Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

sábado, 5 de março de 2011

O eterno retorno

Se a evolução é processada por diferenciação daquilo que deve ser, ou não deve ser feito, nos remete a um processo primário onde as coisas permanecem inteiras,carecendo de fragmentação para que seja possível a evolução, como se fosse um broto que tentamos eliminar, que logo dará origem a tantos outros.
Fragmentos proveniente de fragmentações formam a diversidade, sem no entanto ser desvirtuada a sua origem, cujas características tendem a manter-se, em que apenas podemos observar a disseminação de corpos semelhantes.
Uma parte que se tornou corpo autônomo tende a definhar e morrer, como o broto retirado da árvore em crescimento, que não consegue receber a seiva que o possa alimentar, não só porque afastado das raízes, mas por impossibilidade de as criar entretanto, deixa-se morrer.
Mas a natureza é sábia, dizemos nós, quando no fundo ela rege-se pelo o princípio da vida, em que arranja sempre uma maneira de fazer face á destruição de que pode ser vítima, lançando ramificações laterais na impossibilidade de um crescimento vertical, multiplicando dessa forma os brotos que vai gerar no futuro.
No entanto, deixada ao seu próprio critério, sem que nada a incomode, a árvore um dia para de crescer, começando a criar uma copa larga, devido ás variantes das suas próprias ramificações, tentando ganhar desta feita um equilíbrio na horizontal, o que fora conseguido antes na vertical.
Quem a limita no crescimento vertical não sabemos bem, julgando nós que tem uma relação com a profundidade de suas raízes, que tenha condições de sustentar seu crescimento vertical, cuja ação dos ventos, por exemplo, pode colocar em perigo a sua atitude erétil.
A uma forma erétil lhe antecede uma base solida, que apresenta a finalidade de a sustentar, porém nunca será suficientemente sólida quando exposta a ciclones, cuja velocidade dos ventos tende a arrasar tudo por onde passa
A própria natureza transforma limites em destroços, talvez para repor as suas próprias limitações, que sabe-se lá porquê foram alteradas, voltando tudo ao princípio, em que o poder de criação é obrigado a fazer de novo, não do mesmo modo, mas semelhante.
A natureza parece ser semelhante aquele meninos de escola, em que a borracha apaga o que mestre não lhes ensinou, repetindo a ação do fazer, que para se realizar, outras características deve ter, de onde podemos deduzir, que o semelhante não é igual, em que parece existir uma identidade de características, que não de formas.
Talvez a qualquer forma corresponda suas características particulares, em que o todo tende a construir uma forma harmoniosa, em que nos é dado a perceber a adaptação de uma diversidade de caracteres, pelo que podemos deduzir, que o corpo não está sujeito a uma característica singular, sendo um produto de uma relação e interligação de uma diversidade caracteriológica.
Se assim o entendermos, a referência perde a sua importância relativamente á diversidade, em que a uniformização será o eterno regresso a uma condição de estabilidade, que possibilita a vida de acordo com determinadas condições ambientais, cujas características se assemelham ao do próprio corpo.
Não nos custa admitir perante o exposto, que a forma de um corpo pouco interesse tem para análise de suas características, sendo o invólucro, a embalagem de que o corpo está revestido, como se fosse uma máscara de carnaval.
O ditado popular é bem o sinônimo do que acabo de referir – Quem vê caras, não vê corações.
Consideremos então, que a diversidade mantém uma relação estreita com a ontologia, nessa procura incessante por objetos exteriores, que sirvam as nossas necessidades, as realizem, e que a tentativa de uniformização, apresenta como finalidade criar a estabilidade do sistema genético / biológico/psíquico, que corresponde ao princípio de satisfação.
O sistema é algo semelhante á língua do camaleão, que se estende para além do próprio corpo para apoderar-se das suas presas que lhe servem de alimento, regressando á sua posição interior, quando satisfeitas as suas necessidades.
O núcleo da vida, que tem sua própria função e seus princípios, não apresenta condição alguma para a desagregação, o que implicaria a inércia e a morte do sistema, pelo que só o poder de associação a outras formas existentes pode contribuir para a sustentação da sua própria vida.
O poder de atração como necessidade funcional, contrasta com a idéia da existência de uma energia dispersa, anárquica, sem qualquer tipo de ligação, que a meu ver será uma ilusão construída em face daquilo que sabemos e sentimos.

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