Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Libertação da Matéria 3

Este vestígio de determinismo foi lançado à água com o advento do caos. O caos funciona sempre que uma diminuta mudança nas causas iniciais resulta numa desordenada mudança nos efeitos. O efeito já não é proporcional à causa. Uma borboleta que bate suas asas na ilha do Havaí pode desencadear uma tempestade sobre Nova York. Esta sensibilidade extrema às condições iniciais torna o comportamento de sistemas caóticos fundamentalmente imprevisível, visto que as condições iniciais nunca podem ser conhecidas com precisão ilimitada. Como foi no caso do indeterminismo quântico, esta impossibilidade não é devido a limitações humanas mas é inerente da Natureza. O caos livra a matéria da camisa de força do determinismo. Ele faculta a ela exibir sua inventividade e criatividade em modelar a complexidade. A riqueza e a beleza do mundo resulta de uma sutil mistura de fenômenos, alguns caóticos e alguns não. Mesmo que não possamos prever o tempo de um mês a partir de agora, temos toda razão de esperar que, por um longo tempo a vir, o Sol nascerá toda manhã e a primavera retornará todo ano a redespertar a Natureza e avisar as árvores a florescer. O caos é assim um poderoso aliado do indeterminismo quântico em libertar a matéria de suas algemas deterministas. Um opera no nível macroscópico, enquanto que o outro exerce sua influência no mundo subatômico.
Alguém pode se admirar se o caos pode também reforçar o indeterminismo quântico para ajudar a aumentar a imprevisibilidade do universo no nível subatômico. Há tal coisa como o caos quântico ? Alguns acreditam que os efeitos quânticos tenderiam na realidade a moderar a influência do caos. Em vez de amplifica-lo, eles o atenuariam. A resposta definitiva a esta pergunta permanece desconhecida.
O tempo reintegrado. O caos livra a matéria de sua inércia. Permite à Natureza empenhar-se em seus jogos criativos com abandono, produzir inovação que não estava implicitamente incluída em seus estados prévios. Seu destino é "aberto," seu futuro já não sendo determinado pelo presente ou pelo passado. A melodia já não é composta uma vez e para sempre. Antes, ela se desenvolve ao prosseguir. Em vez de executar música clássica, onde cada nota tem seu lugar e não pode ser mudada ou apagada sem destruir o delicado equilíbrio de toda a composição, é como se a Natureza estivesse tocando uma peça de jazz. Como um músico de jazz improvisa, sem obrigação sobre um tema geral para produzir novos sons ao capricho de sua inspiração e das reações da audiência, assim a Natureza mostra seu lado criativo e divertido quando ela experimenta com as leis naturais para criar novidade. Ela não se retém. Considere pois a deslumbrante riqueza e variedade das espécies animais e vegetais ao redor de nós, mesmo nos lugares mais inimagináveis e inóspitos. Das profundezas da água que nem a luz solar pode atingi-las, aos desertos mais hostis, dos geysers de água escaldante às geleiras mais frias, a Natureza explode com criatividade. Contornando problemas, ela inventa não só uma solução mas milhares. O fisco inglês-americano Freeman Dayson expressou esta criativa efusão num princípio que ele chamou de "máxima diversidade": As leis físicas e as condições iniciais do universo foram tais a produzir um mundo tão interessante e diverso como possível. Em virtude de o futuro já não estar mais contido no presente e no passado, o tempo readquire lugar correto. O Grande Livro Cósmico está ainda para ser escrito, e Deus já não está mais como um arquivista virando as páginas de um texto já completo (continua).

(Extracted from Chaos and Harmony, Trinh Xuan Thuan, University of Virginia, Oxford university press, 2001).
Fonte – www.artigonal.com
leopoldino dos santos ferreira - Perfil do Autor:
Físico e escritor. Tem cinco livros publicados. Mestre em Ciências pela COPPE-UFRJ. Doutor e Livre Docente em Física pela UFPA. Foi estagiário no Instituto de Pesquisa Nuclear de Jülch, Alemanha. Orientador de teses de mestrado na UFPA. Controlador de Vôo. Coluna de divulgação científica, Físicos e Filósofos, no jornal O Liberal em Belém. Artigos em jornais. Veja também em ´busca´do Google assim: "leopoldino dos santos ferreira."

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