Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Inatismo e razão

O inatismo

Pequenos trechos retirados do livro ¨ convite á filosofia ¨, de Marilena Chaui.

Vamos falar do inatismo tomando dois filósofos, como exemplo: o filósofo Grego Platão e o filósofo francês Descartes.

Inatismo platônico

No Mênon, Sócrates dialoga com um jovem escravo analfabeto.
As verdades matemáticas vão surgindo no espírito do escravo á medida que Sócrates vai fazendo perguntas, e raciocinando com ele.
Como isso seria possível, indaga Platão, se o escravo não houvesse nascido com a razão e com o princípio da racionalidade ?
Como dizer que conseguiu demonstrar o teorema por um aprendizado vindo da experiência, se ele jamais ouvira falar de Geometria ?
Fim de citação.

Se existe uma razão inata, o universo em si mesmo é racional, cujo princípio de racionalidade é uma possibilidade, que pode ser potencializada.
Observemos então, que toda a estrutura das diversas funções que é dada á matéria, vem de uma forma genética, e da biologia, como ciência da própria natureza, que constitui o ato criador.
A verdade e a razão são formas existenciais, por isso mesmo inatas e universais, contidas nos corpos, que por eles tendem a ser manifestadas.
Mas esta razão, é derivada da matéria, sendo a existência, que tem condições próprias para existir, mas que não consegue sobreviver por si só, dependendo do meio exterior.
O que vem na sequência desse ato criador, tende a potencializar as características que é conferida á matéria, através de um processo da própria natureza, que apresenta a cada momento suas consequências.
Por isso, existe uma verdade e uma razão que desconhecemos, que nos é dado pela própria natureza, que está organizada segundo uma lei própria, de cujos princípios o ser vivo desconhece, mas que incorporada, o corpo passa a ser o representante ativo dela.
Se consideramos o inato, do mesmo modo devemos considerar o ato involuntário, dele derivado, como pertença de uma função genética e biológica.

Diz – Marilena Chaui:
.
Na República, Platão desenvolve uma teoria que já fora esboçada no Mênon; a teoria da reminiscência. Nascemos com a razão e as idéias verdadeiras, e a Filosofia nada mais faz do que nos relembrar essas idéias.
Conhecer, diz Platão, é recordar a verdade que já existe em nós; é despertar a razão para que ela se exerça por si mesma.
Fim de citação.

A função está organizada numa base celular, que tem um modo próprio de associação das milhares de células constituintes de um corpo, com seus princípios, que apresenta em sequência um determinado desenvolvimento, e como consequência podemos observar um aumento da massa corporal.
O que está na base nuclear da própria célula, é disseminada por todo o corpo, e o ser vivo a ela está sujeito, e se sujeita, como derivado do núcleo.
Desse modo o ser vivo transporta consigo toda a engenharia genética e biológica, sendo ele próprio o produto acabado de um processo que desconhece, mas do qual é possuído, em que o modo de organização posterior não será diferente do anterior.
Esse será o ato involuntário de processos posteriores, segundo uma organização funcional da genética e biologia.
Desse modo não nos custa a entender, que existe um movimento derivado da própria função, que obedecendo aos seus princípios, servirá em posteriores atitudes humanas, em que a associação, como forma de organização, é essencial, e mais primitiva.
Ou seja, o corpo uma vez induzido, tende a induzir um outro, e a deduzir em face de um corpo que lhe é estranho, acerca do qual toma sentido.
Este será o despertar de uma verdade e razão que existe nos corpos.
A reminiscência não é inata, dado que ela é produzida através de uma tomada de sentido posterior ao próprio ato criador.
O que parece não restarem dúvidas, é que sem a relação, novas experiências, o fazer, tende a permanecer um estado estacionário, o que impede a evolução.

Acrescenta Marilena Chaui:

¨ Descartes diz, que as idéias inatas são a assinatura do criador no espírito das criaturas racionais, e a razão é a luz natural inata que nos permite conhecer a verdade.
Visto que as idéias inatas são colocadas em nosso espírito por Deus, serão sempre verdadeiras ¨.

Deste modo, as dúvidas dissipam-se, dado que a própria existência das coisas e do mundo, apresentam uma razão própria para existir, que existem devido a um processo natural que é criador, e o ser vivo sua criação, em que o corpo é a evidência do espírito de todas as coisas.

¨ A tese central dos inatistas é a seguinte: se, desde o nosso nascimento, não possuímos em nosso espírito a razão com seus princípios e leis e algumas idéias verdadeiras das quais todas as outras dependem, nunca teremos como saber se um conhecimento é verdadeiro ou falso, isto é, nunca saberemos se uma idéia corresponde ou não á realidade a que ela se refere. Não teremos um critério seguro para avaliar nossos conhecimentos ¨. Refere a autora do livro.

O sublinhado por mim, que algumas idéias verdadeiras das quais outras dependem, não parece que seja aceitável, dado que o recém nascido não tem idéia nenhuma acerca das coisas, e o do mundo que o rodeia, simplesmente o seu movimento está coordenado com os princípios de uma lei genética e biológica, o que é bem diferente.
Será então, a coordenação de um movimento interno de um corpo, segundo suas próprias leis, que perante um movimento exterior de outros corpos, os tende a adaptar á sua própria função, e não o contrário.
Este é o princípio de realidade de que Freud fala, em que as idéias surgem dessa relação.
O que parece existir em qualquer ser vivo é uma forma, que lhe é conferida pela genética e biologia, que o capacita para a vida, como algo inato, que produz atos involuntários, que o ser humano não conhece, e a ciência atual tenta desvendar.
Desse modo, sou a deduzir que existe de fato uma razão que é meramente existencial, que não mental, que podemos observar nas atitudes humanas exteriorizadas.
O indivíduo sofre os efeitos de um impacto ambiental e familiar, de onde surgem idéias, que são adquiridas e circunstanciais, que em certos casos podem promover a inversão de uma forma de sentir interior, percebendo-se desse modo a ruptura com a própria natureza das coisas, e do mundo.
Essa será a tentativa de subversão, ou conversão a uma forma artificial, e nunca, como referem alguns autores e filósofos, uma forma de evolução, dado que não existe a possibilidade de adaptação a algo estranho á própria organização das forças do universo, que se fazem representar no corpo de qualquer ser vivo.
É a partir da relação entre corpos, e de suas forças, que podemos falar em mente.

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