Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Filme – Louco de amor

Necessidade absoluta de uma verbalização padronizada, bem evidente em Donald Mortan, em que a lógica dos números matemáticos parece garantir a sensação de uma racionalidade circunscrita a coisas, como tentativa de superar as dificuldades afetivas de infância. ( Identificação com a coisas, e os animais ). Aqui, nos é dado a observar o não compreendido de atitudes humanas, que perante a ausência de afeto, provoca a abstração, e procura o afeto nos animais e nas coisas, como forma de identificação, cujo fim será a sobrevivência de uma sanidade mental. Se um autista não consegue perceber outros seres humanos, designados por normais, estes apresentam a mesma dificuldade em perceber os autistas. Quem é quem, afinal ? Existe de fato a insanidade mental ? Ou, pelo contrário, a mente é sempre sadia ? Na realidade, ela parece limitar-se a uma dedução lógica de uma complexidade ideativa, em que se intrometem afetações, agressões, proibições e inibições de toda a ordem, geradoras de possibilidade, ou impossibilidade de aceitar a realidade, resultando numa diversidade de distúrbios relacionais. Isabelle Sorensen diz: - Você quer ser meu amigo, sem o sexo, sem a pressão ? Devemos perguntar, se o sexo, e a pressão, não funcionam de fato como uma tentativa de controle ? Existe uma razão para existir, outra para coexistir num mundo de relações, e por último um princípio de racionalidade, que pode, ou não ser desenvolvido. Isabelle Sorenson tem consciência da linearidade quando afirma em dado passo: - Eu entendo as coisas, meio que literalmente. Parece existir uma reação imediata a atitudes conscientes, que funciona através da simples dedução, percebendo-se a ausência posterior de racionalidade de fatores a elas associados. Diz Donald : - Acontece que não dá para controlar as pessoas, nem prever o que vão fazer. Mas os números são diferentes, dá para contar. Eis a lógica linear, e a incapacidade de previsibilidade, que é garantida através de uma diversidade de atitudes, que não conseguem ligação com idéias anteriores, provavelmente ausentes, em que nos é dado essa sensação através das cenas do filme, em que a imitação, como primeiro estágio de um ser vivo ficou como cristalizado. Se para merecer a atenção de meus pais, tal como merece um atleta olímpico, eu tenho que bater o recorde de discos partidos, então eu o farei. A cena seguinte do cachorro a latir para afugentar as outras crianças que a incomodam, assim como a cena no zoológico com o macaco, em que este a imita nos seus gestos, tenta-nos dizer do estacionar num determinado estado infantil bem primário. A interação com os animais é uma constante do filme, como forma de identificação, compreensão / projeção do seu autismo. • Os animais, as coisas e o mundo não questionam, não julgam, e talvez por isso, sejam um ótima companhia, em que o afeto ganha força mediante a ausência de afetação, servindo tantas vezes como objeto substitutivo de seres humanos que se perderam, ou não desejados, sendo uma companhia, e uma alternativa à presença indesejada de seres humanos, que não conseguem dar-se à vida, sem essa visão esteríotipada da estética, do idealismo, do questionamento e julgamento dos outros. • Não sei se existe uma razão para essa cumplicidade, para essa partilha de espaço entre espécies, e entre elas, e a própria natureza. Provavelmente ela não existe, ou pelo menos não parece ser questionável, em que fomos lançados num cenário já existente, sem ter sequer liberdade de escolha, achamos isso natural. • Ao existir uma razão para estar, logo emerge uma outra, que nos faz saber de uma ausência, que não nos permite estar, que tem lá suas razões para estar, e não estar, num determinado estado, ou lugar. • Filosofar é isso, estar e não estar, ser ou não ser, afirmação e negação, o bem e o mal, cujas verdades dualistas, não correspondem á verdadeira dimensão da própria natureza das coisas, e do próprio universo, em que nos dividimos entre duas razões, que nos conduz ao mesmo princípio nefasto do mundo dos bons e dos maus, dos justos e tiranos. Pouco nos é dado a acrescentar desde o tempo das cavernas, segundo este aspecto, em que a ação / reação, o dualismo, que se não é preto é branco, mantém a sua forma arcaica das manifestações animais, que não humanas. • A psiquiatra disse para Donald – O autista é um animal engraçado. Outra cena, igualmente marcante, é a dedução linear do estupro, cuja única consequência mental parece ter sido a dedução de que através da relação sexual, seria o meio eficaz para estar com um homem. Importante salientar, que fala do estupro sem qualquer mágoa, por sentir que foi através dele, que conseguiu relacionar-se afetivamente com os homens, o que corresponde a um estado mental de uma criança de tenra idade. Uma criança não percebe numa relação sexual com um adulto algo de errado, correspondendo esse ato à realização de uma satisfação corpórea, entendida, como afeto. Pessoas com síndrome de Asperger querem ter contato com outras pessoas. A gente só não faz idéia disso, ou seja, o autista não possui essa consciência. O grande problema do autista é que na verdade ele quer ver, e não consegue ver nada, diz Donald Mortan. Podemos deduzir que existe uma apetência objetal inconsciente, curiosidade, e expectativas. Parecem ser estas, que por falta de associação com imagens e idéias do histórico do indivíduo, apresenta alguma dificuldade em encontrar o caminho do afeto, que por via disso, o indivíduo percebe-se afetado. A intimidade homem / mulher é difícil , mas o afastamento de uma relação, mesmo dessexualizada, também parece provocar angústia e tristeza. Parece existir uma tentativa de agradar aos outros, sem no entanto, na maioria dos casos, o conseguir. Existe a procura constante do afeto, da intimidade, e ao mesmo tempo, uma notória incapacidade em a conseguir realizar. Parece evidenciar-se o medo em sentir-se abandonado, não conseguindo resolver esse conflito, devido á sua incapacidade de relacionar-se de acordo com a realidades dos outros. Eu digo sempre o que penso, não para chocar as pessoas, mas porque não consigo evitar, diz Isabelle Sorensen; Aqui, podemos perceber a ausência de censura interior. A tolerância e a ausência do julgamento aproxima as pessoas. Fantasia, como tentativa de associação de algo não compreendido, nem explicado, em que podem ser associadas imagens e idéias aleatórias, que o indivíduo pode considerar lógicas. Filme – Loucos de amor Título original: (Mozart and the Whale) Lançamento: 2005 (EUA) Direção: Petter Naess Atores: Radha Mitchell, Gary Cole, Allen Evangelista, Sheila Kelley. Duração: 94 min Gênero: Comédia Romântica Status: Arquivado

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