Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

domingo, 9 de janeiro de 2011

O Local e o Global

Como pode o local influenciar o global? Outras idéias têm sido propostas para explicar o mistério da morfogênese. Uma delas adianta que, se na verdade existe uma "cópia heliográfica", ela deve estar armazenada em alguma parte dentro das moléculas de DNA do óvulo fertilizado. Contudo, dado o fato de que o DNA é o mesmo em toda parte de um organismo vivo, como pode cada molécula de DNA escolher seu próprio papel particular no plano global e executá-lo? Ter-se-ia que invocar alguma espécie de "metaplano" contendo as instruções relevantes? Se assim for, onde está o metaplano? Esta linha de raciocínio nos levaria rapidamente a um infindável retrocesso. Correntemente a teoria mais promissora da morfogênese está baseada em genes "ativados." Ela postula que existem genes especiais cuja função é regular o comportamento dos outros genes. Eles estão normalmente adormecidos, mas acordam e entram em ação no tempo apropriado para transmitir instruções aos outros genes. Estes genes especiais têm sido estudados em moscas, posto que eles existem em outras espécies também, incluindo o homem. Enquanto a descoberta destes genes pode explicar o mecanismo da morfogênese, ela ainda derrama pouca luz sobre como os genes com tamanhos moleculares podem coordenar essas ações na escala de um organismo macroscópico – em outras palavras, como ações locais podem exercer uma influência numa escala global.
Em diversas ocasiões em nossa exploração do mundo da matéria inerte, temos já encontrado situações onde interações locais podem dar nascimento a uma organização global. É o caso de um sistema aberto fora de equilíbrio que pode se bifurcar de um estado não estruturado para outro que é altamente organizado. Poderia ser que um sistema de células vivas do embrião também emergisse de uma série de bifurcações permitindo-lhe alcançar organização e complexidade? A resposta é muito provavelmente não, porque existem algumas diferenças fundamentais entre células vivas e, por exemplo, células de convecção inanimadas na água. As células na água fervente se organizam espontaneamente sem aderir a um propósito global. Elas não têm necessidade de instruções do tipo contido no código genético. Além disso, a forma e a natureza das células de convecção na água fervente são completamente imprevisíveis e variáveis, ao passo que a forma dos organismos vivos é estável e invariante. Partindo de uma dada configuração de uma molécula de DNA, a forma final do organismo resultante é muito precisamente predeterminada.
Outra idéia já encontrada no mundo das partículas para o fim de ligar o local com o global é a de "campos." Os campos elétricos não são localizados justamente no local onde estão as partículas, mas se estendem muito mais além. Poderia haver um "campo morfogenético" nos organismos vivos , exatamente como existe um campo eletromagnético nas moléculas? Tal campo se estenderia sobre todo o organismo e transmitiria instruções às células individuais para guiar sua evolução. Infelizmente, há um problema com esta noção: Visto que o código genético está supostamente localizado dentro das moléculas de DNA, como podem estas moléculas comunicar ao campo a informação que elas levam, e como elas coordenam seu comportamento local na escala de um campo global? Este não é mesmo o único problema: Como fazem as moléculas de DNA, que são idênticas em todo um organismo vivo, para comunicar diferentes instruções ao campo, dependendo de onde elas podem estar? As instruções devem variar de local para local a fim de permitir a diferenciação celular. Se supomos que as moléculas de DNA digam ao campo que forma adotar, e que o último por sua vez diga às moléculas como se comportar, encontramo-nos presos no laço de um raciocínio circular e não temos resolvido realmente qualquer coisa (continua).

(Extracted from Chaos and Harmony, Trinh Xuan Thuan, University of Virginia, Oxford university press, 2001).

Pensamento do dia: Os dias talvez sejam iguais para um relógio, mas não para um homem (Marcel Proust, 1871-1922, escritor francês).

leopoldino dos santos ferreira - Perfil do Autor:
Físico e escritor. Tem cinco livros publicados. Mestre em Ciências pela COPPE-UFRJ. Doutor e Livre Docente em Física pela UFPA. Foi estagiário no Instituto de Pesquisa Nuclear de Jülch, Alemanha. Orientador de teses de mestrado na UFPA. Controlador de Vôo. Coluna de divulgação científica, Físicos e Filósofos, no jornal O Liberal em Belém. Artigos em jornais. Veja também em ´busca´do Google assim: "leopoldino dos santos ferreira."
Fonte - www.artigonal.com

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