Livro - Retalhos de uma vida - Lançamento Retalhos de uma vida, conta testemunhos de guerra, sexo e relações interpessoais, analisadas segundo a perspectiva do autor - João António Fernandes - psicanalista Freudiano, que as vivenciou. O autor optou por uma escrita simples, que possa levar a maioria das pessoas a entender a idéia Freudiana. http://www.bookess.com/read/7054-livro-retalhos-de-uma-vida-/ ISBN - 978-85-8045-076-7

domingo, 22 de maio de 2011

A cultura da indiferença - E a lei da reciprocidade

De vez em quando me perco pela leitura de teses de doutorado, o que aliás, devo afirmar, que é sempre um bom exercício mental para quem não tem a pretensão de possuir a verdade absoluta, e que por isso, espera sempre mais do seu semelhante, para com ele travar um diálogo surdo, mas ao mesmo tempo proveitoso, e enriquecedor.
Perante a diversidade de opiniões, de princípios teóricos, das dúvidas e certezas, parece persistir uma verdade absoluta sobre todas as coisas, que tenta restringir outras formas de percepção, que uma vez prejudicadas deixam o caldeirão da sabedoria, apontando para uma tendência, que não para o apuramento da realidade, e de uma suposta verdade.
Na procura da verdade não pode haver restrições, sob pena de a percebermos amarrada a pressupostos emergentes de uma outra verdade, que negando alguns fatos, será a negação de qualquer coisa, e nunca a verdade acerca de um fenômeno, de um acontecimento, que deve ser observado segundo vários ângulos.
De vez em quando sou confrontado com a criação de estigmas, como a cruz suástica que devemos carregar ao peito, ou na mente, tanto faz, que proferida por gente supostamente de mais saber, que muito poucos parecem questionar, o que convenhamos nos coloca como crentes, e não como gente de mais saber.
O crente arranja argumentos para sustentar sua crendice.
O investigador tenta munir-se de um amplo material, que tenta relacionar e interligar para que possa entender determinado fenômeno, não excluindo seja o que for, recusando a exclusão, que o levaria a ser crente, deixando de ser aquilo a que se propõe.
Dou por mim a ler, que a indiferença social é patológica, o que merece alguns reparos da minha parte,dado que é precisamente para fugir á patologia, á violência, e á confrontação com a lei do mais forte, que o ser humano mostra a sua indiferença.
Não ser indiferente pressupõe o afrontamento, não porque o deseje, mas porque aquele que sofre de complexos de superioridade / inferioridade não suporta a diferença, e quando detentor de mais poder tende a exercer uma repressão, que pode manifestar-se de diversas maneiras, colocando em causa a liberdade de expressão.
Para além de todas as formas científicas, o indivíduo sente a sua impotência perante um meio agressor, que tenta excluir quem não pensa como ele, em que a guerra verbal e física, quando envolvida em complexos de superioridade / inferioridade, conduz por norma á repressão.
A primeira questão é cultural e formativa, dado que não podemos exigir uma postura de liberdade a quem foi reprimido na infância, e continua a ser através de uma sociedade repressiva, que não formativa, pelo que seus depoimentos excluem uma parte, não vá baixar o porrete, e lhe acontecer algo de ruim.
Perante uma sociedade globalizada, que tende á uniformização, que por isso mesmo conduz á repressão, mostrando-se contrária á diversidade, o que tende a emergir será apenas a luta entre duas correntes, em que ambas tentam afirmar-se, e nada, ou pouco de útil saíra desse combate, em que a resultante será a demonstração de um poder avassalador, que tenta calar as vozes divergentes.
Dessa luta nada de bom sobrou para a humanidade, em que as guerras promovem uns a heróis, mesmo sendo ignorantes, e os outros têm que calar a sua dor e sofrimento por não lhes ser permitido ter uma opinião diferenciada.
A teoria dos adeptos que engrossam as fileiras de uma das partes, apenas serve para engrossar as fileiras dos combatentes, e alimentar a guerra, mas não acaba com ela, e se porventura ela termina só vem reforçar o poder da maioria, mesmo que seja ignorante, em que nos é dado a observar a teoria da manada.
Meus senhores isto é que é patológico, que ao longo dos séculos vêm provocando a desgraça entre os homens, em que o não ser indiferente a um ataque terrorista, por exemplo, porque de fato não o podemos ser por ceifar milhares de vidas inocentes, não nos deixa perguntar, por quanta indiferença fomos possuídos ao permitir a invasão de um país estrangeiro, exatamente porque apresentamos alguma dificuldade em lidar com as diferenças, desejando mandar na casa do vizinho, substituindo os políticos, as cruzadas religiosas, e a inquisição de outros tempos.
Será que a globalização de que tanto se fala inclui a guerra ?

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