Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Liberdade e poder de escolha

Algumas frases construídas por pensadores populares dão que pensar em que podemos perceber a sabedoria através da simples observação do cotidiano.
- A juventude não escolhe a liberdade, mas sim coisas.
A discussão da escolha entre marcas de computadores, da preferência de tecnologia estrangeira em relação à nacional, e até mesmo do refrigerante, traduz-se na liberdade de escolha da juventude, apenas, porque à partida a sua liberdade individual parece estar preenchida.
Significa, que um ser humano só é livre para escolher, quando não luta pela liberdade, dado que, quando esta é colocada em causa, não existe a escolha, mas apenas a determinação em libertar-se das amarras.
Diferentemente da escolha, a liberdade é imperativo de um corpo que sente.
Perceba-se a repressão, tantas vezes disfarçada por um poder econômico e político, que tudo tenta controlar, desde as cadeias de supermercados aos órgãos de informação, cuja finalidade é assegurar-se da sua supremacia social, econômica e política em relação aos restantes elementos da sociedade.
A luta pela liberdade de expressão, que no tempo da ditadura só por meios revolucionários, ou servindo-se de artimanhas era possível, dada a repressão intensa a que as pessoas estavam sujeitas, pagando por vezes com a sua própria vida, em democracia é mais light, em que a sedução, como tentativa de manipular as pessoas mantém-se no horizonte psíquico de uma classe dominante.
A escolha é um ato posterior ao próprio ato determinado por uma vontade interior, que é desejo, que não necessidade,em sentir-se livre, em que esta pertence á função do próprio corpo, e aquela a um desejo de posse, que apresenta a particularidade de apenas poder ser realizado através de uma relação exterior.
A liberdade é impulso do corpo, a escolha é opção entre a diversidade, que deixa de existir quando são garantidas duas condições a saber:
- Quando não existe o diverso, mas apenas um objeto.
- Ou, quando a liberdade em movimentar-se e de expressão são colocadas em causa.
Como podemos perceber, nenhuma destas condições se coloca á juventude de hoje, pelo menos á grande maioria, em que os pais facilitam a vida aos seus meninos, compram tudo, e eles só tem mesmo é que escolher.
Os radicais se apresentam para a discussão, cujos argumentos apontam no sentido de defenderem a sua própria forma de estar na vida, questionando em jeito de afirmação, que aquilo que dizemos indicia uma proibição.
Nada dito lhes foi dito, porque não facilitar não é proibir, dado que, devido a algumas circunstâncias não lhes é concedida a realização de seu desejo, em que deve existir um equilíbrio entre o desejado e a posse, porque nem tudo podemos possuir embora possamos desejar.
O problema posiciona-se na fragilidade formativa, que se dá mal com a adversidade, em que os pais apresentam alguma dificuldade em lidar com as reclamações dos filhos, assim como a mãe, tantas vezes, entra em transe perante o choro de sua criança.
E como o conhecimento passa de pais para filhos, se os pais são frágeis, a tendência será apresentar os seus rebentos frágeis.
Estamos perante a lei da natureza humana, que no fundo é semelhante ao que se passa na biologia, em que os rebentos fracos, apresentam uma tendência para sucumbir, devido á impossibilidade de vingar por falta de vitalidade.
A lógica nos manda avisar, que a vitalidade é conseguida através de um processo interativo, em que o ser vivo tenta adaptar-se ao meio, o que implica ultrapassar algumas dificuldades interiores, sentidas como adversidades, que uma vez sobrevivendo, o ser vivo é forçado a tomar sentido das mesmas, as tendo posteriormente em atenção.
Não facilitar, não implica uma punição verbal ou física, mas apenas a privação de algo desejado que não pode ser concedido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo texto, especialmente a parte que fala que um indivíduo só é tem direito à escolha se ele não luta pela liberdade. Gostei!