Nesta quinta feira – dia 7 de Julho 2011 – mergulhei no
meu passado, coisa que não gosto, nem tenho por costume fazer, talvez, porque
para mim seja mais fácil esquecer, que lembrar.
Porém, o aprendizado sempre fica, os sentidos não são
levados pelo vento, permanecem como forma de nos orientar do que resta, como
sobra de um caminhar pela vida.
Nada é para sempre.
Nada será como antes, embora seja semelhante, o que virá
será sempre diferente.
Na minha sopa, não se encontram mágoas, nem ressentimentos,
muito menos vestígios de vingança, porque amor altruísta não se compadece com mesquinhas
opiniões, nem se deixa seduzir pelo aroma do perfume francês.
A vida nos ensina, que tudo que é servido ao natural, sem
silicone, e encobridor de rugas, não enrola o estômago, embora possa causar vômitos,
ou diarréia, será coisa ocasional, que serve muito mais para limpar o
organismo, do que causa de alguma maleita grave.
Quem vive no mundo das sensações, parece possuir sempre a
estranha sensação de ser perseguido por fantasmas, esperando a fada que o possa
salvar dos braços do vampiro, não se apercebendo que ao tentar fugir da morte,
se lançou nos braços da agonia de uma vida, que o conduz da mesma forma até
ela.
Fugir da morte ainda não é possível.
Fugir da agonia também não é coisa que esteja ao alcance
de todos.
Se da morte ninguém nos livra, que nos deixemos embalar
nos braços da vida.
A questão não será bem perceber o que a vida nos pode
dar, mas antes tentar entender o que ela nos pode proporcionar, em face de
nossos desejos, para que ao fim de alguns anos não caíamos frustrados aos pés
das nossas ambições despropositadas, vinculadas a um poder, que de fato só
existe na cabeça de alguns iluminados por uma chama, que não é eterna, e que
logo se apaga.
O ser ex qualquer coisa, ou de uma coisa qualquer, é
sentir-se excluído, triste e abandonado, mas que no fim das contas serve para o
curricular histórico do indivíduo, cuja vida, bem poderia ser outra, mas não
foi.
Entre a realidade e a ficção, o que fica mesmo é essa riqueza
histórica, que permanece como a marca de um passar através de um espaço, que
não tem tempo, mas apenas registro, de um ex- diretor da área científica, de
investigação em psicanálise, aluno e professor, que ouviu atentamente seus
mestres, e tenta hoje reproduzir através de seus escritos a mesma mensagem de
seu aprendizado, estudo e investigação.
De professores, profetas e videntes está o mundo cheio, o
que ele precisa é de exemplos, e de mestres, que encontram no saber dos outros,
a sua própria sabedoria.
Direi, porém, que o meu grande mestre, o obreiro de meu
sentido de vida, já não se encontra no meio dos vivos, infelizmente, mas que
permanece em mim, não no corpo, mas na alma, meu pai, que me fez suficientemente
fraco para me vergar ao peso do mais saber, e suficientemente forte, para não
me amedrontar com os complexos de superioridade de uma interioridade despedaçada
pela repressão de outros pais, que fizeram de seus filhos / homens, seres
amedrontados, por medo que lhes roubem o espaço de sua própria liberdade.
A existência de seus complexos percebe-se através da
necessidade de evidenciarem seus próprios atributos.
Prisioneiros de uma vida sem sentido, ou melhor, aprisionados
a um sentido de morte, apresentam algumas dificuldades em conviver com seus
semelhantes.
O que lhes resta não sei.
O que me resta será apenas a sobra de uma vida, que
desejo viver em paz, até que a morte me separe desta eterna ignorância.
Que descansem em paz os eternos ofendidos da vida.
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