Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

segunda-feira, 25 de abril de 2011

A finitude do infinito

Nada é para sempre.
O grande amor da minha vida, de um momento para o outro deixou de ser.
Deixou de estar, e por isso deixou de ser, tal como era entendido antes, transformando-se numa outra ideia qualquer, que entretanto vamos construindo.
Que teria acontecido entretanto, que negou esse desejo de eternidade ?
Ou apenas um desejo que foi idealizado, e porque o foi, a alma descansa em paz, a agitação tende a dar lugar à tranquilidade, a uma calma, que apaga a chama que antes parecia iluminar o mundo à nossa volta ?
Somos o fogo que tudo abrasa, e o gelo que tudo esfria.
Somos o que somos em cada momento da nossa vida, e aquilo que podemos, ou conseguimos ser, que por pedir tanto, por vezes temos tudo, ou tão pouco, e tantas outras vezes nos vimos despojados até da própria alma.
Somos o que somos.
Afinal quem somos ?
Balançamos entre o finito e o infinito.
Nos sentimos grandes e pequenos, por não ter a noção do que nos pode acontecer de seguida, nos aproximamos do limite, e porque não o desejamos, falamos em transcendência, assim como na terra como no céu, como a possibilidade de ser, sabemos porém, que um dia deixaremos de ser tal como somos, para ser outra coisa qualquer.
A transformação do corpo nos incomoda, mas nos transformamos dia após dia, cada instante, de uma forma gradativa, num processo lento, de que nada vai restar de nós, a não ser pó.
A história irá falar de nós, de quem fomos, do que fomos, e daquilo que deveríamos ser, e não fomos, ou não conseguimos ser, mesmo contra nossa vontade.
Talvez ninguém nos leia, porque o acesso ás capas das revistas só é facilitada a gente da alta sociedade, ou aqueles que cometem autenticas barbaridades, que é preciso mostrar ao mundo, cuja finalidade é o sentido do poder, que uma vez invejado faz vender, e ganhar dinheiro.
Entre o poder e o sensacionalismo, que desperta as almas adormecidas, situa-se o saber, que infelizmente é desprezado, porque ninguém deseja saber, sabedores de tudo, compram aquilo que os alimenta.
Nem livro nos pode revelar, porque analfabetos, ou mesmo letrados mas convencidos, fomos incapazes de compor a letra da nossa vida, transmitir a ideia, ou o conhecimento que dela tivemos.
Nos resta a foto da moldura, que é eterna, tão eterna quanto nós, que um dia será consumida pelo o tempo, mas enquanto viva, embalsamado o corpo sem odor, transmite a ideia ao outro, que por ali também passámos, pisámos o chão que ele pisa, e que um dia destes, ele vai ser o que nós somos, pó.
È por pensar que pensamos. È por fazer que fazemos.
O que fica são recordações de uma passagem.
Pensar que pensamos é deixar de pensar, sem saber o que pensar, por não saber o que nos vai acontecer, nos causa estranheza e medo.
Mas logo esquecemos, que um dia deixamos de estar e pensar, porque outro pensamento toma conta de nós.
È o desenvolvimento psíquico, que nos garante uma outra visão do mundo e das coisas.
A criança não pensa, julgamos nós, e por isso não tem a noção da morte, e a vida para ela é alegre e feliz.
Ela na realidade pensa, mas não pensa as mesmas coisas que nós pensamos.
A relação com a morte a terá aos poucos, através do noticiário, dos comentários dos adultos e do ritual dos funerais, até lá uma sensação agradável de estar no mundo.
Come, dorme, brinca, e consome seus dias nessa verdadeira loucura das perguntas constantes, como se pretendesse abarcar todo o conhecimento acerca das coisas que a rodeiam.
Se o questionamento é filosófico, a criança na sua fase primária é aprendiz, em que a filosofia encontra-se num outro, a quem se dirige, porque ignorante, não tem a compreensão das coisas.
A parte boa da história, é que a criança é feliz, brinca com o que pode, mesmo que não seja seu, e nem sequer se importa com aquilo que os outros dizem ou julguem, ela simplesmente se dá à vida.
Aquele que dizemos ser louco, deixou de ser adulto, e voltou a ser criança novamente, como se grande parte do conhecimento fosse perdido durante o percurso da sua vida, ou em determinado momento.
Apagaram-se as luzes do conhecimento, acenderam-se as da vida.
Fácil demais para ser verdadeiro, mas alguma verdade existe nesses fenómenos, que nos pode levar a pensar, que só a loucura nos pode salvar, e trazer momentos de felicidade, e que o conhecimento é um empecilho.
Porque se tornou louco ? Quem o fez louco ?
Quais os motivos que conduziram o ser humano pelos caminhos da loucura ?
Não sabemos.
Fica sempre uma parte da história por contar, em que as palavras, e atitudes de um louco, são apenas indícios de acontecimentos, que não sabe explicar, porque se o soubesse não seria louco.
Parece que o louco é feliz, porque não é obrigado a ter uma explicação para a sua loucura, e por isso não tem o sentimento de culpa, que o possa impedir de ser tal como é.
Se a alienação é o caminho que pode levar à loucura, a abstração é uma forma primária de um movimento que nos pode conduzir até ele.
Mas o desejar intensamente, dar conta da realidade, segundo uma percepção idealista, por isso obsessiva, pode conduzir o ser humano a um estado depressivo, e até à melancolia.
Venha o Diabo e escolha.
Trecho do livro - O erro de Luc Ferry - a lançar brevemente

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