter as coisas como estão por medo.
Por medo fica estagnado, imobilizado, não experimenta outras possibilidades o que poderia transformar as resultantes, pelo que aquilo que acontece, e parece, ou é estranho, só pode vir mesmo de algo superior a ele, de que mais uma vez possui medo.
O mundo fantasmagórico provém dessa realidade repressiva aprisionada ao medo, por medo que seus desejos não sejam realizados, mesmo que sejam no além, ou para além de sua própria existência.
O que o ser humano persegue com todo o vigor são suas necessidades e desejos, o que nos leva de volta ao princípio de satisfação, como condição primária genética / biológica.
Princípio
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Aparições ( II )
Alucinações, delírios, visões, ouvir vozes, o persecutório e os sonhos, ou quaisquer outros fenómeno mentais são da própria natureza humana, muito embora alguns deles possam ser entendidos como anormais.
A classificação nada nos diz acerca da origem dos fenómenos mentais, mas ao fazê-lo indicando a sua suposta origem, impõe-se como verdade ao indivíduo.
Biologicamente somos seres animais pertencentes ao universo, que possui características próprias, das quais ainda nos é dado a perceber um conhecimento limitado.
Ideologicamente, existe um desejo de sair dessa ordem universal, posicionando-se o indivíduo num lugar inventado, num assomo de superioridade, que de fato não parece existir.
Se tudo é natureza, nada pode existir para além dela.
Porque insistimos em perceber como sobrenaturais alguns fenómenos mentais ?
Esta será a grande questão, que deve ser analisada e discutida.
Todas essas mutações momentâneas são derivadas de alterações de um estado de relativa estabilidade, que conduz a um outro de instabilidade emocional.
Quando o indivíduo apresenta alguma dificuldade em regressar a um estado de tranquilidade, e de satisfação, tenta encontrar uma explicação para o sucedido, que na maioria das vezes não passa por reconhecer em tais evidencias, uma resposta do corpo a uma relação que o afeta, mas a algo estranho que o habita.
Aqui, as questões culturais transmitidas através das gerações nos impõem figuras fantasmagóricas, como o diabo, os vampiros, e outras figuras sinistras, que nos querem dar cabo da vida, mete medo, e por medo, somos forçados a pensar nelas, e a temer.
Podem ser associadas ao demoníaco, ao divino, e aos espíritos que vagueiam no universo, e que, em algum momento estabelecem contato com o indivíduo.
Será uma tentativa de encontrar uma explicação fora do contexto científico, não porque ela não possa existir, mas porque alguém disse que ela deve encontrar-se no sobrenatural, como algo que se posiciona para além dos próprios fenómenos do universo.
Nestas condições são relegadas para segundo plano as relações de um meio físico e químico, entendendo-se como prioritário o pensamento mágico, cuja concepção é estabelecida através de uma relação de poder.
Ou seja, o poder que cada um possa ter nas relações com os outros e o próprio meio, embora limitado, pode, quando entendido e trabalhado, conduzir o indivíduo a um certo bem estar, é substituído pelo inevitável efeito dessas figuras abstratas, que tudo podem, temendo que possa acontecer algo de ruim.
Tais figuras foram inventadas, como forma de castrar os instintos do ser humano, ou os manter sossegados, os tentando manter dóceis, e assim poderem ser manejados, perdendo grande parte de sua agressividade.
A normalidade nasce dessa idéia de passividade face a uma vontade de poder de um outro, ou das instituições que gerem os interesses de uma sociedade.
O ser ativo para a sociedade é sinónimo de um ser humano produtivo, em que só o trabalho parece contar.
Se o homem fez a mulher submissa aos seus interesses, a realidade nos diz que o mundo do trabalho fez o mesmo com o homem.
Uma vez incorporada essa forma de pensar as coisas e o mundo, os homens não tem possibilidade de curar aquilo que é dado ao sobrenatural, e se por acaso o conseguirem, será porque estão possuídos por esse espírito, e tal poder.
Ora, a psicanálise não deve ser confundida com esse poder sobrenatural, porque ela é a emergência de princípios teóricos derivados de uma ciência retirada da própria natureza, dos princípios gerais que regem o universo.
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sábado, 10 de dezembro de 2011
Aparições ( I )
psicose,neurose, ou um fenómeno mental natural ?
O que podemos sentir e perceber é natural, muito embora possa ser considerado anormal.
A sensibilidade no mundo da psicanálise é caracterizada por uma fragilidade interior do indivíduo, e disso parecem esquecer alguns, que se dedicam à difícil tarefa do estudo e investigação da mente humana.
O Ego, aparentemente forte, para alguns é inflexibilidade / sensibilidade, reagindo com a negação derivada de uma vontade de poder de afirmação, que não possui condição alguma de estabelecer o diálogo, compreensão, o que implicaria entrar pela porta da associação.
Mais nada pretendem associar ao já estabelecido.
Assim, o conhecimento torna-se finito, e nada mais pode ser discutido, para além do conhecido, sendo a castração do mais saber, estabelecendo-se uma verdade absoluta.
No meio da psicanálise fala-se em auto análise, mas a pergunta que devemos fazer será a seguinte:
-O sujeito consegue por si analisar, o que em si mesmo se constituiu em verdade absoluta ?
Se fosse assim, para que serviria então a análise, se de fato através dessa auto análise o sujeito conseguisse chegar ao mais saber ?
O simples ato de auto análise, a meu ver, não dispensa a análise terapêutica.
A verdade constituída em absoluto, não a podemos encontrar no conhecimento, mas antes numa vontade de poder, que coloca a certeza no saber, recusando o mais saber, como se o conhecido lhe bastasse, e fosse o fim de uma trajetória, que em si mesma parece ser infinita.
Essa tentativa de transformar o infinito em finito, por acaso, não recusa a diversidade / subjetividade, desejando a uniformidade, um saber absoluto, que é o senhor das trevas, que não da luz ?
As idéias divergentes, a frontalidade, são por vezes entendidas como demoníacas, e os fenómenos que divergem de um conhecimento admitido como absoluto, só pode ser elevado à categoria do sobrenatural, da existência de fantasmas, espíritos vagueando pelo espaço, em que os fenómenos físicos / químicos são relegados para segundo plano, emergindo a idéia de um poder mágico.
O que pode ser entendido como o persecutório ?
Quem persegue quem ?
Aquele que persegue foi perseguido, através dos fantasmas induzidos de sua infância, que entende na divergência, o fantasma que o persegue, e por isso sente-se ofendido, e agredido.
Como entender o fenómeno da aparição mediante os princípios teóricos em
psicanálise ?
A divisão entre o bem e o mal, caracterizada pela idéia absurda da existência de crenças boas e más, categorizada por um poder, que se acha no direito de estabelecer defeitos e virtudes, parece agora invadir o espaço do estudo e da investigação da mente humana, procurando fora dela, o que nela não consegue encontrar.
Confundir os campos de atividade, é uma forma de descaracterização, resultante de um poder mágico incorporado, que tende a desprezar o conhecimento científico.
Como esse poder mágico, do sobrenatural, do mundo fantasmagórico, e de espíritos vagueando pelo o universo, pode casar com o princípio da realidade de um
psicanalista ?
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sábado, 3 de dezembro de 2011
Subjetividade
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