Ao
encontrar o relevo, não se recordou Norbert Hanold de já ter visto a amiga de
infância caminhar de forma análoga; não teve lembrança alguma do fato, mas
todos os efeitos produzidos pela escultura tiveram origem nessa conexão com uma
impressão de sua infância. Ao ser despertada, essa impressão infantil tornou-se
ativa, começando a produzir efeitos, mas não chegou à consciência, isto é,
permaneceu ‘inconsciente’, para usar um termo que hoje já é imprescindível na
psicopatologia
. Desejaríamos
que esse inconsciente não fosse objeto de nenhuma discussão de filósofos ou
naturalistas, que com freqüência só possuem importância etimológica. Por hora,
não dispomos de uma denominação melhor para os processos psíquicos que, embora
ativos, não atingem a consciência da pessoa, e isso é tudo o que queremos dizer
com nossa ‘inconsciência’. Quando alguns pensadores tentam refutar a existência
de um inconsciente desse tipo, taxando-o de insensatez, só podemos supor que
nunca se ocuparam de fenômenos mentais desse gênero; que estão sob a influência
da experiência geral de que tudo o que é mental e se torna intenso e ativo,
torna-se simultaneamente consciente; que eles ainda têm de aprender (o que
nosso autor sabe muito bem) que existem sem dúvida processos mentais que,
apesar de serem intensos e de produzirem efeitos, ainda assim permanecem
afastados da consciência.
Vol. IX das
obras de Freud ( 1906 – 1908 )
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