Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

domingo, 5 de junho de 2011

Abandono da análise terapeutica em crianças II

Motivos do abandono da análise

O primeiro motivo de abandono da análise por parte das crianças são os próprios pais, que se arrogam no direito de questionar o trabalho do analista, por um lado, e deixam-se levar pela resistência oferecida pelas crianças, e adolescentes, à vinda semanal à terapia.
Quanto à primeira questão, nos é dado a observar o seguinte:
- Na entrevista preliminar, ouvidas que foram todas as questões relacionadas com o transtorno psíquico, e os considerandos do analista em relação ao caso, as dúvidas não são colocadas, existindo da parte dos pais o compromisso de levar a criança, ou adolescente, à analise todas as semanas, no dia e hora, que fora marcada, e acordada previamente.
- Em alguns casos, apesar de terem firmado um compromisso, não mais aparecem, nem sequer telefonam para tentar esclarecer seja o que for, ou, apenas para dar uma satisfação do seu abandono.
Façamos então a pergunta: - Como exigir a uma criança, ou, adolescente, que tenha uma postura íntegra, quando os pais dão o primeiro exemplo de falta de respeito e consideração para com o outro, analista, faltando ao compromisso assumido ?
Perante a recusa de sua parte, e tendo a noção que romperam um compromisso, em que a transgressão a uma regra essencial da formação humana foi cometida, o respeito e consideração que todos os outros nos devem merecer, a mente é forçada a arranjar argumentos, que possa aliviar a sua responsabilidade colocando a culpa no outro.
Assumir seus medos, e dificuldades de toda a ordem, seria deixar revelar suas próprias limitações, e segundo eles, a sua fraqueza social, perante uma sociedade exigente, crítica e julgadora, que os pode perceber inferiores.
Não entendem, que o analista tem por missão compreender os outros, tantos pais, como filhos, e que em conjunto, pode ser encontrada uma solução para que a terapia possa evoluir de forma favorável, e a contento de todos.
Podemos evocar o constrangimento e a vergonha de alguns pais perante assuntos, que consideram melindrosos, mas também deveriam perceber, que estão perante o analista, que deve ser o guardião de seus segredos, que não devem ser revelados publicamente.
Pelo exposto, nos é dado a perceber as dificuldades dos pais nas suas relações, não só no seio da família, mas com todos os outros, pelo que devemos considerar que existe uma transferência dessa forma de pensar e agir para os filhos, que lhes provoca o transtorno.
Por outro lado, como a criança, ou o adolescente pode entender essa relação – pais / analista, em que ela, como parte interessada do compromisso assumido, também foi levada à transgressão da própria palavra dada ?
A criança só por si não pode ser transgressora, até porque não tem força bastante para isso. Ela aprende a transgredir imitando a postura transgressora dos pais, em que impera a falta de respeito e consideração pelo semelhante.
Não adianta continuar a esconder o gato, quando ele tem o rabo de fora, que logo será descoberto, tentando retirar qualquer responsabilidade dos pais na formação de seus filhos, porque isso, só tem contribuído para o agravamento dos transtornos mentais, e dos conflitos sociais, de que a criança e o adolescente, ao mesmo tempo é vítima, e protagonista.
Defender uma família podre nas suas relações será alimentar os transtornos psíquicos, que tendem a projetar-se nas gerações futuras.
Por muito que nos possa ofender, não se trata de psicologia humana alguma, quando nos revelamos autênticos animais, e muito piores que eles, quando corremos atrás de desejos impossíveis, ou pouco prováveis de serem realizados por nós mesmos, que de tudo somos capazes, mesmo que para isso possa provocar a dor e o sofrimento no outro, ou até mesmo a sua própria destruição.
Não nos deixemos ferir pelo o amor próprio, porque a relação é coisa distinta do amor, que cada um possa ter pelo o outro, que de tão bem querer, por vezes tanto mal provoca.

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