O que sonhamos, tantas vezes parece não ter
pés nem cabeça, ou seja, não conseguimos através das imagens sonhadas as
relacionar, dar um sentido, para que possam ser compreendidas.
Interpretar é dar sentido para que possa ser
compreendido, em que o sujeito associa a verbalização a um movimento, que tende
a encontrar-se com um objeto / objetivo, em que podemos perceber um princípio,
um meio, e um fim.
Se interpretar é dar sentido, a interpretação
deriva dos sentidos, e sem eles a interpretação não será possível, o que a
torna subjetiva, dado que varia de indivíduo para indivíduo.
Se existem variáveis elas só podem vir das
experiências, em que o conhecimento da diversidade, de sua existência, coloca a
interpretação no campo das hipóteses, que não da certeza de nada.
Assim, a interpretação pode, ou não,
aproximar-me daquilo que podemos entender como verdade , ou ser verdadeiro, a
que parece faltar uma referência, uma bitola, através da qual nos possa
aproximar da realidade.
A sua validação, entendida como algo capaz de
tornar-se realidade, depende de múltiplas associações que tendem a encaixar-se,
a que chamamos de sequência lógica, formando um tecido em que as partes parecem
ser a continuidade das anteriores, que promovem a ligação ás posteriores.
Freud nos diz, que a psicanálise é um quebra
cabeça em que o objetivo é construir um quadro completo a partir dos
respectivos fragmentos.
Otto Fenichel refere que ao encontrar a
solução correta, não pode haver dúvida quanto á sua validez, porque cada
fragmento se ajusta ao todo geral, e que a interpretação que seja válida
acarreta alteração dinâmica, a qual se manifesta nas associações subsquentes do
paciente e em todo o seu comportamento.
Uma solução final, acrescenta ele, revela
coerência unificada, na qual todo o detalhe até então incompreensível terá
encontrado seu lugar.
Como interpretar algo que se faz representar
em algumas situações, que não em outras ?
Pode existir interpretação a partir de algo,
ou alguma coisa, que não existe, ou não se faz sentir ?
Como interpretar á luz de uma consciência,
quando o sujeito está posicionado no mundo das trevas, e sua consciência é
outra ?
Como consciência é possuir um sentido, somos
devolvidos ao mundo das sensações.
A validação de uma interpretação não é dada
através de uma síntese, nem de seus fragmentos, ou de uma referência simbólica,
mas antes será garantida por um processo de
associação, em que todas as partes estão de tal maneira ligadas, que
para o sujeito faz sentido, e é compreensível.
Associar o que é diverso a partir de elementos
simples, é muito mais fácil, que associar a partir da diversidade de elementos
complexos, em que o racional, tantas vezes, apresenta alguma dificuldade em
racionalizar.
Mas como tudo tem um princípio, a interpretação
que não o leva em conta, obedece a conceitos estabelecidos á posteriori, que
pretendem fugir á realidade de sua existência, os tentando substituir de forma
artificial.
O fato é, que tudo que não seja compatível com
os princípios de sua própria natureza, o corpo tende a reagir, como se tratasse
da tentativa de implantar um membro, que o corpo rejeita, por não obedecer aos
mesmos princípios.
Mas o que falta mesmo é encontrar o membro que
possa ser compatível, que possa associar-se, relacionar-se, e promover uma
ligação, para que o todo possa funcionar, sem que possamos perceber bloqueios
ao movimento da própria função.
A verdade funcional, não quer saber da verdade
dos homens.
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