Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

quarta-feira, 16 de março de 2011

Projeção da consciência !!!

Projeção da consciência forçada, compulsória, patológica ?
O que é isso ?
Consciência, será o ato a partir do qual o indivíduo toma sentido de um determinado ato praticado acerca do qual está cônscio (consciente)
Como alguém em estado de coma pode estar consciente ?
Como alguém em seu estado de sonolência, de imobilismo quase total do corpo, pode estar consciente ?
Consciência é um fenômeno externo, e não interior.
Na interioridade humana não existe consciência, mas apenas um sentido, e imagens, originadas desse fenômeno exterior, que nos é dado através da relação com outros corpos, a que designamos por consciência.
Consciência é apenas um atributo verbal ontológico, e não uma característica humana, em que a relação, tanto passiva, quanto ativa, faz com que um ser vivo, seja qual for, tome sentido do mundo que o rodeia.
Sem a tentativa de apurar os estados físicos, que é próprio da própria natureza das coisas, por sermos natureza,e os psicológicos, que são próprios da condição humana, e sem entender qual o espaço que as coisas ocupam na mente, a qual tenta organizar todos os conteúdos ideativos, não devemos facilmente tirar conclusões.
A crença desenvolve esse mistério de fazer cego quem enxerga muito bem, impondo ao indivíduo a negação, como recusa de entender as coisas para além da sua própria visão.
Diz-se consciente, aquele indivíduo que sabe acerca das coisas e do mundo, em que o saber lhe vem da tomada de sentido proveniente da relação com outros corpos.
Significa que sem os sentidos não existe saber.
Mas na prática, apesar do ser humano tomar sentido das coisas e do mundo exterior, não é garantia suficiente, que seus atos possam corresponder aquilo que alguns julgam, que deveria ser consciente.
Ou seja, existe um desejo expresso pela maioria dos formadores, e do coletivo, de tentar uniformizar a projeção de impulsos interiores de um corpo, os aprisionando a determinadas imagens e idéias.
Fragmentar a realidade não é possível, ela, contra tudo e contra todos, se expressa de modo próprio, indiferente ao julgamento do bem e do mal, do que deveria ser, e não é, porque inteira não se reparte, mas apenas reage segundo a complexidade circunstancial.
Na impossibilidade de fragmentar a realidade, alguns optam por ocultar parte dela, como se não existisse, quando ela se revela a todo o momento em outros corpos, produzindo outros fenômenos.
Ou seja, existe a tentativa de manter a criança inteira, através da negação de uma realidade, ocultando dela uma parte julgada nociva, a mantendo num estado primitivo, que se revela fragmentado em relação á realidade.
A resultante parece óbvia.
Como a criança que vira adolescente vai lidar com essa realidade inteira, se ela foi, e está fragmentada ?
Se a realidade é a totalidade de acontecimentos diversos, e alguém impede um indivíduo de gerir essa complexidade, por medo da contaminação, como pode ele um dia tomar conta dessa realidade exterior ?
De imediato nos vem à memória duas soluções para o problema – a fuga, ou a agressão.
Percebemos então, que aquilo que os formadores e a sociedade semearam, deu lugar a dois frutos impotentes de gerar vida, em que uns caiem no chão, outros são levados pelo o vento provocando a agressão.
O que era suposto evoluir para a humanização, no fim de contas não conseguiu medrar para além da sua juventude, não atingindo, ou tendo alguma dificuldade em atingir um grau de maturidade, que o possa conduzir a uma relação saudável.
Assim, nenhum de nós pode projetar o que não existe.

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