Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

domingo, 31 de julho de 2011

A dificuldade da interpretação


 O que sonhamos, tantas vezes parece não ter pés nem cabeça, ou seja, não conseguimos através das imagens sonhadas as relacionar, dar um sentido, para que possam ser compreendidas.
Interpretar é dar sentido para que possa ser compreendido, em que o sujeito associa a verbalização a um movimento, que tende a encontrar-se com um objeto / objetivo, em que podemos perceber um princípio, um meio, e um fim.
Se interpretar é dar sentido, a interpretação deriva dos sentidos, e sem eles a interpretação não será possível, o que a torna subjetiva, dado que varia de indivíduo para indivíduo.
Se existem variáveis elas só podem vir das experiências, em que o conhecimento da diversidade, de sua existência, coloca a interpretação no campo das hipóteses, que não da certeza de nada.
Assim, a interpretação pode, ou não, aproximar-me daquilo que podemos entender como verdade , ou ser verdadeiro, a que parece faltar uma referência, uma bitola, através da qual nos possa aproximar da realidade.
A sua validação, entendida como algo capaz de tornar-se realidade, depende de múltiplas associações que tendem a encaixar-se, a que chamamos de sequência lógica, formando um tecido em que as partes parecem ser a continuidade das anteriores, que promovem a ligação ás posteriores.
Freud nos diz, que a psicanálise é um quebra cabeça em que o objetivo é construir um quadro completo a partir dos respectivos fragmentos.
Otto Fenichel refere que ao encontrar a solução correta, não pode haver dúvida quanto á sua validez, porque cada fragmento se ajusta ao todo geral, e que a interpretação que seja válida acarreta alteração dinâmica, a qual se manifesta nas associações subsquentes do paciente e em todo o seu comportamento.
Uma solução final, acrescenta ele, revela coerência unificada, na qual todo o detalhe até então incompreensível terá encontrado seu lugar.
Como interpretar algo que se faz representar em algumas situações, que não em outras ?
Pode existir interpretação a partir de algo, ou alguma coisa, que não existe, ou não se faz sentir ?
Como interpretar á luz de uma consciência, quando o sujeito está posicionado no mundo das trevas, e sua consciência é outra ?
Como consciência é possuir um sentido, somos devolvidos ao mundo das sensações. 
A validação de uma interpretação não é dada através de uma síntese, nem de seus fragmentos, ou de uma referência simbólica, mas antes será garantida por um processo de  associação, em que todas as partes estão de tal maneira ligadas, que para o sujeito faz sentido, e é compreensível.
Associar o que é diverso a partir de elementos simples, é muito mais fácil, que associar a partir da diversidade de elementos complexos, em que o racional, tantas vezes, apresenta alguma dificuldade em racionalizar.
Mas como tudo tem um princípio, a interpretação que não o leva em conta, obedece a conceitos estabelecidos á posteriori, que pretendem fugir á realidade de sua existência, os tentando substituir de forma artificial.
O fato é, que tudo que não seja compatível com os princípios de sua própria natureza, o corpo tende a reagir, como se tratasse da tentativa de implantar um membro, que o corpo rejeita, por não obedecer aos mesmos princípios.
Mas o que falta mesmo é encontrar o membro que possa ser compatível, que possa associar-se, relacionar-se, e promover uma ligação, para que o todo possa funcionar, sem que possamos perceber bloqueios ao movimento da própria função.
A verdade funcional, não quer saber da verdade dos homens.
  

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